Bloomberg — O presidente Joe Biden planeja uma demonstração de apoio ao desejo da Suécia e da Finlândia de se juntar à Otan em uma reunião nesta quinta-feira (19) na Casa Branca, já que a oposição da Turquia colocou em risco seus pedidos de adesão.
Biden, o presidente finlandês Sauli Niinisto e a primeira-ministra sueca Madgalena Andersson discutirão os pedidos de adesão dos dois países à aliança, desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Então, os líderes nórdicos farão comentários nos quais devem expressar confiança de que as objeções da Turquia podem ser abordadas e o processo de admissão pode avançar, disse o conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, na quarta-feira (18).
“Não vou para a Turquia, mas acredito que tudo vai ficar bem”, disse Biden a repórteres na quarta-feira, quando perguntado se poderia abrandar as preocupações do país.
Biden está pronto para usar a influência da maior potência militar do bloco na inclusão dos dois países, o que reformularia o cenário de segurança da Europa pós-Guerra Fria. A Suécia e a Finlândia foram oficialmente neutras durante a maior parte da Guerra Fria, mas a guerra da Rússia com a Ucrânia tornou o sentimento público em ambos os países desfavorável a Moscou – um constrangimento estratégico para o presidente Vladimir Putin, que procurou restringir a expansão da Otan.
Mas Biden e os dois países nórdicos devem primeiro intermediar um acordo com a Turquia, que impediu que seu pedido formal à Organização do Tratado do Atlântico Norte avançasse devido à alegação do presidente Recep Tayyip Erdogan de que os nórdicos apoiavam as milícias curdas.
Se não for possível chegar a um acordo, isso marcaria um revés significativo para Biden, que elogiou a unidade da Otan diante da invasão da Rússia como uma grande conquista. E também deixaria os países nórdicos mais vulneráveis a agressões e tentativas de influência da Rússia. O atraso foi um balde de água fria para sua decisão histórica de ingressar na aliança.
Obrigado pelo convite, presidente @JoeBiden. Estou ansioso para continuar nossas discussões conjuntas hoje.
A Turquia insiste que qualquer novo candidato à adesão à Otan reconheça suas preocupações com as milícias curdas – tanto dentro do país quanto além de suas fronteiras na Síria e no Iraque.
Essa tem sido uma grande fonte de tensão dentro da aliança, porque embora todos os membros da Otan reconheçam o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (ou PKK) como uma organização terrorista na Turquia, muitos apoiaram e até armaram sua ramificação síria, o YPG, na luta contra Estado Islâmico.
Os conselheiros de Erdogan disseram que também querem que as restrições à exportação de armas da Suécia e da Finlândia impostas à Turquia após sua incursão de 2019 na Síria sejam suspensas.
Autoridades turcas disseram que Ancara está buscando uma política externa alinhada com seus próprios interesses nacionais e concordaria com a expansão da Otan se as preocupações descritas em relação às nações nórdicas fossem atendidas.
“É inaceitável que os estados membros ou aqueles que solicitam a adesão apoiem grupos que nos visam”, disse o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, após se reunir com Blinken em Nova York.
A Casa Branca não quis dizer o que está preparada para oferecer à Turquia. O secretário de Estado Antony Blinken falou na quarta-feira com Cavusoglu sobre as preocupações de seu governo, e Sullivan também falou com seu colega.
Os estados membros da Otan devem aprovar por unanimidade os pedidos de adesão da Suécia e da Finlândia, dando a Erdogan o poder de veto.
“Estamos confiantes de que, no final das contas, a Finlândia e a Suécia terão um processo de adesão eficaz e eficiente e que as preocupações da Turquia podem ser abordadas”, disse Sullivan na quarta-feira. “Estamos muito otimistas quanto aos rumos que a discussão está levando.”
Não está claro quando os embaixadores da Otan se reunirão para discutir as propostas de adesão, mas as autoridades esperam fazê-lo em alguns dias para permitir várias conversas bilaterais e resolver os problemas, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.
Se a Turquia concordasse com este primeiro passo, permitindo que a Suécia e a Finlândia conduzissem negociações de adesão com a Otan, ainda teria várias outras oportunidades no futuro para paralisar ou bloquear o processo.
Embora as autoridades do governo turco digam que não visam negociar sobre assuntos além da posição da Suécia e da Finlândia sobre os curdos, Ancara quer ser incluída novamente no programa de caças avançados F-35 dos EUA do qual foi excluída após a compra de sistemas russos de defesa antimísseis.
O país também pediu aos EUA dezenas de F-16 e melhorias para sua frota existente de aviões.
A visita de quinta-feira à Casa Branca é uma das mais importantes para os líderes nórdicos. Eles participaram de uma ligação conjunta com Biden em 13 de maio, e Niinisto fez uma visita pessoal ao Salão Oval em 5 de março. Biden fez um telefonema improvisado para Andersson durante esse encontro.
Os líderes suecos e finlandeses também estão procurando construir relacionamentos com democratas e republicanos no Congresso dos EUA para garantir a aprovação rápida de suas propostas à Otan assim que a aliança as aprovar.
--Com a colaboração de Justin Sink, Jenny Leonard, Kati Pohjanpalo, Selcan Hacaoglu e Mark Williams.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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