Mercados voltam a cair com realização de lucro e reação do Fed à alta dos preços

Queda prevalece entre os futuros de índices dos EUA e nas bolsas europeias; após discurso duro de Powell ontem, investidores ponderam magnitude das novas altas do juro norte-americano

As variáveis que orientarão os mercados
18 de Maio, 2022 | 09:00 AM

Barcelona, Espanha — Depois da forte alta de ontem nas bolsas dos dois lados do Atlântico, hoje os investidores aproveitam para embolsar parte dos ganhos. As conjecturas sobre o peso da mão do Federal Reserve (Fed) no aumento do custo do dinheiro - e seu efeito sobre o comportamento da economia norte-americana - também deixam os mercados reticentes.

Os contratos indexados aos principais índices de ações norte-americanos caíam hoje, apagando parcialmente o salto de ontem, quando o S&P 500 subiu nada menos que 2% e o Nasdaq Composite, 2,76%. No mercado de títulos soberanos, os investidores pedem prêmios mais elevados para os bônus de todos os países, em resposta ao ciclo de aperto monetário inaugurado por muitos bancos centrais. O petróleo tipo WTI supera os US$ 114 por barril.

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Na Europa, o londrino FTSE bem que tentou subir, mas logo voltou ao território negativo, onde se encontrava também o Stoxx 600. O ABN Amro chegou a cair quase 10% depois que o credor holandês reportou um aumento de custos no primeiro trimestre. O setor de energia, por sua vez, contribuía com ganhos: a Siemens Gamesa Renewable Energy, por exemplo, subiu com a notícia de que a Siemens Energy AG poderia se comprar as ações que não possui em sua unidade espanhola de fabricação de turbinas eólicas.

Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: Unicórnios, riscos e oportunidades em meio ao sell-off

O sentimento de risco está se mostrando frágil em meio a cenários monetários mais apertados, a guerra da Rússia na Ucrânia e os lockdowns pelos surtos de Covid-19 na China. No pano de fundo dos mercados está, sobretudo, a inflação e a consequente resposta do Fed no aumento dos juros.

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🏦 Custe o que custar? Ontem, o presidente do Fed, Jerome Powell, fez um discurso bastante duro e voltou a dizer que o Fed vai “continuar agindo” até que a pressão sobre os preços caia de maneira “clara e convincente”. Ninguém, segundo ele, deve duvidar da determinação da autoridade monetária de conter a maior inflação em 40 anos. A mensagem que seguirá ecoando nas mesas de operações é que o Fed não medirá esforços para elevar os juros acima, inclusive, do nível de neutralidade, o que poderia afetar o ritmo de expansão da economia.

📡 Inflação do radar, como não? Na agenda do dia, dados de inflação na Europa podem dar uma ideia do que o Banco Central Europeu (BCE) pretende para sua próxima reunião de política monetária. Amanhã serão publicadas a ata do BCE e, nos EUA, o Índice de Indicadores Antecedentes - qualquer sinal de desaceleração econômica no front pode tensionar os mercados.

🇪🇺 Notícias matinais (nada animadoras). A inflação do Reino Unido subiu ao nível mais elevado em 40 anos (+9% no ano até abril), quando Margaret Thatcher era a primeira-ministra. Os últimos dados macroeconômicos na Europa estão longe de ser alentadores. As vendas de veículos novos caíram pelo décimo mês seguido (-20% em abril, o pior declínio do ano), arrastadas pela desconfiança dos consumidores e pela crise nas cadeias de abastecimento.

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Um panorama dos mercados

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (+1,34%), S&P 500 (+2,02%), Nasdaq Composite (+2,76%), Stoxx 600 (+1,22%), Ibovespa (+0,51%)

As ações em Wall Street avançaram com o declínio dos casos de Covid-19 na China e o desempenho favorável das vendas no varejo nos EUA. Os investidores também ponderaram os comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, que insistiu que não hesitará em subir os juros acima de seus níveis de neutralidade para conter a inflação. O Walmart foi o ponto negativo do dia - em resposta à redução de suas previsões de lucro, suas ações registraram sua pior queda intradiária desde 1987.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Juros e Pedidos de Hipotecas MBA; Índice de Compras MBA; Licenças de Construção/Abr; Construção de Novas Casas/Abr; Estoques de Petróleo Bruto; Atividade das Refinarias de Petróleo - EIA

• Europa: Zona do Euro (IPC/Abr); Alemanha (Saldo das Transações Correntes/Mar; Licenciamento de Veículos/Abr); França (Licenciamento de Veículos/Abr); Reino Unido (IPC/Abr; IPP/Abr; Índice de Preços do Varejo - RPI/Abr; Licenciamento de Veículos/Abr)

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• Ásia: Japão (Produção Industrial/Mar; Utilização da Capacidade Instalada/Mar; Núcleo das Encomendas de Maquinário/Mar; Balança Comercial/Abr)

• América Latina: Brasil (Fluxo Cambial Estrangeiro); Chile (PIB/1T22)

• Bancos centrais: Reunião de política não monetária do BCE. Análise de Estabilidade Financeira do BCE. Discursos de Andrea Enria e Elizabeth MacCaul (BCE) e de Burkhard Balz (Bundesbank)

• Balanços: SQM, Tencent, Cisco, Lowe’s, Target, TJX

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.