Marcelo Claure: Queda de valuations de empresas tech é temporária

Ex-executivo do SoftBank defende que haverá mais capital vindo para a América Latina devido à situação geopolítica do mundo

Com o Claure Group, seu Family Office, Claure diz estar focado em investir em empresas que fazem parte de três revoluções: inteligência artificial, veículos elétricos e blockchain
18 de Maio, 2022 | 03:46 PM

Bloomberg Línea — Marcelo Claure, CEO e fundador da Claure Capital e ex-executivo do SoftBank International, disse que, embora os valuations das empresas de tecnologia estejam diminuindo, isso será temporário, pois as grandes empresas de tecnologia continuam a ser fundadas.

Participando do evento inaugural do New Economy Gateway Latin America da Bloomberg News na Cidade do Panamá, Claure disse que acredita na América Latina, pois o SoftBank LatAm Fund teve retornos incríveis com as empresas da região.

Enquanto isso, o momento é difícil para as empresas de tecnologia, especialmente pelo aperto de juros nos Estados Unidos, o que levou a uma queda de 60% a 70% nos valuations. “Não dá para julgar os investimentos feitos nos últimos anos, eles continuam sendo os melhores investimentos que já fizemos”, disse Claure.

O investidor acredita que os empreendedores de empresas de capital de risco agora serão forçados a aumentar a lucratividade mais rapidamente. Como o capital para essas empresas está agora mais escasso, Claure vê o copo meio cheio. Ele acredita que também haverá menos necessidade de capital, já que as empresas agora buscam rentabilidade.

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Com o Claure Group, seu Family Office, Claure diz estar focado em investir em empresas que fazem parte de três revoluções: inteligência artificial, veículos elétricos e blockchain.

“Nada vai mudar, estamos vivendo os anos mais emocionantes. Todas as indústrias estão sendo digitalizadas e você não pode ir contra as tendências que tornam o mundo mais eficiente”, afirmou. Além disso, Claure aconselha os investidores com dinheiro que podem surfar na onda de vendas para investir por um preço mais baixo. “Agora vai ser a hora dos investidores pegarem outra grande onda”, disse ele, acrescentando que grandes empresas disruptivas estão sendo feitas.

“Haverá menos capital disponível, mas acho que nunca voltaremos [ao ritmo de] 2018. Será pelo menos [a mesma quantidade de investimento que vai para] o sudeste da Ásia.”

Mais capital para a América Latina

Claure defende que haverá mais capital vindo para a América Latina devido à situação geopolítica do mundo, repensando os fabricantes e pensando na América Latina como um caminho para fornecer manufatura ao mundo ocidental.

“O mundo não pode depender de uma única cadeia de suprimentos e, quando você faz isso, tem mais capital fluindo para a economia da América Latina que não existia antes”, disse ele. O México pode aproveitar essa regionalização da manufatura, segundo Claure.

Além disso, Bolívia, Chile e Argentina podem ajudar a impulsionar a revolução dos veículos elétricos, segundo Claure, pois fazem parte dos países do triângulo do lítio. “Quando você olha para as commodities, com a guerra na Ucrânia, o preço mundial das commodities atingiu um recorde histórico”, disse Claure, citando que a América Latina se beneficiaria disso.

“A América Latina sempre esteve atrás, e cerca de 10 anos atrás da China. Quando você tem tanta infraestrutura danificada, esqueça as avaliações por um segundo e pense no surgimento da comunidade empreendedora [para corrigir esses problemas de infraestrutura por meio da tecnologia]”.

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Turbulência em cripto não afasta interesse

Embora o mercado de criptomoedas tenha sofrido nos últimos dias devido ao colapso de uma stablecoin, Claure diz que o Bitcoin e outras criptomoedas são apenas um pedacinho da revolução Blockchain.

Claure endossa um mundo descentralizado, sem intermediários, onde o dinheiro possa fluir através de trocas peer-to-peer. “A regra geral é: para onde as pessoas mais inteligentes estão indo? Não há um único dia em que as pessoas mais inteligentes não vão a criptos. Eu amo o conceito por trás do Blockchain e acho que ele vai dominar. Nenhum Congresso ou governo pode pará-lo. Eles não impediram a Uber (UBER) de vencer, a mesma coisa acontecerá com empresas baseadas em criptomoedas e IA.”

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups