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Criptoativos incluem as finanças que ajudam as comunidades

Conhecidas como finanças regenerativas, são voltadas a iniciativas que focam em valores humanos

Capital humano é prioridade dentro das iniciativas agregadas às finanças regenerativas
Tempo de leitura: 3 minutos

Por Gino Matos para Mercado Bitcoin

São Paulo — O estereótipo que se tem do mercado financeiro tradicional envolve a imagem de gestores em busca de uma única coisa: lucro. Assim como ele, o mercado de criptoativos também trabalha para gerar ganhos aos investidores. Para além dos lucros, no entanto, cresce no segmento cripto a proposta das chamadas finanças regenerativas, ou simplesmente ReFi, na sigla em inglês. São aquelas que envolvem iniciativas voltadas ao capital humano.

Camila Rioja, Head da Celo Foundation na América Latina, avalia que as finanças regenerativas são um meio para valorar um dos bens mais importantes do mundo: o capital natural. “O ReFi é crucial, pois vem alterar a lógica do lucro. Substitui atividades extrativistas e que degradam por atividades que agregam valor.” Preocupações sobre mudanças climáticas, renda básica de cidadania e comunidade são o foco desse setor dos criptoativos.

A velocidade com que esse segmento cresce mostra o grau de sua importância, na visão de Camila. Ela considera necessário gerar valor por meio dos impactos positivos, seja via proteção de florestas ou projetos sociais, enxergando que a prosperidade desse modelo econômico reconheça pessoas como únicas e conectadas.

Iniciativas em ReFi

A Celo é uma blockchain carbono negativa criada para impulsionar o segmento de ReFi, onde aplicações voltadas a questões sociais são desenvolvidas e podem ser acessadas facilmente a partir de dispositivos móveis. A acessibilidade fácil é um dos pilares das finanças regenerativas, já que 5,32 bilhões de pessoas no mundo usam dispositivos móveis.

Dentre as soluções construídas sobre a Celo está o impactMarket, que tem forte presença no Brasil. Por meio dela, interessados de qualquer parte do mundo podem doar valores, que são encaminhados a comunidades carentes como renda básica de cidadania via criptomoedas.

Outras aplicações são o Toucan Protocol e a Bye Bye Plastic. O Toucan Protocol foca na tokenização de créditos de carbono, ou seja, migrar créditos de carbono para o meio digital na forma de tokens, diz Camila. Já a Bye Bye Plastic se dedica a acabar com plásticos de uso único na indústria da música, além de emitir o token negativo de carbono BYEBYE.

Um exemplo de iniciativa que decidiu migrar para o ambiente descentralizado é a plataforma Kickstarter, a maior do mundo com foco em financiamento coletivo. Em dezembro de 2021, a Kickstarter anunciou seu plano de criar uma plataforma na Celo e migrar totalmente para o ambiente blockchain no futuro.

“As pessoas ainda estão descobrindo as infinitas possibilidades dentro das Finanças Regenerativas, como é o caso de NFTs que protegem a floresta ou que contribuem para a conscientização sobre animais em extinção”, diz Camila. A executiva salienta que existem ainda casos de uso, como aqueles envolvendo créditos de biodiversidade, que ainda não foram explorados.

Além dos hippies

Packy McCormick é como se identifica o assessor de Web3 do fundo de capital de risco Andreessen Horowitz. Em uma publicação em seu blog, ele explica que o ambiente de ReFi não é anticrescimento, mas apenas focado nas comunidades como centros econômicos.

“Parece hippie, mas não é”, diz. Os projetos ReFi possuem criptoativos nativos, assim como qualquer outra aplicação no mercado de criptomoedas. Ainda que não seja diretamente voltado ao lucro, esse ecossistema ainda pode gerar ganhos para os que chegarem primeiro e interagirem com as aplicações. “É como o sistema financeiro seria desde o início, caso a humanidade tivesse as ferramentas e a tecnologia corretas”, comenta McCormick.

O verão de ReFi

O assessor de Web3 do Andreessen Horowitz acredita que 2022 é o ano do “verão de ReFi”. O termo “verão” ficou popular após as finanças descentralizadas crescerem exponencialmente em 2020. Camila também acredita que uma expansão do ecossistema de finanças regenerativas está em curso. Ela conta que muitos projetos em blockchain vêm buscando trazer soluções de desenvolvimento sustentável.

“É um debate antigo: compensar os impactos do próprio uso da tecnologia blockchain. Junto a uma necessidade imediata de mudar a maneira como produzimos e consumimos, tais projetos surgem, trazendo uma nova perspectiva. É uma oportunidade de todos contribuírem de forma descentralizada para uma economia mais verde!”, conclui Camila.

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