Gestores reduzem apostas para o Ibovespa em 2022, mostra pesquisa do BofA

Levantamento do banco contou com a participação de 40 gestores da América Latina, com cerca de US$ 100 bilhões sob gestão

Principal índice de renda variável da Bolsa brasileira acumula queda de 3,5% em 2022
17 de Maio, 2022 | 01:18 PM

Bloomberg Línea — O ambiente de forte pressão inflacionária e de incerteza tem contribuído para apostas mais conservadoras nos portfólios, reduzindo o apetite por risco de investidores.

De acordo com a pesquisa LatAm Fund Manager Survey do Bank of America (BAC) com gestores de fundos de investimento divulgada nesta terça-feira (17), apenas 33% dos gestores consultados veem o Ibovespa (IBOV) negociando acima dos 120 mil pontos no fim do ano, ante 71% no mês passado. Tal patamar implicaria potencial de alta de 10,9% ante o fechamento de segunda-feira (16).

O principal índice de renda variável da Bolsa brasileira acumula queda de 3,5% em 2022 até ontem (16), pressionado pelo aumento de juros ao redor do mundo e pela busca por maiores proteções na carteira, diante de um ambiente volátil, com restrições por covid na China, aumento dos preços, guerra na Ucrânia e ainda, eleições presidenciais no Brasil no fim do ano.

No levantamento do BofA, o percentual de investidores que via o Ibovespa encerrando o ano entre 110 mil e 120 mil pontos subiu de cerca de 15% para quase 40%, enquanto a fatia de gestores que projetava o índice entre 120 mil e 130 mil caiu de pouco mais de 30% para 20%.

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Com relação à taxa básica de juros, 68% dos gestores consultados veem a Selic encerrando o ano entre 13% e 13,75% ao ano. O BofA vê os juros em 13,25% ao ano, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) possivelmente atingindo o pico agora.

América Latina

Na avaliação dos gestores consultados pela pesquisa, o maior risco para a América Latina hoje é o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos. O cenário para commodities e lockdowns na China aparecem na sequência.

De acordo com o levantamento, os níveis de caixa permanecem próximos da máxima histórica da pesquisa, iniciada em 2018, já o nível de tomada de risco está chegando perto das mínimas, com apenas 8% assumindo riscos acima do normal.

Entre as maiores posições overweight (acima da média do mercado) estão o setor financeiro e o de energia. Os gestores na América Latina, contudo, estão mais underweight (abaixo da média do mercado) em consumo discricionário, bens de consumo e no setor de telecomunicações.

Já a preferência dos investidores consultados recai sobre empresas de valor e consideradas “de alta qualidade”, bem como expostas a commodities.

Cerca de “68% [dos entrevistados] dizem que o estímulo na China elevará os preços das commodities em 2022, semelhante ao mês passado, mas achamos que a convicção é baixa, pois as alocações de underweight para materiais são quase as mesmas alocações de overweight”, escreve o BofA.

O estudo conduzido pelo Bank of America foi realizado neste início de maio e contou com a participação de 40 gestores, que somam cerca de US$ 100 bilhões sob gestão.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.