Bloomberg Línea — No final do ano passado, durante a divulgação dos resultados do segundo trimestre, o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) já havia aberto mão de realizar sua oferta inicial de ações na bolsa. Além de ter perdido as melhores janelas para o IPO, a empresa sentia que ainda não havia no mercado a compreensão exata do que a companhia fazia e o desconto que vinha sendo aplicado não motivava os executivos a vender por “pouco” uma parte da empresa que julgavam valer mais. À época, a decisão foi adiar para 2022 a listagem na bolsa.
Seis meses depois, o mau humor do mercado ainda não favorece a entrega de novas empresas na bolsa, mas, agora, já não existe pressa em colocar os papéis no mercado. Com os resultados financeiros em trajetória ascendente, dinheiro em caixa e um cenário promissor para o setor sucroalcooleiro, o CTC já nem espera para este ano a listagem de suas ações. O novo prazo foi transferido para algum momento entre 2023 e 2025.
“Não é segredo para ninguém que a condição do BNDES em se tornar acionista da companhia era a realização do IPO para garantir uma eventual saída. O prazo para que isso ocorra é o segundo semestre de 2023, que ainda pode ser prorrogado por mais dois anos. Além disso, essa não seria a única possibilidade de saída para o banco”, disse em entrevista para a Bloomberg Línea, Rinaldo Pecchio Junior, diretor de relações com investidores do CTC.
O executivo disse que a companhia tem hoje o “privilégio de ter tempo” para fazer o trabalho de educação do mercado, que já entende muito melhor o mercado de atuação e o contexto em que o CTC atua. Apesar de não ter a necessidade de captação de recursos, a companhia de Piracicaba, no interior de São Paulo, segue ativa no trabalho de IPO, mostrando ao mercado resultados consistentes a cada trimestre.
No quarto trimestre de 2022, encerrado em março deste ano, o CTC adicionou quase R$ 10 milhões ao seu lucro líquido e encerrou o período com um resultado de R$ 37,8 milhões. O desempenho significa um crescimento de 35,4% em comparação ao quarto trimestre do ano anterior, quanto o lucro da companhia foi de R$ 27,9 milhões. No acumulado de 12 meses até março, referente ao fim do ano-safra 2021/22, o lucro líquido do CTC superou R$ 134 milhões, o que representou um crescimento de 23,6% sobre o desempenho do ciclo anterior.
Os problemas de geadas e estiagem enfrentados pelas lavouras de cana no ano passado não impediram o CTC de ampliar suas vendas. A receita de 2022 foi de R$ 421,4 milhões, dos quais R$ 112,6 milhões obtidos no último trimestre de seu ano fiscal. Os números superam em 24,7% e 23,5%, respectivamente, o resultado anual e trimestral de 2021.
“Este deve ser mais um ano bom para nós. As previsões indicam que não teremos tantos problemas climáticos como no ano passado e os produtores tendem a ampliar suas taxas de renovação dos canaviais para recuperar a produtividade”, afirma Pecchio.
Em condições normais, de 12% a 13% das áreas plantadas com cana no Brasil são renovadas anualmente. Depois das perdas decorrentes do clima no ano passado, a expectativa é que essa taxa suba para 15% neste ano, o que deve garantir ao país melhores níveis de produtividade sem a expansão da área cultivada.
Os últimos dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que o Brasil vai colher 596,06 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2022/23, plantada entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano. Esse volume representa um crescimento de quase 2% em comparação à produção do ano passado, sinalizando um incremento de produtividade.
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