Entenda por que Mastercard e supermercados entraram em confronto

Varejistas questionam aumento de tarifas cobradas pela gigante de meios de pagamentos, que diz que reajuste é legal

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Bloomberg Línea — Em tempos de inflação no maior patamar desde os anos 1990, os ânimos no varejo estão acirrados. Supermercados não ficaram nada satisfeitos com a decisão da Mastercard de atualizar suas taxas de intercâmbio, que são cobradas em cima das transações comerciais. O aumento proposto pela empresa de cartões foi de 0,5% nas taxas de operações feitas no débito e de 0,2% no crédito.

Os percentuais podem parecer limitados, mas representarão um acréscimo de R$ 450 milhões em custos para os supermercados, segundo estimativas da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).

O aumento é inoportuno e desnecessário. Não nos foi apresentada nenhuma justificativa econômica ou jurídica para esse reajuste e estamos estudando as medidas legais cabíveis e levando a situação para as autoridades com o objetivo de suspender esse aumento”, disse Marcio Milan, vice-presidente institucional da Abras.

Os adquirentes são os donos das tradicionais “maquininhas” de cartão, e a taxa de intercâmbio é cobrada pela bandeira do cartão e repassada ao banco emissor pelos serviços que ele fornece, como a garantia do pagamento e o seu papel em assegurar a segurança e realizar a compensação e a liquidação da transação.

“Conforme informado em dezembro de 2020 a todos os participantes do arranjo de meios de pagamento, no último 22 de abril a Mastercard atualizou a tabela de taxas de intercâmbio vigente no Brasil para as funções crédito e débito, respeitando os limites estabelecidos pelo regulador”, disse a Mastercard em nota enviada à Bloomberg Línea.

A dona da bandeira disse ainda que seu papel no processo é conectar e equilibrar o valor entregue às partes envolvidas em um pagamento. “Como em qualquer negócio orientado para o mercado, as taxas são baseadas no valor do bem ou serviço fornecido ao usuário final, estando sujeitas a forças competitivas. É importante que elas proporcionem um incentivo para mais reinvestimento, crescimento e inovação, características de qualquer setor saudável da economia”, disse a Mastercard.

O argumento dos donos de supermercados é que o aumento dos custos vai acabar sendo repassado para os preços dos produtos nas gôndolas em um momento de alta da inflação. A entidade calcula o preço de uma cesta composta por 35 produtos de largo consumo, chamada de Abrasmercado ou cesta básica ampliada, que subiu nos últimos quatro meses. O valor médio nacional da cesta em março foi de R$ 736,34, um reajuste de 2,4% em comparação a fevereiro. Contudo, na comparação anual, o valor da cesta está 15,4% maior do que os R$ 637,82 de março de 2021.

Estamos insatisfeitos com a falta de sensibilidade da Mastercard no atual momento em que vivemos. Estamos indignados com esse aumento e vamos buscar reverter essa situação”, disse Milan. Segundo o executivo, em 2019, a empresa de meios de pagamento já havia tentado reajustar as taxas, mas acabou desistindo. “Vamos buscar os meios legais para evitar o repasse”, afirmou.

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