Bloomberg Línea — Em sua live semanal desta quinta-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro (PL) relacionou a troca do ministro de Minas e Energia na véspera a “um pequeno problema na Petrobras”. “Estamos fazendo o possível — sem interferência, obviamente — para fazer a Petrobras entender qual é o seu papel. Entender como? Fazendo mudanças, como fizemos no Ministério de Minas e Energia”, disse.
O presidente disse ainda que o almirante Bento Albuquerque, substituído no Ministério pelo economista Adolfo Sachsida, pediu para deixar a pasta, e não teria sido demitido. “Tínhamos um pequeno problema na Petrobras e ele resolveu assinar a sua saída do Ministério de Minas e Energia”, contou Bolsonaro na live.
“A gente espera fazer as mudanças de pessoas que a gente pode fazer, para buscar minorar, diminuir o preço do combustível no Brasil. Deixo bem claro que está previsto em lei que a Petrobras tem que ter o seu papel social no tocante a preço de combustível”, declarou Bolsonaro.
A Petrobras se tornou um dos temas mais importantes da campanha para reeleição do presidente. Pelo menos desde o final do ano passado, Bolsonaro tem reclamado dos “lucros absurdos” da estatal, como disse na live de hoje, e pedido publicamente para a empresa não reajustar o preço dos combustíveis na refinaria.
Ontem, a Petrobras anunciou reajuste de 8,87% no diesel, um dos principais componentes do custo do frete rodoviário. Em discurso, Bolsonaro chamou o aumento de “estupro”.
Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem, a economia é considerada o principal problema para 50% dos eleitores. E 18% deles acreditam que a inflação é o principal problema econômico do país. O IPCA, índice oficial de inflação ao consumidor, chegou a 12,13% nos 12 meses encerrados em abril. Trata-se da maior taxa anualizada desde 2003.
As declarações de Bolsonaro sobre a troca do ministro de Minas e Energia acabaram confirmando o que parte dos economistas e dos analistas havia afirmado na véspera. A avaliação é que o governo pode tentar emplacar alguma mudança legislativa, aproveitando o projeto de lei que cria a conta de estabilização de preços de combustíveis, já aprovada no Senado e em tramitação na Câmara.
Sachsida, o novo ministro nomeado, negou essa possibilidade. Em pronunciamento ontem à noite, disse que vai pedir estudos para incluir a Petrobras na lista de privatizações do governo federal. Ele também disse que pretende mudar o regime de exploração da camada do pré-sal, para que os leilões sejam vencidos por empresas que ofereçam o maior preço pelo direito de exploração, e não por aqueles que ofereçam a maior fatia à Petrobras, como é hoje. Mas, a cinco meses das eleições, analistas apontam que são mínimas as chances de o governo se empenhar e conseguir aprovar uma medida tão complexa como essa.
Bolsonaro já trocou o presidente da Petrobras três vezes em pouco mais de um ano. Começou o governo com Roberto Castello Branco e o demitiu nos primeiros meses de 2021. Nomeou o general Joaquim Silva e Luna, demitido no mês passado e substituído por José Mauro Coelho, atualmente no cargo.
Todos os presidentes da empresa demitidos foram criticados por Bolsonaro e por integrantes do governo por causa das políticas de preços da companhia, que seguem as cotações internacionais do petróleo.
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