Bloomberg — O presidente Jair Bolsonaro cogita faltar à Cúpula das Américas organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no próximo mês para se concentrar em sua campanha de reeleição, de acordo com um ministro de seu gabinete.
Embora uma decisão final ainda não tenha sido tomada, Bolsonaro está neste momento inclinado a permanecer no Brasil e dedicar seu tempo à campanha antes da eleição presidencial de outubro, disse o ministro, pedindo para não ser identificado, pois os planos não são públicos.
Diplomatas brasileiros ainda tentam mudar a opinião de Bolsonaro e preparam o terreno para sua possível viagem a Los Angeles, onde a cúpula está marcada para os dias 6 a 10 de junho, segundo outras pessoas familiarizadas com o assunto em Brasília e Washington, que também falaram à Bloomberg News sob condição de anonimato.
O Ministério das Relações Exteriores disse que o país estará representado na cúpula, mas que a participação de Bolsonaro ainda não foi decidida. O ministério encaminhou quaisquer outras perguntas ao Palácio do Planalto, que disse que a agenda do presidente não foi confirmada até agora.
Uma possível decisão de Bolsonaro de não ir à cúpula, também noticiada pela Folha de S.Paulo na quarta-feira (11), seria um contratempo para Biden depois que o mexicano Andrés Manuel López Obrador ameaçou não comparecer à reunião a menos que todos os líderes latino-americanos fossem bem-vindos. Os EUA não convidaram os líderes de Cuba, Venezuela e Nicarágua, alegando que eles não respeitam a democracia.
Em vez de se juntar à posição de López Obrador, Bolsonaro está preocupado com o impacto de deixar o país em um momento em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera as pesquisas. Ele só pensa em deixar o país para viagens especiais e rápidas, disse o ministro, acrescentando que Los Angeles é muito longe e a cúpula, muito longa.
Bolsonaro, que visitou o então presidente Donald Trump na Casa Branca e em Mar-a-Lago, ainda não falou com Biden desde a posse do líder norte-americano.
A inclusão de Cuba, Venezuela e Nicarágua, três governos autocráticos que os EUA não reconhecem como democracias, tem sido um ponto de divisão crescente entre os líderes latino-americanos.
Boicote regional
Além de López Obrador expressar sua preocupação com a exclusão de países, vários membros da Comunidade do Caribe, ou Caricom, formada por de 15 países, disseram que o bloco pode boicotar a cúpula se Cuba não for convidada e se os EUA insistirem em reconhecer Juan Guaidó como presidente da Venezuela. A Caricom se reunirá no final de maio na Guiana para definir uma posição coletiva sobre o assunto.
O governo Biden está trabalhando em uma proposta para fortalecer as economias latino-americanas para ajudar a enfrentar o desafio do rápido aumento da migração para os EUA como parte da cúpula, um problema que deve ser o foco do evento.
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