Mercados operam no azul enquanto aguardam dados de inflação nos EUA

Analistas contam com uma desaceleração do índice de preços dos EUA de abril; Presidente do BCE se junta ao coro que advoga por subida dos juros

As variáveis que orientarão os mercados
11 de Maio, 2022 | 08:04 AM

Barcelona, Espanha — Todos os olhos estarão dirigidos ao Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos. Enquanto o dado não vem, nos Estados Unidos os futuros indexados aos índices de ações avançavam, com o Nasdaq e o S&P superando o 1% de alta cada um. As bolsas europeias seguiam a mesma toada de valorização.

O dólar se depreciava frente a seus pares e os prêmios dos títulos do Tesouro caíram, elevando o valor nominal destes ativos. As ações chinesas cotadas nos EUA se recuperavam nas operações pré-mercado de Nova York, depois que a nação asiática relatara uma diminuição dos casos de Covid-19.

PUBLICIDADE

Apesar dos ganhos, o sentimento permanece frágil, já que os investidores buscam evidências de que as pressões sobre os preços estão chegando a um pico.

💸 Inflação. A vilã do poder aquisitivo, esta que tem roubado o sono das lideranças de bancos centrais mundiais, volta à cena como a grande protagonista do dia. Os esforços do Federal Reserve (Fed) para domar a inflação da maior economia do mundo começam a surtir efeito?

🙌🏽 O mercado acredita que sim. Caso se confirme a expectativa dos analistas, o avanço dos preços perderá fôlego e marcará 8% em abril, na comparação com o ano anterior. Esta seria a primeira desaceleração desde agosto de 2021, deixando a taxa de 8,5% em março como a máxima para o ciclo atual. Também está programado para hoje o IPC da maior economia da Europa, a Alemanha.

PUBLICIDADE

🏦 Reflexos na política monetária. As interrupções nas cadeias de abastecimento relacionadas à guerra Rússia-Ucrânia e aos lockdowns na China estão aumentando o custo de vida, de modo que uma leitura mais suave da inflação virá como uma esperança de que o Fed não precise pesar ainda mais a mão sobre os juros, o remédio que bancos centrais de vários cantos do globo têm usado para aproximar a inflação de suas metas.

🗣️ O que dizem membros do Fed. Enquanto esperam para ver o comportamento da inflação, os operadores vão coletando dados para traçar conjecturas e armar suas estratégias. Ontem, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse à Bloomberg Television que não se descartam aumentos de 0,75 ponto percentual nos juros norte-americanos, se a inflação persistir. Seu homólogo de Nova York, John Williams, espera que o banco central “se movimente rapidamente para trazer a taxa de fundos federais de volta a níveis mais normais este ano”.

🔊 Mais bancos centrais ecoando por aí. Hoje estão previstos pronunciamentos de outros membros do Fed, da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e de lideranças do Banco Central da Alemanha. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, se juntou a outros membros do BCE na sinalização de subida dos juros. Ela disse que um primeiro aumento da taxa em mais de uma década poderia suceder “semanas após o fim da compra de ativos líquidos”, disse Lagarde esta manhã.

PUBLICIDADE

“Ainda não definimos com precisão a noção de ‘algum tempo’, mas tenho sido muito clara de que isto poderia significar um período de apenas algumas semanas”, disse ela, defendendo uma normalização “gradual” da política monetária após um aumento inicial.

Diante de uma inflação recorde que é quase quatro vezes a meta de 2% do BCE, os colegas do BCE de Lagarde estão cada vez mais pressionando publicamente para um aumento do custo do dinheiro na reunião de 20 a 21 de julho. Enquanto a Reserva Federal e o Banco da Inglaterra estão no rumo do aperto das políticas, o BCE não tem aumentado os custos dos empréstimos desde 2011. Sua taxa de depósito tem sido negativa desde 2014.

Leia também o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: O dilema eleitoral do clube dos mais ricos

PUBLICIDADE
Mercados no azul antes da divulgação do IPC dos EUA

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (-0,26%), S&P 500 (+0,25%), Nasdaq Composite (+0,98%), Stoxx 600 (+0,68%), Ibovespa (-0,14%)

Em um dia volátil e misto, os mercados acionários norte-americanos ainda sentiam o peso do sentimento de baixa dos investidores, em meio a temores de que a maior economia do mundo pudesse cair para uma recessão com a combinação de inflação e juros elevados. No dia, também afetaram os negócios as declarações de funcionários do Fed sobre um movimento potencialmente mais aguerrido do banco central dos EUA.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: IPC/Abr; Juros e Pedidos de Hipotecas de 30 anos - MBA; Índice de Compras MBA; Rendimento Real/Abr; Estoques de Petróleo Bruto; Atividade das Refinarias de Petróleo - EIA; Estoques de Petróleo Bruto Semanal API; Balanço Orçamentário Federal/Abr

• Europa: Alemanha (IPC/Abr); Portugal (IPC/Abr; Taxa de Desemprego/1T22)

• Ásia: Japão (Índice de Indicadores Antecedentes/Mar)

• América Latina: Brasil (IPCA/Abr; Fluxo Cambial Estrangeiro)

• Bancos centrais: Discursos de Christine Lagarde (presidente do BCE); Frank Elderson (BCE); Joachim Nagel (presidente do Bundesbank); Claudia Buch (vice-presidente do Bundesbank)

• Balanços: Toyota, Disney, Rivian, BancColombia, Ypf sociedad, Toyota Motor, Banco do Brasil, JBS, Braskem

📌 E para amanhã:

• EE.UU.: IPP/Abr; Solicitudes Iniciales de Subsidio por Desempleo; Informe Mensual de la OPEP

• Europa: Alemania (Cuenta corriente); Reino Unido (PIB/1T22; Inversión Empresarial/1T22; Gastos Públicos; Producción de la Construcción/Mar; Producción Industrial; Índice del Sector Servicios; Balanza Comercial)

• Asia: Japón (Balanza Comercial/Mar; Préstamos Bancarios/Abr); China (Nuevos Préstamos)

• América Latina: Brasil (Crecimiento del Sector Servicios/Mar); México (Producción Industrial/Mar); Argentina (IPC/Abr)

• Bancos centrales: Discurso de Mary Daly (Fed). Resumen de opiniones del Banco de Japón

• Los balances del día: SoftBank, Siemens, Allianz, RWE, Telefónica, Affirm, Commerzbank

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.