Tombo do Bitcoin deixa pequeno investidor no prejuízo

‘Qualquer um que comprou pela primeira vez em 2021 está no vermelho’, diz Stephane Ouellette, CEO da FRNT Financial

O preço médio do Bitcoin em 2021 ficou em torno de US$ 47.300. Na segunda-feira, caiu abaixo de US$ 31.000.
Por Vildana Hajric
10 de Maio, 2022 | 10:05 AM

Bloomberg — Costuma-se dizer no meio cripto que quando os preços despencam rápido a liquidação retira os investidores menos convictos focados no curto prazo, conhecidos como mãos fracas, e fortalece o setor.

É uma maneira leviana de pensar em todos aqueles que ingressaram no mercado quando o preço do Bitcoin subiu para uma máxima histórica no final do ano passado - incluindo instituições e pequenos investidores domésticos, muitos dos quais se afundaram em seus investimentos.

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Um coeficiente chamado MVRV (market-value-to-realized-value, em inglês) - que divide o valor de mercado pelo preço médio de compra - mostra que detentores de curto prazo, em média, compraram Bitcoin por cerca de US$ 47.500. Outro indicador chamado SOPR (Spent Output Profit Ratio) indica que esse tipo de investidor vende com prejuízo agora, segundo análise da Genesis Global com dados da Glassnode Academy.

E não foi só quem ficou com a criptomoeda por alguns meses. Mais da metade dos operadores que detinham criptomoedas no final de 2021 entraram naquele ano, segundo a Grayscale Investments. O preço médio do Bitcoin em 2021 ficou em torno de US$ 47.300. Na segunda-feira, caiu abaixo de US$ 31.000.

“Um monte de gente ficou no vermelho”, disse Stephane Ouellette, CEO da FRNT Financial. “Qualquer um que comprou pela primeira vez em 2021 está no vermelho.”

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Bitcoin perdeu 50% desde as máximas de novembro

Os fãs de criptomoedas há muito argumentam que os ativos digitais resistiriam bem durante tempos turbulentos. Muitos disseram que o Bitcoin se mostraria um bom hedge de inflação graças à sua oferta limitada. Também deveria resistir melhor em meio a crises econômicas e geopolíticas porque não está vinculado a nenhum governo e não tem autoridade centralizada.

Em vez disso, investidores de moedas digitais sofrem com um ambiente que fritou muitos ativos de risco este ano. O Federal Reserve e outros bancos centrais aumentam juros para combater a inflação em um momento em que o cenário econômico se enfraquece.

Nesse ambiente, o Bitcoin, o maior ativo digital em valor de mercado, caiu pela metade desde seu recorde em novembro. Sofreu cinco semanas consecutivas de declínio e apenas um dia positivo nas últimas 11 sessões até segunda-feira.

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“Criptomoedas são ativos de risco”, disse David Spika, presidente e diretor de investimentos da GuideStone Capital Management. “‘Deve ser um bom hedge de inflação.’ Errado. É um ativo especulativo que não terá um bom desempenho em um ambiente como este.”

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