Bolsas apagam ganhos após tentativa de recuperação pela manhã

Mercados de ações nos Estados Unidos apagaram parte dos ganhos e passaram a oscilar, enquanto o Ibovespa opera no vermelho

Investidores acompanham de perto as falas dos membros do Federal Reserve
10 de Maio, 2022 | 12:41 PM

Bloomberg Línea — Os principais índices acionários globais ensaiaram uma recuperação na manhã desta terça-feira (10), sob a força da busca por barganhas, mas logo apagaram ganhos e passaram a cair. Nos Estados Unidos, o S&P 500 voltou ao menor nível em cerca de um ano e rondava a estabilidade. Por aqui, o Ibovespa (IBOV) seguiu a tendência externa e apagou os ganhos.

Os mercados de ações americanos apagaram ganhos após a presidente do Fed Bank of Cleveland, Loretta Mester, dizer que aumentos de 75 pontos-base não podem ser descartados para sempre. Os rendimentos de dois anos do Tesouro - que são mais sensíveis a mudanças de política iminentes - subiram. O dólar avançou.

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Os traders acompanham os comentários de vários membros do Fed antes dos dados de inflação dos EUA na quarta-feira (11). Os aumentos das taxas podem levar a um desemprego um pouco mais alto, já que o banco central tenta provocar um “aterrissagem suave” enquanto enfrenta as pressões de preços, disse o presidente do Fed de Nova York, John Williams. Seu colega de Richmond, Thomas Barkin, observou que o Fed subirá para um nível que não estimula nem suprime a demanda e, em seguida, decidirá se precisa ir mais longe.

As ações provavelmente chegarão ao fundo quando o Federal Reserve sinalizar uma pausa em sua campanha de aperto, a inflação mostrar sinais de moderação ou os múltiplos das ações se tornarem muito atraentes”, escreveu Richard Saperstein, diretor de investimentos da Treasury Partners, de acordo com a Bloomberg News.

Confira o desempenho dos mercados nesta terça-feira (10):

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  • Por volta das 12h35 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 0,48%, a 102.753 pontos
  • O dólar à vista apagou parte das perdas, mas ainda operava no vermelho, com queda de 0,29%, a R$ 5,15
  • Nos EUA, o Dow Jones caía 0,12%, o S&P 500 operava em estabilidade e o Nasdaq mantinha alta de 0,40%

Cena doméstica

Por aqui, os investidores digerem hoje a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual o Banco Central elevou a taxa Selic para 12,75% ao ano. Na ata, a autoridade monetária reiterou o cenário de grande incerteza que implica pressões inflacionárias persistentes e prolongadas, dizendo que tal contexto exige uma continuidade do ciclo de aperto monetário.

Na avaliação de Caio Megale, economista-chefe da XP, apesar de o Copom ter descrito como “provável” uma alta adicional de menor magnitude na próxima reunião, não pareceu se comprometer muito com tal sinalização. Segundo ele, a ata “provavelmente” sinalizou um ciclo perto do fim, mas deixou as portas abertas com relação aos próximos passos.

A agenda da manhã teve ainda os dados do varejo brasileiro, que mostraram alta mensal de 1% em março, no terceiro aumento consecutivo do ano. Na comparação anual, o indicador avançou 4%.

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Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, os dados de vendas no varejo surpreenderam positivamente. Ele destaca que o crescimento do mês foi puxado por equipamentos de escritórios, em um contexto de retomada do trabalho presencial pós-pandemia. Já a queda em termos anuais de alimentos, bebidas e fumo é um reflexo da inflação, diz.

“A tendência agora é observar não tanto os dados de abril, dado que não é um mês tradicional de consumo, mas o mês de maio, que pode surpreender em alguns aspectos por conta do dia das mães. Isso abre uma inércia de crescimento para o fim do ano. Mantemos nossa projeção de crescimento do PIB de 1% este ano”, afirma.

A temporada de balanços corporativos também segue no radar. De acordo com a XP Análise, das 49 empresas que reportaram resultados até o momento, 44% vieram acima do esperado. Apesar disso, dado o cenário internacional de grande incerteza, permanece um fluxo de saída de capital estrangeiro da Bolsa. No acumulado de maio, o saldo é negativo em R$ 7,88 bilhões.

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-- Com informações da Bloomberg News

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.