‘Petrobras está sangrando a população’, diz líder caminhoneiro

Wallace Landim, presidente da Abrava, diz que categoria recebeu com indignação novo reajuste de 8,87% no diesel

Petrobras anunciou aumento de 8,84% do diesel
09 de Maio, 2022 | 07:27 PM

Bloomberg Línea — A reação de indignação foi quase instantânea nos grupos de WhatsApp usados por Wallace Landim, o Chorão, para se comunicar com a base de caminhoneiros autônomos da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), que tem 35 mil filiados no país.

Um dos protagonistas da greve que parou o país e derrubou o PIB em 2018, o líder dos caminhoneiros disse que o reajuste de 8,87% da Petrobras para o óleo diesel vai inviabilizar a atividade dos motoristas autônomos, principal contingente da Abrava.

“O sentimento geral é de indignação. A Petrobras, que lucrou R$ 44,5 bilhões, não está prejudicando só o caminhoneiro, a Petrobras está sangrando a população na gôndola do mercado”, disse Chorão à Bloomberg Línea.

Segundo ele, caminhoneiros autônomos – os que não tem ligação com transportadoras – terão mais dificuldade de repassar o novo preço do combustível para o frete. O principal motivo de descontentamento dele é a política de paridade com os preços internacionais para a Petrobras.

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Chorão disse que o presidente fez críticas à estatal em sua última transmissão online, do dia 5 de maio, e deu a entender que poderia mudar o pilar da política de preços da companhia, mas isso não aconteceu.

“É como se o presidente fosse um técnico de futebol. Dos onze conselheiros da Petrobras, o presidente tem seis e poderia mudar a política, mas ainda não fez isso. Nós não ganhamos em dólar, ganhamos em real”, disse.

O aumento de hoje elevou a tensão política em Brasília. Um dos principais operadores da campanha à reeleição do presidente, o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), esteve reunido nesta tarde com Bento Albuquerque (Minas e Energia).

A política de preços da estatal se tornou uma das principais vidraças de Bolsonaro junto aos caminhoneiros, uma categoria profissional que votou em peso no presidente em 2018. Desde o ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – líder nas pesquisas eleitorais – tem usado os preços dos combustíveis para fustigar o adversário.

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Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.