Bloomberg Línea — A reação de indignação foi quase instantânea nos grupos de WhatsApp usados por Wallace Landim, o Chorão, para se comunicar com a base de caminhoneiros autônomos da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), que tem 35 mil filiados no país.
Um dos protagonistas da greve que parou o país e derrubou o PIB em 2018, o líder dos caminhoneiros disse que o reajuste de 8,87% da Petrobras para o óleo diesel vai inviabilizar a atividade dos motoristas autônomos, principal contingente da Abrava.
“O sentimento geral é de indignação. A Petrobras, que lucrou R$ 44,5 bilhões, não está prejudicando só o caminhoneiro, a Petrobras está sangrando a população na gôndola do mercado”, disse Chorão à Bloomberg Línea.
Segundo ele, caminhoneiros autônomos – os que não tem ligação com transportadoras – terão mais dificuldade de repassar o novo preço do combustível para o frete. O principal motivo de descontentamento dele é a política de paridade com os preços internacionais para a Petrobras.
Chorão disse que o presidente fez críticas à estatal em sua última transmissão online, do dia 5 de maio, e deu a entender que poderia mudar o pilar da política de preços da companhia, mas isso não aconteceu.
“É como se o presidente fosse um técnico de futebol. Dos onze conselheiros da Petrobras, o presidente tem seis e poderia mudar a política, mas ainda não fez isso. Nós não ganhamos em dólar, ganhamos em real”, disse.
O aumento de hoje elevou a tensão política em Brasília. Um dos principais operadores da campanha à reeleição do presidente, o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), esteve reunido nesta tarde com Bento Albuquerque (Minas e Energia).
A política de preços da estatal se tornou uma das principais vidraças de Bolsonaro junto aos caminhoneiros, uma categoria profissional que votou em peso no presidente em 2018. Desde o ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – líder nas pesquisas eleitorais – tem usado os preços dos combustíveis para fustigar o adversário.
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