Bloomberg — O dólar domina os mercados globais na corrida por segurança.
À medida que ações, títulos e commodities despencam nesta segunda-feira (9), um índice do dólar contra as principais moedas continuou seu avanço implacável para os níveis mais altos em dois anos. A moeda é um refúgio indiscutível em um mercado abalado por inflação acelerada, preocupações com recessão e os lockdowns de covid na China.
Dados de posicionamento de mercado mostram que o dólar atrai mais adeptos. Os fundos de hedge internacionais elevaram suas posições compradas em dólar para o nível mais alto deste ano, segundo dados da Commodity Futures Trading Commission, reguladora de derivativos dos EUA, nos sete dias até 6 de maio.
“Não parece que essa tendência vai mudar tão cedo”, disse Chris Turner, chefe de estratégia de moedas do ING. “Você tem o Fed, tem o yuan e tem a Europa, e é difícil apostar em alguma dessas questões mudando no curto prazo.”
Como consequência, muitos dos pares globais do dólar caem para níveis que não eram vistos há anos. A libra caiu para uma nova mínima desde 2020, o iene caiu para o nível mais fraco desde 2002, enquanto a rúpia da Índia caiu para uma mínima recorde.
O Bloomberg Dollar Spot Index registra alta de quase 7% no ano. Os Treasuries estenderam seu declínio e o rendimento das notas de cinco anos atingiu seu nível mais alto desde 2008 na segunda-feira.
Muitas das preocupações sobre a desaceleração do crescimento global são impulsionadas pela China. O primeiro-ministro do país, Li Keqiang alertou no fim de semana para uma situação de emprego “complicada e grave”, enquanto Pequim e Xangai apertam as restrições a moradores em uma tentativa de conter os surtos de Covid nas cidades mais importantes do país.
Números fracos de exportações chinesas seguem um relatório na semana passada que mostrou queda na atividade de fábricas para o pior nível desde fevereiro de 2020. As moedas ligadas ao crescimento chinês sofreram, com os dólares australiano e neozelandês caindo cerca de 1% na segunda-feira.
As moedas de países em desenvolvimento também sofrem devido à ameaça de que fundos sejam retirados de seus mercados de ações e títulos à medida que os rendimentos dos EUA aumentam.
Economias emergentes “frágeis” com déficits em conta corrente, incluindo Turquia e nações da África, são particularmente vulneráveis, disse Alvin Tan, estrategista do Royal Bank of Canada em Hong Kong. Um dólar mais forte “incentiva a saída de capital dos mercados emergentes e aperta as condições financeiras dos mercados emergentes”, disse.
Os traders ficarão de olho nos dados mensais de preços ao consumidor nos EUA na quarta-feira (11), dado que o ritmo da inflação em abril deve desacelerar segundo levantamento da Bloomberg. Isso pode provocar uma reavaliação no mercado sobre quão agressivo será o ciclo de aperto do Fed, de acordo com Simon Harvey, chefe de análise cambial da Monex Europe.
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