Bloomberg Lìnea — Durante a pandemia, os bancos renegociaram 20,4 milhões de contratos em atraso, o que equivale a um saldo de R$ 1,1 trilhão. Os dados são da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e correspondem ao período que vai de março de 2020, primeiro mês da pandemia, a março deste ano.
Segundo a entidade, esse é o maior número de contratos renegociados da história do setor. Em março deste ano, a Febraban organizou um mutirão de negociação de dívidas e conseguiu repactuar dívidas em 1,7 milhão de contratos. Do total de contratos renegociados, 17 milhões foram repactuados em 2020.
A Febraban disse não ter os dados de valores médios por contrato negociado e nem de desconto médio por negociação, por ano ou por mutirão. Mas disse que os esforços de repactuação envolveram 160 bancos e instituições financeiras.
A Febraban conta que organizou 220 mutirões de renegociações de dívidas em 2021 em parcerias com os Procons dos estados. Essas repactuações são feitas por meio de uma plataforma online e, segundo a federação dos bancos, 80% dos consumidores que usaram a ferramenta conseguiram acordos.
Famílias endividadas
Segundo a última edição Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), 77,7% dos consumidores brasileiros estavam endividados em abril deste ano. No mesmo mês do ano passado, a cifra era 67,5%.
A pesquisa é feita todo mês em todas as capitais do país e ouve cerca de 18 mil pessoas, segundo a CNC.
Dos endividados de abril deste ano, 10,9% disseram não ter condições de pagar seus débitos, o maior índice desde fevereiro de 2020, último mês antes da pandemia.
A maior dívida é com cartões de crédito, que correspondem a 88,8% do total. Em segundo lugar vêm os carnês de compras, que foram 18,2% das dívidas totais de abril.
E entre os endividados, 28,6% estão com dívidas ou contas em atraso - ou seja, estão inadimplentes.
Antes da pandemia, a cifra de pessoas com contas atrasadas era de 24,1%. Isso indica que a inadimplência vem aumentando, segundo a CNC, e o problema atinge mais as famílias com renda menor a dez salários mínimos.
“Na faixa de até dez salários mínimos, a proporção [de inadimplentes] em abril situou-se no maior nível histórico, de 31,9%. No grupo com renda superior a dez salários mínimos, o percentual também aumentou e alcançou 13,5% de famílias, o maior percentual desde abril de 2016″, afirma a entidade, no texto de divulgação da Peic.
Em média, as famílias brasileiras têm 30,2% de suas rendas comprometidas com dívidas. E 44,1% delas estão mais de 90 dias atrasadas com seus débitos. Na média, o atraso é de 62,1 dias, segundo a Peic.
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