Bloomberg — A Petrobras (PETR4) (PETR3) apresentou bons resultados no primeiro trimestre graças ao crescimento da produção de petróleo durante o rali deste ano, provocando uma repreensão do presidente Jair Bolsonaro, que quer conter os preços dos combustíveis antes das eleições de outubro.
Bolsonaro pediu que a Petrobras congele os preços da gasolina e do diesel na quinta-feira (5), acrescentando que seus lucros são inaceitáveis durante uma crise. O recém-eleito presidente-executivo José Mauro Coelho será posto à prova à medida que aumenta a diferença entre os preços de entrada das refinarias da Petrobras e os níveis internacionais.
O maior produtor de petróleo da América Latina anunciou R$ 48,5 bilhões em dividendos adicionais a serem pagos em 2022, que correspondem principalmente aos resultados do primeiro trimestre. Supera os R$ 44,56 bilhões que registrou no lucro líquido do período.
“Olhe para o lucro abusivo”, disse Bolsonaro em uma transmissão semanal no Facebook, acrescentando que não pode interferir na forma como a Petrobras define os preços. “Peço que a Petrobras seja responsável e não aumente o preço do diesel.”
A gigante do petróleo do Brasil reajustou os preços em março, mas está vendendo combustível abaixo das taxas internacionais novamente, aumentando a preocupação entre os investidores que a viram passar de produtor de petróleo mais endividado do mundo a uma vaca leiteira nos últimos cinco anos. Em comunicado, a Petrobras disse que preços artificialmente baixos podem dificultar a importação de combustíveis e resultar em desabastecimento no mercado doméstico. Disse também que a sociedade brasileira é a principal beneficiária de seus lucros.
A Petrobras reportou lucro ajustado antes dos itens, uma medida de lucratividade, de R$ 77,71 bilhões, superando a estimativa média de analistas de R$ 74,4 bilhões compilada pela Bloomberg, de acordo com o balanço divulgado na quinta-feira (5).
Depois de anos subsidiando a gasolina para conter a inflação, em 2016 a Petrobras adotou uma política de acompanhar os preços internacionais, protegendo os consumidores da volatilidade de curto prazo. A mudança causou muito drama.
Desde então, três dos CEOs da empresa perderam seus empregos em meio a disputas de preços de combustível. A lista inclui o antecessor de Coelho, Joaquim Silva e Luna, deposto pelo presidente Jair Bolsonaro após levantar combustível em resposta à guerra na Ucrânia, embora a Petrobras tenha atrasado o ajuste em mais de dois meses.
“O principal risco de curto prazo da Petrobras é se haverá uma mudança na política de preços”, disse Fernando Valle, analista de ações da Bloomberg Intelligence que cobre a Petrobras. Ele destacou que a empresa demorou a repassar os custos de combustível mais altos aos consumidores no primeiro trimestre.
Coelho prometeu manter os preços dos combustíveis baseados no mercado quando assumiu o comando, mas não está claro o que acontecerá com essa política após as eleições de outubro. Tanto Bolsonaro quanto seu principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se manifestaram contra os aumentos dos preços dos combustíveis, e o Congresso está revisando projetos de lei que visam limitar a volatilidade.
Em comunicado na quinta-feira, o novo CEO prometeu continuar produzindo resultados sólidos.
“Com nosso portfólio resiliente aos baixos preços do petróleo, as perspectivas de crescimento da produção e a continuidade da gestão do portfólio, estamos convencidos de que entregaremos cada vez mais resultados para a sociedade”, afirmou.
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