Bloomberg — Investidores atormentados por incertezas que querem evitar ações redescobrem um antídoto consagrado pelo tempo: títulos do governo americano.
Isso pode parecer surpreendente, uma vez que o mercado de Treasuries foi atingido por perdas recordes este ano.
Mas com os rendimentos mais altos em anos, o Federal Reserve a caminho de aumentar juros agressivamente e crescimento vacilante no exterior, o dinheiro volta à medida que investidores procuram se proteger contra o risco de que a economia caia em recessão e puxe o mercado acionário ainda mais para baixo.
Em abril, enquanto o S&P 500 caminhava para seu pior mês desde março de 2020, investidores retiraram US$ 27 bilhões dos maiores fundos negociados em bolsa (ETFs) focados em ações, segundo dados compilados pela Bloomberg. Ao mesmo tempo, colocaram US$ 6 bilhões nos maiores ETFs de títulos do governo americano.
A diferença entre esses fluxos não era tão grande a favor dos títulos desde pelo menos 2017.
“Os yields estão em seus níveis mais interessantes há algum tempo”, disse Chris Iggo, diretor de investimentos da AXA Investment Managers. Ele aconselhou clientes a montar um “hedge contra o que ainda poderia ser uma reação mais significativa nos mercados de ações se o crescimento começar a vacilar em 2023”.
O fluxo para fundos de títulos do governo ocorre depois que recentes liquidações fizeram com que os rendimentos voltassem a níveis mais normais, dando aos investidores um motivo para comprar novamente.
O yield das notas do Tesouro americano de dois anos atingiu quase 2,8% em 22 de abril e terminou a sexta-feira não muito abaixo desse nível. Um ano atrás, quando o Fed ainda inundava os mercados com dinheiro, chegou a cair para 0,10%.
A escala e a velocidade desse aumento de yield podem significar que o pior das perdas de valor dos títulos já passou. Embora o banco central dos EUA deva continuar a aumentar juros - inclusive no encontro de 4 de maio - os formuladores de política monetária estarão atentos a não atrapalhar a recuperação econômica.
Os traders até sexta-feira precificavam que a taxa básica do Fed atingirá um pico de cerca de 3,35% no próximo ano.
“Em um cenário em que o Fed faz ainda mais do que isso, o mercado provavelmente vai supor um peso ainda maior no crescimento, o que significa que as taxas não necessariamente subirão muito mais”, disse Andrew Sheets, estrategista do Morgan Stanley, em entrevista.
Isso, efetivamente, pode ajudar a colocar um limite em quanto mais rendimentos de títulos podem subir. Na sexta-feira, os rendimentos tiveram alta após um aumento nos custos do emprego alimentar preocupações com a inflação. Mas eles permanecem abaixo dos picos vistos em abril.
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