Bloomberg — O Copom deve elevar a Selic em 1 ponto percentual na quarta-feira (4), para 12,75% como já sinalizado, e manter a porta aberta a novo aperto, segundo economistas de grandes bancos.
Eles apontam a alta da inflação, que passou de 12% anuais, e a piora das expectativas como os principais pontos para que o BC não sinalize o fim do ciclo de alta -- mesmo que o próximo ajuste seja em ritmo mais lento.
O comportamento das commodities com a guerra na Ucrânia, a queda do dólar, o aumento dos juros pelo Fed -- que se reúne no mesmo dia -- e o surto de covid na China também são fatores a serem observados pelo Copom.
Na decisão anterior, o BC previa o cenário de referência com dólar a R$ 5,05 e outro alternativo e mais provável com petróleo a US$ 100,00 no fim do ano, o que levaria a inflação à meta em 2023.
O dólar chegou a cair abaixo de R$ 4,60 no mês passado e a commodity já voltou para perto do valor apontado pelo BC, o que não aliviou as expectativas de inflação.
Para a reunião de junho, a curva de juros precifica alta de 50 pontos básicos. As opções para o Copom na B3 apontam 28,5% de probabilidade de manutenção da Selic no próximo mês.
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú (ITUB4)
- Copom deve indicar um ajuste adicional moderado para sua próxima reunião, mas manter a flexibilidade, reafirmando que os riscos são predominantemente altistas para a inflação e que suas próximas decisões são condicionais à evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária
- Comitê deve enfatizar que, em ambiente de elevada incerteza, os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas
- BC deve aumentar a taxa Selic em 1pp e sua comunicação deve destacar a situação de elevada incerteza internacional, em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, o surto de Covid-19 na China, e maior inflação e taxas de juros nos países desenvolvidos
Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco (BBDC4)
- BC deve elevar a Selic para 12,75%, conforme sinalizado, e não deve se comprometer com os passos futuros, deixando a porta aberta para tomar a decisão a partir dos dados e da evolução da inflação que serão conhecidos até a próxima reunião do Copom
- "Por ora, mantemos nossa expectativa de taxa terminal em 12,75%"
Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, economistas do JPMorgan (JPM)
- Copom deve subir o juro em 1 pp e manter a porta aberta para apertos adicionais, embora em um ritmo menos acelerado
- BC deve revisar o cenário de inflação para cima
- Dada a desancoragem da expectativa inflacionária e da inflação elevada e disseminada - banco espera que a inflação termine este ano em 8% -, "parece apropriado continuar com o ciclo de aperto"
- BC deve evitar compromisso com fim do ciclo, ganhando tempo para calibrar a política monetária
Solange Srour, Lucas Vilela, Rafael Castilho, economistas do Credit Suisse (CS)
- BC deve indicar a possibilidade de um aumento adicional em junho, mas inferior a 1 pp
- Será muito desafiador para o BC manter a mensagem de que pretendem encerrar o ciclo em maio em um momento em que estão revisando para cima suas projeções de inflação, as expectativas de inflação estão se afastando das metas até 2024 e a inflação corrente já é pior do que o nível observado em 2015-2016
- Credit prevê Selic de 14,0% no fim do ciclo
- Caso busque passar a sinalização de fim do ciclo, BC poderia enfatizar que a política monetária tem efeito defasado e que o recente aperto deve ter um impacto mais forte sobre a inflação nos próximos meses
- Credit Suisse prefere, no entanto, que o BC tenha uma abordagem mais dependente de dados e com menos sinalizações, diante das incertezas
Alberto Ramos, do Goldman Sachs (GS)
- BC deve elevar Selic para 12,75% nesta reunião e manter a porta aberta a uma alta menor em junho devido ao cenário muito desafiador para a inflação corrente e prospectiva, além da deterioração das expectativas
- Banco ainda cita intensas pressões inflacionárias de custos e tendência estrutural altista das commodities
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
Marca do Itaú é avaliada em US$ 8 bi, a mais valiosa do país, diz estudo
Esta é a Viatina, a vaca mais cara do mundo, avaliada em R$ 8 milhões
©2022 Bloomberg L.P.