Bloomberg — Os presidentes da Rússia e da Ucrânia aceitaram convites da Indonésia, atual presidente do Grupo dos 20, para uma grande cúpula em novembro.
A decisão de convidar os dois líderes mostra o delicado equilíbrio que o país do Sudeste Asiático está tentando exibir como anfitrião do G-20 este ano. A Rússia é membro do G-20, e os países do grupo estão divididos na reação a Moscou pela guerra na Ucrânia.
O presidente da Indonésia, Joko Widodo, disse que a pandemia e a guerra na Ucrânia afetam a recuperação da economia global, e foi nesse contexto que convidou Putin e Zelenskiy para a cúpula em ligações separadas ao longo da semana.
“Expressei minha esperança de que a guerra possa terminar em breve e que uma solução pacífica possa progredir por meio de negociações”, disse ele em discurso. “Entendemos que o G-20 pode ser um catalisador para a recuperação econômica global.”
Conversei por telefone com o presidente russo Vladimir Putin sobre a situação na Ucrânia, bem como a cooperação com o G-20. Enfatizei que a guerra deve parar imediatamente e as negociações de paz devem ter uma chance. A Indonésia está disposta a contribuir para este objetivo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se recusou a dizer se Putin compareceria pessoalmente. Enquanto a Rússia se prepara para a cúpula em Bali, é “prematuro” discutir detalhes de sua participação, disse ele a repórteres em uma teleconferência na sexta-feira (29), respondendo a perguntas sobre a possibilidade de um encontro com Zelenskiy lá.
Até agora, Putin se recusou a se encontrar com Zelenskiy, mesmo quando o líder ucraniano disse que é a única maneira de acabar com a guerra. As negociações para um cessar-fogo temporário não tiveram tração, e não houve progresso significativo em um acordo de paz mais amplo.
Os Estados Unidos e alguns aliados têm pressionado a Indonésia a estender um convite à Ucrânia, frustrados com a recusa de Jacarta em excluir Putin. O país anfitrião normalmente convida líderes de diversos estados não pertencentes ao G-20 para participar como ouvintes, embora não participem de reuniões formais.
A Rússia foi fortemente sancionada por alguns estados do G-20 por sua guerra na Ucrânia, e líderes como o presidente dos EUA, Joe Biden, dificilmente se sentariam à mesma mesa que Putin se ele participasse da reunião. Biden disse que apoiaria totalmente a expulsão da Rússia do G-20, embora outros membros, como a China, se oponham à medida.
A Rússia foi expulsa do Grupo dos Oito após a anexação da Crimeia por Putin em 2014.
“A Indonésia quer unir o G-20. Não nos dividamos”, disse Widodo. “Paz e estabilidade são fundamentais para a recuperação e o desenvolvimento do mundo”.
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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