Oriente Médio ajuda a Europa a compensar queda no fornecimento do diesel russo

Fluxos do transporte de combustível do Golfo Pérsico para a Europa devem aumentar quase 130% este mês, de acordo com dados compilados

Por

Bloomberg — Os petroestados do Oriente Médio estão ajudando a Europa a compensar a queda no fornecimento de diesel da Rússia.

Os fluxos do transporte de combustível do Golfo Pérsico para a Europa devem aumentar quase 130% este mês, para 379 mil barris por dia, de acordo com relatórios de instalações e dados de rastreamento de navios-tanque, compilados pela Bloomberg. O número é o mais alto desde Outubro de 2020 e será maior do que a queda de 166 mil barris por dia nas importações europeias provenientes da Rússia, de acordo com os dados das reservas provisórias.

A mudança ocorre enquanto a União Europeia tenta isolar Moscou pela invasão da Ucrânia através de sanções. As exportações de energia ainda não foram penalizadas pelo bloco, mas traders, transportadores e seguradoras estão cada vez mais cautelosos em aceitar os barris russos. Na quarta-feira (27), Moscou intensificou seu impasse com a Europa cortando o envio de gás natural para a Polônia e para a Bulgária.

Na Europa, os preços do diesel, usado para abastecer caminhões, máquinas e navios, subiram cerca de 70% este ano. Isso é ainda mais do que o petróleo, que saltou para mais de US$ 100 o barril após o ataque da Rússia. O chamado crack spread para o diesel - uma medida da lucratividade do refino de petróleo - também aumentou de US$ 11 o barril no início de 2022 para mais de US$ 40.

Isso está dando a países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos um incentivo para aumentar as exportações de diesel. Os dois países, membros da Opep, são conhecidos como produtores oscilantes por sua capacidade de aumentar a produção de petróleo. Mas depois de mais de uma década expandindo a capacidade de refino e construindo alianças comerciais, os dois países agora estão desempenhando um papel semelhante nos mercados de combustíveis refinados. Os fluxos de diesel podem gerar aos produtores do Oriente Médio cerca de US$ 1,5 bilhão em receita ao longo deste mês com base nos preços atuais, segundo cálculos da Bloomberg.

Os estoques de diesel em todo o mundo caíram significamente no ano passado, depois que a demanda se recuperou do pior da pandemia de coronavírus. Com o início da guerra na Ucrânia, a tendência acelerou. O problema pode piorar nos próximos meses, à medida que mais contratos de fornecimento russo de longo prazo expirarem e os comerciantes se recusarem a estendê-los, disse Matt Stanley, corretor da Star Fuels em Dubai.

A Rússia ainda será o maior fornecedor de diesel para a Europa este mês, com fluxos médios de 618 mil barris por dia. O último plano para as exportações de diesel do porto báltico de Primorsk, na Rússia, mostra que os fluxos devem cair 31% em maio, para 269 mil barris por dia.

Carregadores e comerciantes reservaram 19 navios para levar os produtos refinados do Golfo para a Europa para entrega em maio, quase três vezes mais do que o reservado para entrega em abril no mesmo período do mês passado.

As refinarias do Oriente Médio têm capacidade de aumentar ainda mais a produção de diesel, já que estão saindo do tradicional período de manutenção de inverno, quando a demanda é menor.

Empresas como Saudi Aramco e Abu Dhabi National Oil Co. estão entre as mais propensas a se beneficiar do aumento do diesel, disse Stanley. Isso porque seus negócios integrados de produção, refino e comercialização permitem que eles reajam rapidamente às oscilações do mercado.

A maior refinaria de Ras Tanura da Aramco, capaz de lidar com 550 mil barris de petróleo por dia, voltou à capacidade após fechar as unidades de diesel para manutenção em março, de acordo com traders. A nova refinaria que produz 400 mil barris por dia, em Jazan, no Mar Vermelho, está em crescimento, disseram eles.

Nos Emirados Árabes, a Adnoc e a Emirates National Oil Co., de Dubai, reiniciaram unidades que processam condensado, um tipo leve de óleo.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Balanços de techs injetam ânimo aos mercados, que avançam nos EUA e na Europa

Goldman diz que ajuda ao clima precisa de mais US$ 2,8 trilhões por ano