Google diz que PL das fake news ainda não está maduro para ser votado

Fábio Coelho, presidente da empresa no Brasil, considera que não pode haver uma votação que deixe arestas para serem aparadas depois da votação

Presidente da empresa no Brasil considera que projeto de lei sobre o tema ainda não está maduro para ser votado no Congresso
28 de Abril, 2022 | 07:08 PM
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Bloomberg Línea — O presidente do Gloogle (GOOG) no Brasil, Fábio Coelho, disse que o Projeto de Lei 2630/2020, conhecido como PL das Fake News, ainda não está maduro para ser votado no Congresso Nacional. Para ele, não pode haver uma votação que deixe em abertos certos pontos críticos sobre o assunto.

O PL partiu da premissa que o Google não remunera os veículos jornalísticos. Essa premissa é falaciosa. Temos acordos comerciais com mais de 70 empresas e nosso objetivo é ter mais uma centenas de players”, disse o executivo em uma conversa com jornalistas antes da abertura de um evento da empresa em São Paulo.

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No início do mês, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou o pedido de urgência para votação do projeto de lei por falta de votos suficientes. A proposta recebeu críticas durante a sessão, especialmente da base do governo, que considera que o PL limita a liberdade de expressão.

Entre os críticos estava o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). “Eu fui preso inconstitucionalmente com base nesse inquérito ilegal das fake news. É impossível que esse texto seja aprovado”, disse à época, ainda antes de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal por pela divulgação de vídeos contra ministros da Corte em redes sociais.

“O projeto não está maduro para ser votado. Mas estamos sempre abertos ao diálogo e existem pontos que estamos trabalhando com o relator”, disse Coelho.

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No último dia 6, o executivo esteve reunido com os ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para tratar das iniciativas que estão sendo tomadas para a campanha presidencial deste ano. Segundo Coelho, o Google está comprometido em aplicar as políticas já existentes da empresa e de remover de suas plataformas os conteúdos que violem os termos de uso.

Compra do Twitter

Sobre a compra do Twitter (TWTR) pelo bilionário Elon Musk, Coelho disse que a plataforma já tem um valor histórico no mercado. “A chegada dele [Elon Musk] pode trazer mais arrojo para a empresa, que é uma característica dele”, disse o presidente do Google no Brasil. Ele lembrou ainda que “a liberdade de expressão precisa respeitar os termos de uso da plataforma.

Hábito de compra do consumidor

Em meio ao embate do projeto de lei, o Google divulgou os resultados de uma pesquisa encomendada à Offerwise sobre alguns comportamentos e intenção de compras dos consumidores. Entre as principais descobertas está o desejo do consumidor de voltar a fazer compras mais intencionais e não mais aquelas que foram “forçadas” a fazer pelas necessidades impostas pela pandemia.

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De acordo com a pesquisa, 70% dos entrevistados disseram estar empolgados em decidir o que comprar sem as limitações do período. Além disso, 8 em cada 10 pessoas afirmaram que devem trocar de marca caso entendam que ela não esteja conectada à identidade ou suas necessidades.

Para Coelho, o desemprego e a inflação deixaram as pessoas com menos dinheiro e as empresas vão precisar entender os melhores caminhos para chegar nesses consumidores, que aprenderam a pesquisar melhor e valorizar os preços. “Cerca de 114 milhões fizeram compras online entre 2021 e 2022. Houve uma mudança importante de como os consumidores tomam suas decisões em relação às marcas e produtos. O consumidor está mais intencional e com menos dinheiro no bolso”, disse.

A pesquisa mostrou que 42% das pessoas responderam que ao fazerem uma pesquisa na internet estão abertas a mudarem sua decisão de compra. Além disso, 21% disseram que não mudam sua intenção ao pesquisarem por algum produto. No segundo caso, a pesquisa server como validação da decisão do consumidor. “Os critérios estão mais complexos. É impossível entender esse comportamento sem envolver a automação, machine learning para que a abordagem a esses consumidores seja mais eficiente”, afirma Coelho.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.