Bloomberg — O Bitcoin pode ter se comportado mais ainda como uma ação de tecnologia nos últimos meses, mas os aficionados em criptomoedas prometem que isso vai mudar.
A maior criptomoeda do mundo chegou a cair 6,1% na terça-feira para abaixo de US$ 38.000, o menor nível desde meados de março. O movimento refletiu de perto o declínio no mercado de ações dos EUA.
Mas o Bitcoin nem sempre se comportará dessa maneira - em breve, começará a traçar seu próprio caminho, ou assim promete Michael Saylor da MicroStrategy.
No momento, os traders pensam que a moeda está correlacionada a ativos de risco, então se eles vendem risco, também vendem Bitcoin. Mas, “obviamente não é uma ação de tecnologia - é na verdade o melhor refúgio contra risco”, disse Saylor em entrevista à CNBC.
“Com o tempo, ao longo de 4, 5, 6, 7 anos, todo mundo vai se dar conta. Mas agora, os traders e tecnocratas controlam a negociação de mercado do Bitcoin, e é uma função do cabo de guerra entre eles e o clima no mercado”, disse ele.
O fato de o Bitcoin não ter sido capaz de traçar seu próprio curso nos últimos meses é estranho para o universo cripto - a moeda há anos é oferecida como um ativo não correlacionado, que não está vinculado a nenhum governo e é improvável que seja influenciado por forças ou fatores externos.
Mas tanto as ações de tecnologia quanto o Bitcoin registraram grandes oscilações este ano, à medida que o Federal Reserve se torna mais agressivo em sua luta contra a inflação.
O coeficiente de correlação de 90 dias da moeda com o Nasdaq 100 está acima de 0,60, entre as leituras mais altas já registradas. (Um coeficiente de 1 significa que os ativos se movem em sincronia, enquanto -1 mostraria que se movem em direções opostas.)
“Quando o apetite ao risco é mais forte, é quando você vê muita atividade no espaço cripto”, disse Shawn Cruz, estrategista-chefe de trading da TD Ameritrade.
Mas os investidores em criptomoedas estão esperançosos de que os ativos digitais possam quebrar esse padrão. Apesar das perspectivas sombrias para a economia dos EUA no final deste ano, as criptomoedas podem se sair bem, de acordo com Tom Dunleavy, da Messari.
A inflação pode se estabilizar em níveis mais altos, “interrompendo a correlação negativa dos ativos tradicionais de refúgio em relação às ações”, escreveu ele em um post intitulado “The De-Coupling Thesis”.
Novas alternativas precisam ser consideradas nesse cenário. Ele projeta que a ideia do Bitcoin como uma versão melhor do ouro, entre outras coisas, será ainda mais solidificada e a correlação da moeda com os mercados de ações diminuirá.
Enquanto isso, os investidores de Bitcoin amargam perdas de 18% este ano, enquanto o Nasdaq 100 caiu 20%.
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