Por que os unicórnios brasileiros estão demitindo

Aquisições, reajustes de projetos, valuations ajustados e crise econômica podem ser algumas das razões por trás das demissões das startups bem-sucedidas do Brasil

QuintoAndar, Loft, Facily e Creditas fizeram cortes nos últimos dias.
26 de Abril, 2022 | 09:23 AM

Bloomberg Línea — As altas taxas de juros e a instabilidade política e social em todo o mundo estão afetando as startups, e os investidores de venture capital agora buscam ajustar as avaliações. Isso tem impactado centenas de trabalhadores de unicórnios brasileiros: nos últimos dias, as empresas de tecnologia bilionárias QuintoAndar, Loft, Facily e Creditas fizeram demissões.

O QuintoAndar demitiu cerca de 160 funcionários (4% de seu quadro), segundo a empresa. A Loft, sua principal rival, avaliada em US$ 3 bilhões, disse que demitiu 159 pessoas. A Facily não revela quantas pessoas foram demitidas, mas uma pessoa familiarizada com o assunto confirma ao menos 130 pessoas mandadas embora. A Creditas, enquanto isso, disse que demitiu 11 pessoas.

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Os culpados mencionados por fundadores e CEOs são as taxas de juros voláteis, o que torna o financiamento mais caro para empresas de capital de risco, especialmente para startups que não têm fluxo de caixa positivo.

“Já sabíamos que não teríamos juros tão baixos, mas nossa surpresa foi como o mercado virou rápido, uma vez que os governos aceleraram o aumento da taxa de juros”, disse Diego Dzodan, CEO da Facily, em entrevista à Bloomberg Línea.

Outro fator para demitir pessoas, dizem os executivos, tem a ver com razões geopolíticas e tendências econômicas globais, algo que afeta as operações dos capitalistas de risco, bem como das empresas de seu portfólio. Outras razões incluem questões macroeconômicas, como a alta inflação, a desvalorização do dólar e a guerra na Ucrânia.

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Por isso, os fundos de capital de risco podem encontrar argumentos para desistir dos compromissos.

Uma pessoa afetada pelas demissões na Facily disse à Bloomberg Línea, sob condição de anonimato, que há um mês e meio Dzodan teria dito que o investidor que havia cometido uma rodada estava saindo do investimento.

Segundo a pessoa, no ano passado, a Facily passou de 20 para 300 pessoas. Agora, cerca de 200 foram demitidos.

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Por sua vez, Dzodan diz que nenhum fundo específico já teria comprometido o investimento, mas que neste momento todo o mercado tem “muito menos interesse”.

“Tivemos quatro rodadas de financiamento no ano passado. Sempre temos que avaliar cenários. No final do ano passado, imaginávamos 2022 com um cenário que poderia continuar vindo mais rodadas, supondo que as condições do ano passado fossem mantidas, mas desde os primeiros dias de janeiro ficou claro que o mercado estava mudando muito rápido e a disponibilidade de fundos para esse tipo seria muito menor. Ajustamos nossas expectativas”, disse Dzodan.

Dinheiro para queimar?

As startups nem sempre geram caixa ou geram lucro. Na maioria das vezes, as empresas da chamada “nova economia” apostam que o investidor terá mais paciência e poderá esperar mais tempo para ser remunerado, como aponta Bruna Losada, em seu livro “Finanças Para Startups”. Mas isso não significa que uma empresa não precise gerar caixa. Terá que gerar caixa um dia e, pela paciência do investidor, terá que remunerá-lo bem. Um caso clássico é o Nubank (NU), que só gerou lucro no ano passado. Antes disso, a fintech mais valiosa da América Latina estava no vermelho.

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Unicórnios como o Nubank e o QuintoAndar são tidos como grandes casos de sucesso entre as startups. A proptech - empresa de tecnologia imobiliária - está avaliada em US$ 5,1 bilhões, muito por conta de seus aportes bilionários e uma margem operacional que garante aos investidores uma boa visão do futuro da empresa. Trimestralmente, o QuintoAndar tem reportado crescimento de receita. Fontes com conhecimento do assunto disseram que uma das principais razões das demissões foi uma gestão focada em fundos de investimento e falta de planejamento.

Mas, segundo Gabriel Braga, CEO e cofundador do QuintoAndar, no começo da empresa era difícil atrair investidores e foi feito muito esforço para tocar a startup sem picos de dinheiro. Desde 2018, o cenário mudou.

O QuintoAndar captou sua Série C com a General Atlantic, a Série D com o SoftBank, e no ano passado teve duas rodadas. “Faz parte das empresas saberem navegar essas oscilações no mercado de capitais”, disse o executivo em entrevista à Bloomberg Línea.

“A gente não existe porque tem investidor, perduramos mesmo sem investidor. 2021 foi o melhor ano para a América Latina e esse ano teremos um ajuste no mundo inteiro e vamos ver isso ao longo dos próximos meses. Não acho que os investimentos vão desaparecer, mas vai reduzir um pouco a euforia de capital disponível. Não precisamos de dinheiro hoje, não estávamos pensando em nenhuma rodada a curto prazo, mas olhamos isso como uma das informações no nosso radar”, explicou.

Números e dados

A Facily é uma startup de social commerce fundada em 2018 que promove compras em grupo. Uma pessoa diretamente afetada pelos cortes da Facily disse à Bloomberg Línea que desde o ano passado, a empresa costumeiramente apresentava fluxo de caixa negativo. Mas a Facily virou unicórnio, e isso tranquilizou todo mundo, disse. Segundo essa pessoa, o erro da Facily teria sido atacar várias frentes de uma vez, incluindo marketplace e fintech.

Em fevereiro, a empresa teria congelado promoções e novas contratações.

Depois, a startup teria cortado contratos de terceiros e começado a demitir pessoas fora da área de tecnologia. De acordo com essa pessoa, a promessa era de que ninguém do time de tecnologia seria desligado, mas quase 70% dessa equipe foram demitidos. “O número estimado é de 200 pessoas”, disse.

Diego Dzodan, CEO da empresa, afirmou, em entrevista à Bloomberg Línea, que a decisão pelos cortes foi tomada pelo contexto de financiamento para startups.

Antes tinha muito dinheiro para investimento em companhias como a Facily. Agora tem pouquíssimo dinheiro para empresas como a nossa. Em um contexto que tem menos dinheiro, a coisa certa a fazer é preservar o caixa da companhia. Isso acaba passando por reduzir despesa, como essa redução no time”.

2021 foi o ano em que o Brasil teve mais investimentos em startups. No ano passado, as startups brasileiras receberam US$ 9,4 bilhões, o dobro de 2020, com crescimento acumulado de 755% em cinco anos, segundo dados da plataforma de inovação Distrito.

De acordo com uma pessoa familiarizada com a situação de financiamento do QuintoAndar, “o mercado de VC estava cheio de dinheiro. Estava sobrando. Se você apresentava um mínimo de viabilidade econômica para uma empresa, você recebia um aporte”.

A pessoa, que preferiu não ser identificada já que as discussões são privadas, disse que o QuintoAndar recebeu aportes bilionários porque é uma empresa que está crescendo, mas está crescendo desordenadamente.

“Eles acabam tirando muitos projetos da cartola e muitos projetos dão errado, muitos não dão retorno e tem que passar para um novo projeto, porque não existe essa governança, esse controle para dar segurança para os investidores. Se você não dá segurança para os investidores, você tem que ajustar a margem, e são as pessoas que sofrem, são mandadas embora. Essa é a cultura do QuintoAndar. Uma cultura pró-número, e pouco para as pessoas”, disse.

O CEO do QuintoAndar argumenta que a startup é uma empresa ágil, em constante evolução, e que faz parte do processo priorizar um projeto que deu mais certo a outro, fazendo ajustes na alocação do dinheiro e pessoas. “Nosso processo intencional de planejamento não é estático, não vai ser o mesmo plano por cinco anos. Não é amador nem falta de profissionalismo, só é consequência inerente do que a gente se propõe a fazer, que é inovar e crescer rápido”.

VC caro, dinheiro caro

Fernando Moulin, professor do INSPER e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente, diz que as condições macroeconômicas são o principal motivo das demissões dessas startups, já que o mercado antecipa o movimento de aumento das taxas de juros por parte dos bancos centrais.

Os investidores exigem um retorno justo sobre seu patrimônio e investir em negócios de tecnologia de crescimento muito rápido são negócios intensivos em caixa que geram uma perspectiva de lucro potencial futuro. “Com o dinheiro do capital de risco ficando mais caro, os investidores tendem a pressionar por ajustes de governança e questionar a solidez, se o negócio vale a pena”, explica. “No entanto, se você está muito preocupado com o gerenciamento de processos internos, está perdendo o mercado em expansão. E se o mercado crescer a uma taxa de 10% e você crescer a 8%, você perde o cheque”.

Uma das pessoas ouvidas pela Bloomberg Línea disse que o problema do QuintoAndar é que a empresa não tem conseguido mostrar a margem que os investidores esperam porque falta governança nos projetos, que são feitos na “tentativa e erro”. O modo mais rápido de aumentar a margem para os investidores e reduzir o custo é demitindo.

No SoftBank, um dos maiores investidores do QuintoAndar, o sentimento é diferente. O líder de comunicações do SoftBank para a América Latina, Eduardo Vieira, disse que o conglomerado japonês não impôs qualquer tipo de restrição, tampouco tirou o pé do acelerador em qualquer investimento das empresas do portfólio da América Latina.

“As empresas do nosso portfólio na região estão crescendo de maneira muito acelerada e é normal que tenham ajustes, e isso não necessariamente tem a ver com o quadro macro. A gente vê muitas dessas empresas do nosso portfólio com vagas em aberto. Rigorosamente não há nenhum direcionamento nosso para nenhuma empresa do portfólio tirar o pé do acelerador na América Latina”, disse Vieira.

A fonte ouvida pela Bloomberg Línea com conhecimento do QuintoAndar explica que as reuniões com o conselho de investidores acontecem, em geral, trimestralmente, então a visão da empresa é trimestral. “Na hora que você está prestes a ter que montar um relatório para os investidores e você não tem um plano decente de longo prazo, você tem que mostrar um resultado. A forma que você pode mostrar um resultado na hora é crescendo a receita e aumentando a margem ou aumentando a margem e tirando o custo. Quando você não consegue crescer a receita, até porque existe um mercado competidor muito forte contra o QuintoAndar com outros concorrentes surgindo, o que você tem que fazer para mostrar o resultado para o investidor? Tirar o custo”, disse.

Braga explica que o QuintoAndar olha margens para o investidor com atenção e consciência em um processo de ponderar crescimento e lucratividade.

Não é questão de mostrar margem para o investidor, mas do trade-off do que a gente olha mais para o negócio naquele momento. Há momento que o cenário está um pouco mais adverso e você preserva um pouco de caixa. Temos um grupo de investidores privilegiados, mas quem toca o negócio é a gente. Os investidores nos apoiam, mas não existe influência em curto prazo das direções a serem tomadas. Eu não sinto pressão de como a gente administra margem contra crescimento, sinto um apoio e confiança na trajetória que a gente vem fazendo”, disse, em entrevista à Bloomberg Línea.

Demissões por conta de aquisições

Duas fontes ouvidas pela Bloomberg Línea que foram diretamente afetadas pelas mudanças disseram que os problemas financeiros no QuintoAndar começaram depois da aquisição da Casa Mineira em março de 2021.

“Desde que eles fizeram essa aquisição, algumas coisas começaram a mudar. Benefícios foram retirados, a comissão dos corretores foi reduzida”, disse uma ex-funcionária. Segundo essa pessoa, as metas começaram a ficar mais difíceis de serem batidas. Um dos ouvidos disse que o QuintoAndar não teve o retorno esperado com as aquisições. Além da Casa Mineira, recentemente o QuintoAndar comprou a Noknox e a Navent.

Mas, segundo Braga, a Casa Mineira foi a aquisição mais relevante que a startup já fez. “Desde que fizemos essa aquisição, a gente intensificou a liderança em Belo Horizonte, tivemos um trimestre de recorde histórico para o QuintoAndar com a Casa Mineira. Mais que dobramos a conversão dos nossos leads com essa aquisição. Estamos evoluindo para trazer imobiliárias para serem nossos parceiros dentro da plataforma e a Casa Mineira foi pioneira nisso em Belo Horizonte. Já sobre as aquisições mais recentes, está tudo evoluindo conforme a gente imaginava”.

A Casa Mineira, maior imobiliária de Minas Gerais, também foi pauta judicial do QuintoAndar contra sua principal concorrente, a Loft. Nesta semana, a Justiça de São Paulo concedeu vitória, em primeira instância, para o QuintoAndar em uma ação contra a Loft. O QuintoAndar alega que a Loft teria usado fotos de seus imóveis no marketplace e se posicionado como parceiro da Casa Mineira. O QuintoAndar disse que não comentaria o assunto. A Loft disse, em nota à imprensa, que tem como política não usar imagens de outros portais e imobiliárias sem autorização.

“Pelo contrário, a Loft possui processos internos que, de acordo com os termos e condições de uso de seu site, procuram evitar qualquer uso indevido de fotografias de propriedade de outros portais e imobiliárias, garantindo assim a qualidade das fotos e informações. Além disso, em consonância com o Marco Civil da Internet, a Loft não se responsabiliza pelos atos dos anunciantes no uso da plataforma (sejam corretores ou proprietários de imóveis). A Loft repudia qualquer acusação de suposta menção indevida de parcerias com terceiros. Em especial, a Loft nunca utilizou o nome institucionalmente ou fez qualquer menção a ter relação de parceria com a imobiliária mencionada na ação movida pelo QuintoAndar. A Loft apresentou esclarecimentos preliminares no processo, deixando claro que não houve os ilícitos alegados pelo QuintoAndar. A empresa ainda não foi notificada da decisão judicial e avaliará a possibilidade de recurso”.

Redundância

As 159 demissões da Loft foram causadas por uma aquisição. Em entrevista à Bloomberg Línea, o cofundador e co-CEO da Loft, Mate Pencz, disse que os cortes aconteceram devido à compra da CredHome. Com a junção das equipes, a Loft demitiu funcionários da área de crédito. Cerca de 60 pessoas foram realocadas internamente, de acordo com Pencz.

Segundo o executivo, com as altas taxas de juros, a empresa viu uma desaceleração no mercado de crédito imobiliário desde o final do ano passado. “As altas taxas de juros impactaram alguns segmentos do mercado imobiliário, mas em geral temos uma tendência de crescimento com mais transações acontecendo nos três primeiros meses deste ano em relação ao ano passado”.

Ele afirma que a Loft pode trabalhar em parceria com imobiliárias, o que gera menores custos incrementais para a startup. “Dependendo do modelo de negócio que você opera, você acaba sendo mais eficiente e tem menos necessidade de carregar o custo em casa. Nos últimos anos, os setores vêm se consolidando. Imagino que depois dessa onda de consolidações que ocorreu nos últimos anos, este ano vamos passar por uma fase de gestão dessas aquisições. Isso não significa que haverá mais demissões no mercado, mas acho que essas empresas, pelo seu tamanho, estão cada vez mais aptas a serem mais eficientes”, explica.

Para Pencz, um período de altas contratações, consolidação seguidas por fases de maiores ganhos de eficiência fazem parte da trajetória das empresas de tecnologia.

Desde fevereiro, alguns funcionários do QuintoAndar já sabiam que suas áreas de atuação seriam cortadas e a empresa teria oferecido a possibilidade de realocação para esses funcionários. Alguns foram realocados - os de salário mais baixo, segundo os entrevistados - outros foram negligenciados no processo de realocação e acabaram demitidos. Segundo ex-funcionários, os salários do QuintoAndar são altos, em comparação com o mercado.

Uma das áreas afetadas pelo corte teriam sido as vendas de imóveis, que seriam substituídas pelos polos presenciais que o QuintoAndar abriu junto com a Casa Mineira. Nesses polos, os funcionários seriam terceirizados, gerando menos custos para a empresa, segundo informações de ex-funcionários.

Mas, segundo Braga, a área de compra e venda de imóveis “superou as expectativas”. “Os hubs nos modelos que a Casa Mineira já tinha fizeram crescer o número de pessoas que estão com a gente, os corretores parceiros. Gera uma redundância, mas não é uma relação direta. A gente incorporou um aprendizado que permitiu a gente escalar a compra e venda em outras cidades mais rápido. Nossas aquisições são complementares”.

Processos internos

Não é a primeira vez que a Facily tem problemas com sua imagem. Há seis meses a empresa passou por uma crise de imagem após uma reportagem na televisão mostrar que o unicórnio estava em negociação com o Procon porque a empresa não organizava seus processos para escalabilidade e os clientes reclamavam de problemas com pedidos.

“Tivemos quatro rodadas de financiamento no ano passado. Sempre temos que avaliar cenários. No fim do ano passado, imaginamos 2022 com um cenário que poderia continuar vindo mais rodadas, assumindo que se mantivessem as condições do ano passado, mas desde os primeiros dias de janeiro ficou claro que o mercado estava mudando muito rápido e a disponibilidade de fundo para esse tipo seria muito menor. Ajustamos nossa expectativas”, afirmou Dzodan.

Avaliada em US$ 4,8 bilhões, a Creditas também teve demissões. Em nota à imprensa, a Creditas disse que a única área que teve ajuste interno foi a equipe de gestão de escritórios e espaço físico, com redução de 11 pessoas, devido à adoção do modelo de trabalho híbrido. “Atualmente, estamos utilizando apenas 15% da capacidade de nossos espaços físicos. Nosso quadro de funcionários permaneceu estável durante os meses de março e abril deste ano, totalizando mais de 4.000 funcionários. Seguimos com o ritmo acelerado de crescimento de receita e crescimento de projetos em 2022 de mais de duas vezes”, disse.

Todos os ex-funcionários do QuintoAndar ouvidos pela Bloomberg Línea relataram falta de cuidado com os funcionários e culturas de fachada interna, que na prática não são seguidas. “A forma como tudo aconteceu foi bastante impessoal”, disse um dos entrevistados.

“Acho que foi falha de planejamento. Miraram na campanha no Big Brother Brasil e não atingiram o objetivo”, disse uma ex-funcionária. Não foi a primeira vez que o QuintoAndar apostou no Big Brother Brasil para evidenciar sua marca. Em 2021, a startup também investiu em publicidade no programa e repetiu a estratégia este ano.

Segundo Braga, o investimento no programa gera oportunidade para toda a empresa. “Não tem isso de investir um pouco aqui e ter que cortar do outro lado. Nossa força de trabalho precisa investir em crescimento para gerar oportunidades. Tivemos resultados com a repercussão da nossa marca nas redes sociais”.

De acordo com os entrevistados, o QuintoAndar apenas teria se mobilizado para ajudar os funcionários demitidos com recomendações para novas vagas depois que viralizou no LinkedIn uma planilha com os nomes e funções dos demitidos. “Acho que a forma como tudo foi conduzido foi desalinhado com os valores que a empresa prega. Há funcionários que estão de férias e receberam e-mail de demissão. Muitas das pessoas mandadas embora são mães. Poderia ter sido feito de uma forma um pouco mais humanizada”, disse uma das pessoas ouvidas.

“Foi um ano de trabalho perdido, não deu nem tempo de passar para os outros as bases que eu atualizava”, disse outra ex-funcionária. “Como é uma startup, todo mês tem uma reestruturação por conta de estratégia”.

Braga replica que o QuintoAndar tem um carinho pelos funcionários e que a empresa tem uma cultura muito focada nos clientes e em abraçar o novo. “Mudança e adaptação são inerentes ao que a gente é. Buscamos alta performance, eficiência, por isso a gente estica metas, propõe desafios diferentes, nem todo mundo se adapta. Mesmo que a gente tenha todo esse carinho, pode ser que a interpretação de como alguém saiu não tenha sido perfeita. A gente também pisa na bola, não somos perfeitos. Tentamos ser ágeis e procuramos a maneira discreta de ajudar na realocação com empresas amigas”.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups