Bloomberg Línea — Bioeconomia. O termo, que pode soar autoexplicativo, foi o motor por trás da união de cinco instituições que criaram uma parceria para proteger os ecossistemas da Amazônia através do investimento em startups estabelecidas ou que já atuam na maior floresta tropical do mundo.
Integram esta iniciativa a Amazon Investor Coalition (AIC), a Earth Innovation Institute (EII), a Fundação CERTI, instituição de base tecnológica de Santa Catarina, a NEXUS, uma rede global de investidores de impacto de nova geração, filantropos e aliados, e a Partnerships for Forests (P4F), programa financiado pelo governo do Reino Unido.
Para o primeiro ano do projeto, já em 2022 e sob o suporte da P4F, são previstos US$ 10 milhões em filantropia, US$ 30 milhões em investimento privado e US$ 5 milhões em acordos de compra corporativa para produtos florestais de origem sustentável. Porém, o projeto é de longo prazo e não possui um tempo pré-estabelecido para acontecer.
Juntas, as organizações pretendem trabalhar para o fortalecimento do ecossistema de inovação na Amazônia e a formação de uma Aliança Pan-Americana com os principais mecanismos de empreendedorismo que atuam na região, como aceleradoras, incubadoras e programas de fomento ao empreendedorismo local.
Bioeconomia e floresta em pé
A bioeconomia estuda os recursos naturais aliados às novas tecnologias para criar produtos e serviços mais sustentáveis. Por isso, o foco é trabalhar ao lado de startups que gerem competitividade econômica para a floresta, “tornando os ecossistemas florestais mais valiosos em pé do que desmatados”, explica Janice Rodrigues Maciel, Gerente do Centro de Economia Verde da Fundação CERTI e coordenadora da Jornada Amazônia, iniciativa de oportunidades de negócios baseadas na biodiversidade.
Para fazer parte da iniciativa, “é fundamental que as startups possuam uma tese clara de impacto positivo para a floresta em pé”, explica Maciel em entrevista à Bloomberg Línea. Startups de diversos setores já estão sendo contempladas, como alimentos e bebidas, fármacos, varejo, serviços financeiros, energia e meio ambiente, educação, saúde, infraestrutura, e TI, por exemplo.
Até o momento foram contempladas 15 startups. Entre elas, a Manioca, de alimentos, a Belterra, que restaura áreas degradadas, a DCO Sustentável, de energias renováveis, e a Awi Superfoods, também de alimentos.
Maciel também explica que as iniciativas propostas estão ancoradas no setor privado, mas lembra que “haverá articulação constante para a participação do poder público no projeto, fundamental para alavancarmos os resultados”. Além disso, ela ressalta que o capital público tem um papel importante na redução do risco para destravar capital privado, e tornar startups em estágio inicial mais financiáveis.
“Para que a bioeconomia cresça, filantropia, capital público e privado e investimento corporativo precisam estar simultaneamente engajados na agenda”, diz.
Na prática, para medir ou regular as ações efetuadas, Maciel explica que está em desenvolvimento um sistema de métricas para o monitoramento da competitividade e sustentabilidade das áreas de floresta conservada, focado na tese de impacto do Ecossistema no médio e longo prazos.
Para o presidente e diretor executivo do Earth Innovation Institute (EII), Dan Nepstad, os pilares para a preservação da floresta e também para um futuro mais próspero depende principalmente “investimentos em novas bioeconomias promissoras, novas parcerias comerciais e o tão esperado mercado de carbono para programas estaduais de REDD+”.
O REDD+ é um incentivo desenvolvido pela Organização Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus resultados acerca da redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação de florestas.
Leia também
Por que os unicórnios brasileiros estão demitindo
O que um ex-modelo da Abercrombie tem a dizer sobre novo documentário da Netflix