Bloomberg — O Bitcoin (BTC) parece estar preso em um ciclo vicioso: os preços estão diminuindo, as buscas pela maior criptomoeda e outros ativos digitais caíram, cada vez menos moedas estão sendo negociadas, e os fundos relacionados a criptomoedas estão vendo saídas massivas.
De fato, uma análise do UBS de cerca de 160 produtos mostra que abril deve registrar as maiores saídas de ETFs relacionados a criptomoedas já vistas, com os investidores levando mais de US$ 417 milhões até agora este mês. Um produto Bitcoin da Purpose teve saída de mais de US$ 220 milhões desde o final de março.
Em outras palavras, o último surto de febre de criptomoedas parece estar acabando, assim como aconteceu após o boom e o colapso de 2017 e 2018. O setor também não está mais registrando o enorme afluxo de novos investidores dos últimos dois anos.
“A grande maioria da população parece ter pouco interesse em criptomoedas porque é muito difícil, volátil e esquisito”, disse James Malcolm, chefe de câmbio e pesquisa de criptomoedas do UBS, por telefone. “Então, de certa forma, estamos empacados.”
As criptomoedas, assim como outros ativos considerados mais arriscados ou mais voláteis, foram vendidas este ano à medida que os bancos centrais de todo o mundo aumentam as taxas de juros para combater a alta inflação. O Bitcoin atingiu um pico de quase US$ 69 mil em novembro, antes do início de uma liquidação, e não conseguiu se recuperar. O criptoativo caiu cerca de 40% desde que atingiu esse recorde.
Os volumes totais de trading em exchanges de criptomoedas como Coinbase e Kraken também caíram, pois o interesse continua baixo e o fluxo de novos investidores secou. Enquanto isso, as pesquisas do Google pela palavra “Bitcoin” também diminuíram, e a atividade de mídia social no fórum do Reddit sobre criptomoedas – medida por coisas como comentários e postagens por dia – caiu em relação aos níveis de meados de 2021.
Então, o que precisa acontecer para o interesse reacender? Malcolm, do UBS, diz que os participantes do setor querem maior clareza regulatória, algo que ainda pode estar muito distante. Se os preços começassem a subir novamente, os investidores poderiam retornar.
“O Bitcoin precisa de novas pessoas ou de players existentes que dediquem uma fatia cada vez maior de recursos ao setor”, disse.
Um motivo pelo qual o Bitcoin está empacado é que boa parte da oferta da moeda está se movendo para contas de titulares de longo prazo. Analistas da Blockforce Capital, que usaram dados da Glassnode, citam a “quantidade enorme” da moeda que saiu das exchanges recentemente e que fica “offline”, o que significa que provavelmente não será negociada. O número de moedas ilíquidas não está apenas crescendo, mas sua taxa de crescimento também está acelerando.
No entanto, os dados podem trazer um vislumbre de esperança. “Só vimos esse nível de saída das exchanges quatro vezes desde o início de 2018″, escreveram os analistas em nota. “Três desses casos estavam correlacionados com um forte movimento ascendente no preço não muito tempo depois.”
--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.
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