São Paulo — Quem recebe em dólar (USDBRL) teme que a cotação mire novos pisos, como R$ 4,50. Quem precisa da moeda norte-americana tem a preocupação oposta, pois ganha com a valorização do real. Os últimos movimentos do câmbio, com oscilações firmando um patamar abaixo de R$ 5, ajudam a movimentar as fintechs do segmento.
A demanda por serviços, tanto transferências internacionais como retirada de papel-moeda por viajantes, favorece os sites e aplicativos que simplificam e agilizam a vida dos usuários. Nestes meses anteriores ao início do verão no hemisfério Norte e às férias escolares, as consultas às corretoras digitais estão aquecidas, com turistas e pessoas jurídicas buscando o menor custo financeiro nas transações.
Remessa Online
“O real mais valorizado trouxe mais oportunidades para pessoas físicas que querem mandar dinheiro para o exterior, viajar para fora, consumidor produtos e serviços importados. Ficou mais barato viajar. Sentimos ainda retomada do segmento PJ, com pequeno e médio exportador. Tenho a expectativa de que o dólar deve voltar a um patamar próximo de R$ 5,00″, diz Alexandre Liuzzi, diretor de estratégia da Remessa Online, à Bloomberg Línea.
A Remessa Online foi adquirida pela plataforma de pagamentos EBANX em dezembro último, por R$ 1,2 bilhão e ampliou recentemente sua parceria com o banco digital Nubank, anunciada em julho de 2021, incluindo também a oferta de seus serviços de câmbio aos clientes pessoas jurídicas da unicórnio. “Estamos satisfeitos com a parceria com o Nubank. Tivemos um crescimento acima do esperado. Podemos evoluir para outros negócios”, afirma Liuzzi.
A fintech tem ainda uma parceria com o NG.Cash, banco digital com mais de 600 mil correntistas da Geração Z, entre 10 e 24 anos, uma das apostas da Remessa Online. “São adolescentes que usam a carteira desse banco digital com foco para um público mais jovem, interessado em criptomoeda, jogos, metaverso”, comentou Liuzzi.
O site da Remessa Online informa cobrar taxa administrativa (spread) a partir do valor da operação e varia de acordo com a faixa de valor e a moeda. No caso do dólar americano, o custo é de 1,64% para envios e recebimentos menores que R$ 20 mil e de 1,54% para maiores do que esse valor. Qualquer operação com euro tem custo de 1,54%.
Wise
Já a Wise, empresa londrina de tecnologia global fundada em 2011 sob o nome TransferWise, não oferece ainda a solução de transferências internacionais para contas PJ no Brasil, apenas para pessoa física. Com TED (transferência eletrônica), o custo da Wise para as principais moedas (libra, euro e dólar americano, australiano e canadense) é de 1,04%, além do IOF (0,38% para transferências para terceiros ou 1,1% para transferências entre contas da mesma titularidade). Para outras moedas, o custo pode ser diferente. O custo é sempre de envio, ou seja, quem recebe não paga nada.
A empresa britânica tem apostado no cartão digital como meio de atrair clientes. Desde janeiro, o cartão internacional da Wise está disponível para qualquer brasileiro residente no Brasil. Os usuários podem solicitar apenas a versão digital do cartão da empresa. O fluxo para solicitação do cartão digital é simplificado, pois não requer comprovação de endereço nem criação de PIN.
“Os cartões digitais são úteis para todos que querem facilidade no dia a dia. Isso vale para viajantes que buscam mais segurança em transações internacionais; compradores online que querem proteger seus dados; consumidores com consciência ambiental, que desejam reduzir o desperdício de plástico, e também para quem sempre esquece a carteira, uma vez que o cartão digital está acessível a todo momento no app da Wise e nas carteiras digitais, como Apple Pay e Google Pay”, diz Helene Romanzini, gerente de produto da Wise.
Câmbio OnLine
Por sua vez, a Câmbio OnLine, plataforma eletrônica de venda de papel moeda e remessas internacionais da Frente Corretora, busca aproveitar a retomada do turismo após a oferta dos voos de companhias aéreas como Gol para os EUA no próximo mês de maio.
Com a reabertura das fronteiras nos EUA e na Argentina, destinos preferidos dos brasileiros, no ano passado, a Frente Corretora, fundada por sócios ex-XP, tem ampliado sua atuação no segmento. No começo do ano, fechou um acordo com o Grupo Travelex, dono das casas de câmbio Confidence, no mercado de pagamentos internacionais instantâneos.
Além do serviço diretamente voltado ao público B2C (Câmbio OnLine), a Frente Corretora atua no mercado por meio de uma plataforma de câmbio para clientes B2B (Simple). As plataformas são capazes de fazer operações de remessas internacionais, em diversas natureza. A compra online inclui 21 tipos de moeda estrangeira, que são entregues via delivery ou através de saques em caixas eletrônicos (ATM) de marca própria, no caso de euro e dólar, mas com planos de expandir a outras moedas, nas principais cidades e capitais do país.
“Como possuímos uma plataforma desenvolvida para o universo do câmbio, conseguimos fazer remessas tanto de inbound quanto de outbound com taxa zero. Todas as operações que rodam por dentro da nossa plataforma, o Simple, que é a plataforma por trás da Frente Corretora e Câmbio OnLine, não têm taxa de SWIFT. Quanto ao spread cobrado, sempre trabalhamos para estar entre os mais competitivos, além de toda agilidade que entregamos na plataforma. O spread da operação é de 1,2%”, afirma Daniela Marchiori, co-fundadora e sócia da Frente Corretora.
Husky
A Husky, fintech que facilita transferências e pagamentos internacionais para profissionais brasileiros que recebem em moeda estrangeira, tem adotado a tática do cupom enviado por amigo para garantir ao usuário uma taxa de 1%, e não de 2%, cobrados nas primeiras operações sem cupom. Por meio de uma aprovação de documentos facilitada, o usuário recebe os seus códigos IBAN e SWIFT em sua conta multimoedas Husky em segundos, ficando habilitado a receber os pagamentos do exterior.
A startup diz estar em expansão e divulgou, na semana passada, ter fechado o primeiro trimestre com um aumento de 315,5% em seu GTV (Growth Transaction Volume, quantias movimentadas) e uma elevação de receita de 151%. A fintech informa ter movimentado mais de R$ 1 bilhão em pagamentos internacionais, desde a sua fundação, em 2016, até 2021.
A startup considera influenciadores digitais como um público-alvo promissor. Os dados das contas dos criadores de conteúdo são cadastrados junto ao Google (AdSense), que faz os depósitos diretamente.
“Nossos clientes são exigentes e evangelistas da nossa solução. São pessoas que, quando utilizam um serviço que realmente resolve um problema de forma ágil e sem dor de cabeça, fazem questão de compartilhar com outras que estão sofrendo para realizar transferências e pagamentos internacionais”, afirma Tiago Santos, CEO e cofundador da Husky.
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