Boicote a russos liderado por Yellen mostra declínio do G20

Principal grupo econômico e financeiro do mundo passa por divergências, e não está claro se seus membros ainda compartilham os mesmos objetivos

Principal grupo econômico e financeiro do mundo pode estar irrevogavelmente quebrado
Por Christopher Condon
22 de Abril, 2022 | 06:33 PM

Bloomberg — O principal grupo econômico e financeiro do mundo pode estar irrevogavelmente quebrado.

O G20, concebido na década de 90 para reunir os maiores mercados desenvolvidos e emergentes em um único fórum para enfrentar os principais desafios globais, falhou nesta semana em emitir um comunicado conjunto após uma reunião de seus ministros das Finanças e chefes de bancos centrais em Washington.

PUBLICIDADE

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, também liderou o esvaziamento parcial de uma sessão que contava com oficiais russos, em protesto contra sua inclusão no evento após a invasão da Ucrânia por Moscou.

O G20 resistiu a tensões no passado, incluindo a oposição do governo Trump à linguagem sobre o protecionismo em declarações anteriores do grupo. Mas não está mais claro se EUA, China e Rússia compartilham os mesmos objetivos fundamentais - e o órgão corre o risco de não servir mais para lidar com problemas que vão desde crises de alimentos e de dívidas até mudanças climáticas.

“Nosso sistema de governança global e a capacidade de enfrentar os principais desafios globais foram abalados”, disse Mark Sobel, um ex-alto funcionário de assuntos internacionais do Departamento do Tesouro americano que agora é presidente nos EUA do Official Monetary and Financial Institutions Forum.

PUBLICIDADE

Um confronto vinha se formando desde o mês passado, quando o presidente dos EUA Joe Biden pediu que os russos, após o ataque, fossem excluídos do G20. Mas China e Indonésia, que detém a presidência rotativa do grupo, não concordaram.

‘Questões profundas’

O ministro das finanças da Indonésia, Sri Mulyani Indrawati, disse em coletiva de imprensa na quarta-feira (20) após a reunião dos chefes de finanças que o grupo “continua como um fórum principal para todos nós continuarmos a discutir e conversar sobre todas as questões”, apesar das tensões.

Mas o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers, que ajudou a criar o G20, diz que agora é uma “questão muito profunda” se o grupo mantém sua premissa original de interesses comum no desenvolvimento econômico mútuo e a determinação de resolver problemas em conjunto para promover esse esforço.

PUBLICIDADE

“Evidentemente, não é o objetivo da maioria dos outros membros do G20 apoiar o florescimento econômico da Rússia”, disse Summers, professor da Universidade de Harvard e colaborador remunerado da Bloomberg TV, no podcast Stephanomics.

Uma “arquitetura variável” poderia surgir, com diferentes fóruns apresentando participantes com mais em comum, mas com menos alcance, e fóruns maiores, onde há menos em comum, mas mais alcance, disse Summers.

Embora o G7, que reúne nações democráticas e desenvolvidas, permaneça como um fórum de longa data, não é grande e amplo o suficiente para abordar questões como insegurança alimentar e mudanças climáticas, disse Sobel. O órgão incluiu a Rússia como G8 de 1998 até a invasão da Crimeia pelo país em 2014.

PUBLICIDADE

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

EUA estudam reduzir tarifas sobre produtos chineses, diz Yellen

Magnata de cripto desafia Wall Street com plano para derivativos