Bloomberg Línea — Começou nesta quarta-feira (20) a temporada de resultados corporativos referentes ao primeiro trimestre de 2022 no Brasil, com a divulgação dos números de Usiminas (USIM5).
Entre janeiro e março deste ano, a siderúrgica registrou lucro líquido de R$ 1,26 bilhão, crescimento de 5% em relação ao mesmo trimestre de 2020, mas uma redução de 49% frente ao quarto trimestre de 2021. Já o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia ficou em R$ 1,56 bilhão, recuo de 36% na comparação anual.
Em um período marcado pela alta inflação, aumento das taxas de juros, guerra na Ucrânia e lockdowns na China, investidores buscam sinais nos resultados de como as empresas estão sendo impactadas ou como estão contornando o cenário.
“Vamos ter um ajuste nas despesas financeiras das empresas dada a Selic mais alta e o fato de que a maior parte das dívidas das companhias está vinculada ao CDI. Também tivemos um ajuste mais forte do câmbio e preços de commodities agrícolas em um patamar abaixo do apresentado no ano passado”, afirma Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos.
Para as empresas expostas às commodities, como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3) (PETR4), Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, avalia que os resultados devem ser positivos, ajudados pela alta dos preços do minério de ferro e do petróleo nos últimos meses. As companhias reportam seus dados em 27 de abril e 5 de maio, respectivamente.
Por outro lado, setores da economia doméstica, como varejo e construção civil, por exemplo, devem ser negativamente impactados pelos efeitos da alta dos juros e da inflação, avalia.
Embora não deva trazer grandes surpresas, o setor de utilities pode ser beneficiado, em algumas empresas, pelos reajustes tarifários, destaca Galindo. Já os números de bancos, que começam a ser divulgados a partir do dia 26 de abril, com o Santander (SANB11), vão depender da carteira de cada instituição financeira, segundo o analista.
Em relatório divulgado em 14 de abril, o Goldman Sachs diz esperar que os bancos brasileiros sustentem um Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) relativamente estável, uma vez que as margens líquidas de juros “permanecem resilientes e o custo do risco permanece sob controle com um crescimento saudável dos empréstimos”. Para os analistas, o risco mais positivo recai sobre as estimativas de Banco do Brasil (BBAS3). O banco também tem recomendação de compra para os papéis de Bradesco (BBDC4)
A XP consolidou as datas de divulgação dos balanços das empresas que fazem parte de sua cobertura, bem como as companhias que compõem o Ibovespa e o Índice Small Caps. Confira:
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