Bloomberg — A Itália se recusará a cumprir os novos termos de pagamento de gás exigidos por Moscou se a União Europeia concluir que isso violaria as sanções relacionadas à invasão da Ucrânia pela Rússia, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Em uma avaliação preliminar, a UE concluiu que as condições de pagamento do Kremlin eram uma clara violação das sanções do bloco. O governo italiano espera que Bruxelas finalize sua análise legal antes de tomar qualquer ação, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque o processo é privado.
O presidente Vladimir Putin ameaçou interromper o fornecimento de gás a compradores que não cumprirem seu decreto, que envolve o recebimento de pagamentos em rublos pela Gazprom. A perda desses suprimentos de energia representaria uma séria ameaça para a UE, que obtém 40% de seu gás da Rússia.
Um porta-voz do governo italiano disse que o trabalho em andamento da comissão sobre o assunto é bem-vindo, mas não deu detalhes porque a avaliação ainda é preliminar.
Em 31 de março, Putin emitiu um decreto estipulando que compradores “hostis” de gás russo abram duas contas, uma em moeda estrangeira e outra em rublos, no Gazprombank. O banco russo converteria os pagamentos em moeda estrangeira em rublos antes de transferir o pagamento para a Gazprom, a empresa estatal de gás.
Uma análise preliminar feita por advogados da Comissão Europeia, braço executivo da UE, concluiu que pagamentos usando esse sistema violariam as sanções do bloco, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto.
Os advogados do Conselho Europeu, a instituição composta pelos líderes dos 27 países membros, concordaram com a avaliação da comissão, disse outra pessoa.
Na semana passada, o governo holandês disse às empresas de energia na Holanda que recusassem os novos termos de pagamento russos, citando a avaliação da UE. Os países membros, incluindo a Itália, continuam examinando o relatório, e Moscou ainda pode fornecer esclarecimentos ou ajustes nos termos.
A UE corre para encontrar fontes alternativas de energia para se tornar menos dependente de Moscou. Durante ligação terça-feira com aliados dos EUA, Europa e Ásia, o primeiro-ministro italiano Mario Draghi pressionou os líderes a acelerar o processo de diversificação das importações de gás da Rússia, disse uma das pessoas.
Separadamente, a Itália deve anunciar novos acordos de energia com a República do Congo e Angola esta semana, que podem trazer à Itália 5 bilhões de metros cúbicos adicionais e 1,5 bilhão de metros cúbicos de gás natural por ano, respectivamente, disseram as pessoas.
Juntamente com o volume extra que obteve da Argélia, isso substituiria mais da metade do valor que recebe da Rússia já no próximo ano.
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