Ídolo do São Paulo é um dos lesados por esquema de falsas debêntures, diz sócio

Um dos sócios da Euro Capital, Alessandro Jovaneli de Mello promete honrar compromissos

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São Paulo — O ex-atacante Luís Fabiano, ídolo do São Paulo e com passagem pela seleção brasileira, seria um dos investidores prejudicados pela Euro Capital Securitizadora, empresa que fez uma oferta irregular de debêntures alertada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em entrevista à Bloomberg Línea, um dos sócios da companhia, Alessandro Jovaneli de Mello, disse que o jogador é um dos clientes que ficaram sem receber os recursos. Ele não soube especificar o valor. Há mais de 230 processos correndo na Justiça sobre o caso, segundo dados do Tribunal de Justiça de São Paulo.

A empresa quebrou em agosto do ano passado. Ficamos sem condições de honrar os compromissos dos nossos clientes, mas vamos vender imóveis, renegociar todos os contratos e programar o pagamento dos credores. Luís Fabiano é um dos prejudicados, mas vamos fazer o acerto com ele”, disse Mello.

Duas fontes que acompanham o caso, ouvidas pela Bloomberg Línea e que pediram anonimato, pois as informações são privadas, confirmaram que o jogador era investidor da Euro Capital Securitizadora.

O futebolista atua hoje como coordenador técnico da Ponte Preta, time de Campinas. A assessoria de imprensa do jogador informou que ele não vai se pronunciar sobre o caso.

O que diz Alessandro Jovaneli de Mello

A Euro Capital Securitizadora é o nome fantasia da VebCap Securitizadora de Ativos. Em março, a CVM alertou que a VebCap não tinha autorização para realizar oferta de debêntures.

Jovaneli de Mello é um dos sócios da empresa e que, segundo a defesa dos clientes lesados, ostentaria luxo e riqueza no Paraguai nas redes sociais, em meio ao sumiço do dinheiro.

O relato foi feito à Bloomberg Línea pelo advogado Nilton Lima Júnior, contratado por oito clientes que se dizem lesados.

Segundo Jovaneli de Mello, as postagens citadas pelo advogado são antigas.

“Essas imagens compartilhadas por ele [o casal em balada, em piscina] são antigas. Estou em Jales [município do interior paulista] e não moro mais no Paraguai”, afirma.

Mello, por sua vez, diz ter sido lesado por Osvaldo Nogueira Araujo Filho e Wellington Nogueira Orati.

Outro lado

A Bloomberg Línea não conseguiu entrar em contato com a defesa de Osvaldo Nogueira Araujo Filho. Já a defesa de Wellington Nogueira Orati nega qualquer envolvimento no caso, diz que seu cliente não é sócio da VebCap, versão confirmada pelo registro da Junta Comercial, e ameaça processar Mello por calúnia e difamação.

No alerta sobre a oferta irregular de debêntures da CVM, apenas Araujo Filho e Jovaneli de Mello são citados como responsáveis pela empresa.

“Promessas falsas”

Questionado sobre se sabia que a oferta de debêntures era irregular, Jovaneli de Mello negou que a operação se configurava como uma pirâmide financeira, como acusam algumas vítimas, mas ele diz não saber se os contratos assinados pelos clientes foram usados como forma do desvio dos recursos. “A gente fazia antecipação de recebíveis, aplicava o dinheiro dos clientes em investimentos. Eu tinha delegado funções. Eu confiava nos meus sócios e no meu advogado, que era meu braço direito. Eu não sabia o que estava sendo feito. Fui enganado, mas vou processar eles”, disse.

Eu vou pagar os clientes. Não passam de 300 pessoas afetadas. Fecharei acordo com elas. Temos imóveis que cobrem tudo. Vou abrir mão dos lucros na transferência desses imóveis. Quero ter uma vida normal de novo”, disse Mello, acrescentando que está ciente de que alguns clientes vão recusar a proposta de acordo de receber imóveis como pagamento e insistir na cobrança pela via judicial.

O advogado Lima Júnior, responsável pela defesa de alguns clientes, vê com ceticismo a fala de Mello. “Ele fazia falsas promessas de pagamento e nunca pagou ninguém. Diversos processos o contradizem, e a cada dia que passa sobe o número de ações na Justiça”, disse.

Por enquanto, o Ministério Público ainda não abriu nenhum procedimento para investigar o caso, além dos 236 processos em tramitação na Justiça Paulista, segundo o advogado Lima Júnior.

A CVM, no alerta de março, ameaçou aplicar uma multa diária de R$ 100 mil caso a oferta de debêntures não fosse suspensa.

“A Vebcap Securitizadora de Ativos S.A., bem como seus responsáveis, Osvaldo Nogueira Araujo Filho e Alessandro Jovaneli de Mello, não se encontram habilitados a ofertar publicamente títulos ou contratos de investimento coletivo por meio de sites ou em postagens em mídias sociais”, disse a comissão, em comunicado de 14 de março.

No site Reclame Aqui, a que consumidores costumam recorrer para encaminhar queixas, há 15 reclamações registradas contra o site da Euro Capital Securitizadora.

(Atualização no dia 24 de maio: a defesa de Wellington Nogueira Orati afirmou que seu cliente não é sócio da Euro Capital Securitizadora)

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