Tom é negativo nos mercados por guerra e expectativa sobre expansão econômica

Alguns contratos futuros de índices nos EUA tentam situar-se em campo positivo, mas sem convicção; prêmios de títulos soberanos avançam tanto nos EUA como na Europa

As variáveis que orientarão os mercados
19 de Abril, 2022 | 08:43 AM

Barcelona, Espanha — Os mercados europeus voltam do feriado prolongado inclinados à baixa, movimento que também é seguido pelos futuros de índices norte-americanos. O desempenho ao longo do dia dependerá bastante dos balanços corporativos. Mas o recrudescimento da guerra, com a Rússia desferindo novos ataques à Ucrânia, influi na disposição ao risco dos investidores.

Tanto as bolsas europeias como os futuros de índices norte-americanos recuam, apesar de estes últimos terem, no início da manhã, operado em alta. Os títulos soberanos continuam perdendo valor nominal, com aumento de seus prêmios - o rendimento do título de 10 anos atinge novo pico em três anos. Os prêmios dos títulos de 10 anos da Alemanha e do Reino Unido subiam para o nível mais alto desde 2015, com a queda dos títulos em toda a Europa.

As empresas de produtos de saúde e de consumo lideram um declínio de mais de 1% no índice Stoxx Europe 600, com o setor de tecnologia também pressionando para baixo. Já as ações de energia mostram melhor desempenho, lideradas mais altas pela TotalEnergies SE, que apresentou números satisfatórios referentes ao primeiro trimestre.

As interrupções nas cadeias de abastecimento em virtude dos lockdowns na China e da guerra colocam os bancos centrais em uma posição desconfortável. De um lado, querem utilizar a alta dos juros para conter a inflação galopante. Por outro, o crescimento global está inclinado a desacelerar e um aperto monetário muito forte pode provocar recessão.

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Nesse sentido, as previsões econômicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e suas observações sobre o cenário atual, que serão fornecidas hoje, são um dado chave para a tomada de decisões.

Na China, os mercados também estão esperando a divulgação das taxas de empréstimo de referência dos bancos na quarta-feira, depois que o Banco Popular da China reduziu a taxa de reserva obrigatória para a maioria dos bancos na sexta-feira, mas se absteve de cortar as taxas de juros.

📉 Banco Mundial reduz estimativas

Ontem, o Banco Mundial cortou sua previsão de expansão econômica global este ano devido à invasão russa da Ucrânia. A instituição com sede em Washington reduziu sua estimativa de crescimento global em 2022 para 3,2% em relação à previsão de 4,1% de janeiro. Em 2021, houve uma expansão de 5,7%.O Banco Mundial está se mobilizando para liberar nas próximas semanas um novo pacote de resposta à crise. O financiamento teria duração de 15 meses e totalizaria US$ 170 bilhões, dinheiro que cobriria de abril de 2022 a junho do próximo ano.

⇒ Leia também: Risco de recessão desafia esperança de força da economia global

🏦 As polêmicas de Bullard

Também na lista de temas passíveis de repercussão está a fala de James Bullard, presidente do Fed de Sant Louis. Dentre todos os membros do banco central norte-americano, Bullard é um dos que se mostram mais enérgicos quando o assunto é a alta dos juros. Ontem, ele voltou a defender a necessidade de atuar rapidamente para combater a inflação, que se encontra nas cifras mais altas dos últimos 40 anos. Destacou que aumentos de juros da ordem de 0,75 ponto percentual não deveriam ser descartados.

🔴 Guerra: os últimos acontecimentos

As forças armadas russas bombardearam o sul e o leste da Ucrânia durante a noite. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que Moscou havia lançado uma nova campanha focada na conquista da região oriental de Donbas. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fará uma chamada com os principais aliados hoje para discutir a situação da Ucrânia. O Ministro das Finanças francês Bruno Le Maire renovou os apelos para que as sanções europeias se estendam ao petróleo russo.

Uma mostra dos mercados nesta manhã

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (-0,11%), S&P 500 (-0,02%), Nasdaq Composite (-0,14%), Ibovespa (-0,43%)

Os mercados acionários dos EUA caíram em uma sessão volátil, sob o efeito da safra de balanços corporativos e o peso da política monetária do Fed sobre os investimentos em renda variável. As bolsas europeias permaneceram fechadas por duas sessões devido ao feriado de Páscoa.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Construção de Novas Casas/Mar; Licenças de Construção/Mar; Índice Redbook; Estoques de Petróleo Bruto Semanal API; Reuniões do FMI

• Europa: Zona do Euro (Total de Ativos de Reserva/Mar)

• Ásia: Japão (Balança Comercial/Mar; Utilização da Capacidade Instalada/Fev; Produção Industrial/Fev); China (Taxa Preferencial de Empréstimo do BPC)

• América Latina: Brasil (IBC-Br)

• Bancos centrais: Discurso de Charles Evans (Fed de Chicago)

• Balanços: L’Oreal; Netflix, J&J, Rio Tinto, Lockheed Martin, Halliburton, IBM

📌 E para amanhã:

• EUA: Reuniões do FMI; Livro Bege; Pedidos de Hipotecas MBA; Juros de Hipotecas de 30 anos; Índice de Compras MBA; Vendas de Casas Usadas/Mar; Atividade das refinarias de Petróleo pela EIA; Estoques de Petróleo Bruto; Estoques de Gasolina

• Europa: Zona do Euro (Produção Industrial/Fev; Balança Comercial); Alemanha ( IPP/Mar); Reino Unido, Alemanha e França (Licenciamento de Veículos/Mar)

• Ásia: Japão (Índice de Atividade da Indústria Terciária)

• América Latina: Brasil (Receita Tributária Federal); Argentina (Balança Comercial)

• Bancos centrais: Discursos de Mary Daly (FOMC/Fed), Charles Evans (Fed de Chicago), Joachim Nagel (presidente do Bundensbank)

• Balanços: Tesla, Procter&Gamble, Abott Labs, BHP Biilliton, Heineken NV, Danone, Baker Hughes, Telstra Corporation, Nasdaq, Carrefour, Alcoa, Usiminas, United Airlines, Accor

--Com informações da Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.