Bloomberg — O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador está enfrentando perspectivas cada vez piores para sua ambiciosa agenda nacionalista depois de sofrer uma de suas maiores derrotas políticas desde que assumiu o cargo no final de 2018.
A votação de domingo (17) que derrubou uma reforma constitucional que buscava restaurar o controle estatal do setor elétrico significa que o presidente não pode mais ter certeza de avançar sua agenda, que inclui mudanças importantes no sistema eleitoral e no Ministério da Defesa, em seus dois anos e meio restantes no cargo.
A rejeição do projeto de lei foi um ponto de inflexão no mandato de López Obrador, e agora ele se viu obrigado a negociar com uma oposição revigorada para aprovar reformas, disse Sebastian de Lara, diretor para México e América Central da empresa de consultoria política Speyside.
“Isso mostra a López Obrador que ele não tem poder absoluto”, disse
AMLO, como é conhecido o líder de 68 anos, está se aproximando da parte final de seu mandato único de seis anos, quando os presidentes mexicanos normalmente entram em um período de pouco impacto.
O presidente continua popular, com índices de aprovação de cerca de 60%, e os eleitores o apoiaram esmagadoramente para terminar seu mandato em um referendo este mês.
No entanto, sua coalizão perdeu sua supermaioria de dois terços na Câmara dos Deputados em junho. Isso significa que ele precisará do apoio da oposição para aprovar duas reformas constitucionais adicionais que ele propôs no ano passado – mudar o sistema eleitoral do país e dar ao Ministério da Defesa o controle da guarda nacional, uma força que ele criou no início de seu mandato.
Embora a aprovação desta última reforma seja possível, muitos analistas duvidam que ele consiga passar a reforma eleitoral, que em sua forma atual prejudicaria os próprios partidos de cujos votos ele precisa.
Sabor da vitória
O resultado de domingo também deu à oposição um sabor de vitória que pode levá-la a uma linha mais dura nas negociações, disse Gabriela de la Paz, professora de ciência política do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey
“Daqui até 2024 é uma guerra sem trégua”, disse ela.
Na segunda-feira (18), AMLO disse que não tentará aprovar nenhuma nova lei nacionalista de energia, aceitando efetivamente que grande parte do setor permanecerá em mãos privadas.
Ele recebeu algum consolo no final do dia, quando a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de mineração de seu governo, confirmando o controle estatal sobre a extração de lítio.
Apesar de seu poder reduzido no Congresso, López Obrador ainda tem muitas cartas que pode usar. Ele provou ser hábil em exercer o poder por outros meios, canalizando bilhões para projetos de seu interesse e usando suas coletivas de imprensa diárias para atacar seus inimigos.
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