Valor global de criptomoedas cai 4% e Bitcoin atinge menor nível em um mês

Ativos digitais caíram à medida que a tendência dos investidores à aversão ao risco, combinada com a falta de um catalisador para sua compra

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Bloomberg — O Bitcoin caiu para seu menor nível em mais de um mês nesta segunda-feira (18), seguido de outros ativos digitais, com uma maior aversão ao risco por parte dos investidores, combinada com a falta de um catalisador claro para a compra destes ativos.

A maior criptomoeda chegou a cair 4,2%, a US$ 38.580, enquanto o Ether - o segundo maior ativo digital - recuava 5,3%, para US$ 2.885; ambos conseguiram se recuperar levemente até o fim desta manhã.

O valor do mercado global de criptomoedas caiu cerca de 4% nas últimas 24 horas, para US$ 1,9 trilhão, de acordo com os preços da CoinGecko. Altcoins estavam entre as maiores quedas, com Bitcoin Cash, EOS e Ethereum Classic cada um diminuindo mais de 6% em um ponto. O Shiba Inu também caiu, perdendo alguns ganhos depois de subir na semana passada após sua listagem com a Robinhood.

“Vimos fraqueza nas criptomoedas, em grande parte em linha com a venda de ações e outros ativos de risco”, disse Joshua Lim, chefe de derivativos da Genesis Global Trading. Investidores do mundo das finanças tradicionais continuam avessos ao risco, enquanto os detentores de criptomoedas aguardam qualquer sinal de novo interesse de recentes compradores significativos de Bitcoin, como MicroStrategy Inc. e Luna Foundation Guard, que vêm construindo uma posição de Bitcoin em suporte ao blockchain Terra e suas stablecoins.

Os gráficos técnicos sugerem que, apesar da recente queda do Bitcoin, ele “não está perto de uma leitura de sobrevenda”, e o suporte de curto prazo de US$ 35.000 provavelmente não se manterá, disse John Roque, analista técnico da 22V Research, em nota no domingo (17). “Continuamos acreditando que chegará ao nível de US$ 30.000″, disse.

“Os traders técnicos estão prestando muita atenção à faixa na região de US$ 39.500 já há algum tempo”, disse Teong Hng, executivo-chefe da Satori Research, com sede em Hong Kong.

O Bitcoin tem lutado junto a outros ativos de risco nos últimos meses, em grande parte sendo negociado em uma faixa de US$ 35.000 a US$ 45.000 neste ano, quando o Federal Reserve começou a aumentar as taxas de juros em meio à inflação insistentemente alta.

Os volumes de negociação também diminuíram, incluindo a Coinbase, Bitfinex, Kraken, Bitstamp e outras exchanges. É possível ver que os volumes são mais baixos em cerca de 60% em relação aos níveis vistos em maio passado, por exemplo. Enquanto isso, as pesquisas do Google pela palavra “Bitcoin” também diminuíram, e a atividade nas redes sociais por meio do Crypto Subreddit – medida de comentários e postagens por dia – caiu em relação a 2021.

“O ambiente macro parece mais obscuro do que nunca”, escreveu David Duong, chefe de pesquisa institucional da Coinbase Global Inc., em nota. “Nenhum tema parece particularmente dominante para os mercados, o que achamos que torna difícil para os investidores institucionais implantar capital com alguma confiança significativa no curto prazo”, disse.

A análise do provedor de dados Glassnode sugere que o interesse no Bitcoin permanece um tanto silenciado, com pouco crescimento na base de usuários da moeda e fluxos mínimos de novas demandas.

Muitos entusiastas do Bitcoin permanecem inflexíveis, com previsões de US$ 100.000 e ainda mais sendo mencionadas. Mas ver preços como US$ 500.000 e US$ 1 milhão circulando significa que “é difícil para nós imaginar que o sentimento continua sendo algo construtivo. E com um gráfico assim... isso é uma má notícia”, disse Roque.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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