Bloomberg Línea — Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que itens tradicionais na mesa de Páscoa do brasileiro registraram aumento médio de 3,93% em comparação com o ano passado, com alguns itens registrando um aumento considerável. Entre os que mais encareceram no período, destacam-se os relacionados a hortifruti, proteínas e importados.
A couve, por exemplo, teve um aumento 21,50% no último ano, seguido da batata-inglesa, com 18,43%, sardinha em conserva, aumento de 16,44%, azeite, com 15,63%, azeitona em conserva, alta de 14,38% e, finalmente, o tradicional bacalhau, com alta de 11,50%.
No entanto, a pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro da Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) mostrou que os itens tiveram forte desaceleração se comparados ao ano passado, quando a mesma cesta registrava aumento superior a 25%.
Para o economista e pesquisador do FGV IBRE, Matheus Peçanha, o cenário de 2020 e 2021 tinha características e riscos diferentes.
“Vivíamos uma tempestade perfeita para essa cesta especificamente, problemas climáticos e forte desvalorização cambial”, explica. “No entanto, o novo problema de monções em 2022 e o fim da seca generalizada fizeram os hortifrutis assumir o protagonismo da inflação.”
Na ponta positiva, o arroz foi responsável por “segurar” o aumento médio da cesta - isso porque o item recuou 12,20% em comparação com o ano passado, sendo o principal responsável pela desaceleração da cesta como um todo.
Se retirássemos apenas o arroz, a inflação dos itens de Páscoa seria de 9,79%, um pouco acima da inflação registrada no Índice de Preços ao Consumidor-Mercado (IPC), de 9,18% no mesmo período.
Mais aumentos pela frente
Para Peçanha, os aumentos podem não parar por aí. Com a pressão pela demanda da Semana Santa, é preciso ficar atento ao aumento súbito dos preços.
“A pesquisa não mostra, em definitivo, a elevação dos itens de Páscoa que o consumidor vai encontrar. Só medimos o que aconteceu com os preços dessa cesta específica nos últimos 12 meses até março deste ano”, justifica.
Ele lembra que, dada a pressão sazonal da demanda, “os preços desses itens tradicionais podem subir mais ainda”. Além disso, ainda que o índice não tenha contemplado itens como ovos de chocolate e colombas, por exemplo, estes devem sofrer igualmente.
Confira os números divulgados pela FGV na variação acumulada nos últimos 12 meses, entre abril de 2021 e março de 2022:
- Arroz: -12,20%
- Batata-inglesa: 18,43%
- Cebola: 6,41%
- Couve: 21,50%
- Bolo pronto: 7,49%
- Bombons e chocolates: 3,92%
- Ovos: 9,89%
- Pescados frescos: 8,33%
- Atum: 3,59%
- Bacalhau: 11,50%
- Sardinha em conserva: 16,44%
- Azeite: 15,63%
- Azeitona em conserva: 14,38%
- Vinho: 6,12%
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