ITA busca injeção de capital de novo dono para voltar a voar

Itapemirim Transportes Aéreos, que paralisou voos em dezembro, tem reunião de novos gestores no fim de semana para discutir retorno

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São Paulo — A ITA (Itapemerim Transportes Aéreos), que deixou milhares de passageiros sem voar às vésperas do Natal no ano passado, busca receber uma injeção de capital e prepara seu retorno ao mercado brasileiro da aviação comercial, após anunciar, internamente, a venda da companhia para a Baufaker Consulting, uma consultoria de gestão empresarial, sediada em Brasília, sem atuação relevante conhecida no setor. O movimento acontece em meio ao ceticismo de outras companhias aéreas de que a novata conseguirá se reerguer sem ajuda política no Ministério da Infraestrutura.

Os novos gestores estarão em reunião permanente neste fim de semana para discutir sobre investimentos, geração de novos postos de trabalho, compra de aeronaves e outros temas referentes ao futuro da empresa”, informou a companhia em nota enviada à Bloomberg Línea, nesta sexta-feira (15).

No começo desta semana, o novo CEO da ITA, Adalberto Bogsan, comunicou aos funcionários que a Baufaker, apresentada por ele como “uma empresa financeira controlada e administrada por brasileiros”, tinha acabado de adquirir a companhia, mas não deu detalhes, como preço e termos da negociação.

“Após concretizar o negócio, o novo acionista concentra esforços na capitalização da empresa e manutenção do grupo de colaboradores e executivos. Com a aquisição e manutenção dos leasing de cinco aeronaves, do tipo A320ceo, promete inaugurar um novo e inédito modelo de transportar passageiros e cargas em território nacional”, diz o comunicado.

O anúncio aos funcionários ocorreu antes da oficialização do pedido de retorno da ITA com as autoridades do setor, como a Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) e a SAC (Secretaria Nacional de Aviação Civil), ligada ao Ministério da Infraestrutura. Em dezembro, após o anúncio da suspensão dos voos do fim do ano, a Anac suspendeu o certificado de operador aéreo da ITA.

Na próxima semana começa a nova fase de retomada com reuniões com SAC, Anac, além de negociações dos passivos acumulados neste período de interrupções das operações, como salários, leasing, taxas de aeroporto, reembolso de passageiros e outros”, informou o CEO.

A Anac ainda não se manifestou oficialmente sobre o plano de volta da ITA aos ares. A lista de pendências da companhia inclui a recuperação do certificado e o reembolso de passageiros que não conseguiram voar em dezembro, além da renegociação com fornecedores e empresas de leasing.

Desde a derrocada em dezembro, a ITA anuncia prazo para o retorno da venda de passagens, algo que é visto pelos analistas do setor como uma tentativa de ganhar tempo e salvar o projeto. Em dezembro, prometeu voltar em fevereiro deste ano, mas a previsão não vingou.

Ceticismo

O ceticismo do mercado com as pretensões da ITA tem a ver com o fato de que o grupo rodoviário Itapemirim, que iniciou a operação da sua companhia aérea há 10 meses, está em recuperação judicial. O início das atividades da ITA, com aprovação prévia das autoridades reguladoras, foi questionado, diante de denúncia de que R$ 70 milhões foram retirados do processo de recuperação judicial do grupo para a criação da empresa aérea. O Procon-SP, entidade de defesa do consumidor, pediu investigação do caso.

Sobre o motivo da paralisação das operações em dezembro, a ITA chegou a responder ao Procon-SP que a decisão de deixar os aviões no chão foi motivada por um problema causado por empresa terceirizada, prestadora de serviços técnicos operacionais de atendimento de rampa nas aeronaves, atendimento a passageiros e serviços de operação de carga, que inicialmente manteria as operações até o dia 10 de janeiro passado, mas em 17 de dezembro determinou que todos os seus colaboradores abandonassem os postos de trabalho.

Durante seis meses de operação, a ITA transportou cerca de 360 mil passageiros, segundo a Anac. Relatório da agência, divulgado em janeiro, apontava a ITA como a quarta maior companhia aérea do país.

Caso consiga superar os obstáculos para recuperar o certificado de operador aéreo e conseguir honrar seus compromissos com fornecedores, funcionários e passageiros lesados pela suspensão dos voos em dezembro, a ITA será uma exceção na lista das companhias aéreas que a aviação civil brasileira deu adeus definitivamente, nas últimas décadas, como a Transbrasil, Vasp, Varig, TAM, entre outras marcas de atuação mais regional, que nunca voltaram a voar como antes.

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