Estudo mapeia os efeitos da desigualdade salarial entre homens e mulheres

Relatório mostra que mulheres já dão como certo que ganharão menos do que homens

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Bloomberg — Tornar público o salário de todos deveria ser um grande equalizador, mas um novo estudo descobriu que as mulheres estão mais preocupadas em acompanhar umas às outras do que em diminuir a diferença salarial entre homens e mulheres.

Um relatório publicado pela Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, apresenta uma descoberta surpreendente, embora preocupante: as mulheres no local de trabalho dão como certo que ganharão menos do que seus pares do sexo masculino e usam a transparência salarial para que sejam pagas em consonância com outras mulheres da mesma empresa, e não necessariamente para se equipararem a outros homens.

Essa conclusão pode impactar os resultados da legislação atualmente em debate. O Parlamento Europeu votou no início deste mês que empresas com pelo menos 50 funcionários deveriam ser obrigadas a divulgar dados sobre salários. As regras também proíbem essas empresas de restringir os trabalhadores de compartilhar informações de compensações financeiras.

As propostas estão sujeitas a possíveis alterações e a uma decisão final antes de finalmente se tornarem lei, o que pode levar meses. Os legisladores disseram que o objetivo era acabar com a disparidade salarial entre homens e mulheres.

“O fato de as mulheres reagirem mais às diferenças salariais entre si do que quando se comparam com homens implica que devemos estar atentos a este mecanismo na promoção da transparência salarial, se o objetivo é capacitar as mulheres para reagir às disparidades salariais entre gêneros“, disse a autora do estudo Marianna Baggio, economista comportamental da Comissão Europeia, em entrevista na terça-feira (12).

A pesquisa pediu a 1.800 pessoas na Alemanha, Espanha e Polônia - três dos países mais avançados no objetivo de adotar uma legislação de transparência salarial - para concluir uma tarefa em troca de tokens. Durante o experimento, os trabalhadores foram informados se eram bem ou mal pagos em comparação com os outros.

Quando as mulheres descobriram que estavam sendo pagas menos do que outras mulheres, elas ficaram menos motivadas do que quando descobriram que os homens ganhavam mais.

Uma maneira mais eficaz de incentivar as mulheres a pedir aumentos salariais pode ser dar-lhes mais feedback sobre seu desempenho, disse a coautora do relatório, Ginevra Marandola, do Ministério da Economia e Finanças da Itália.

“Talvez as mulheres precisem aumentar sua autoestima para que se sintam no direito de reagir à diferença salarial entre homens e mulheres”, disse ela.

O estudo também descobriu que os homens tendem a se esforçar menos em uma organização com mais chefes do sexo feminino, o que Baggio disse que poderia ser porque os homens viam as mulheres como uma “ameaça ao seu status”. Enquanto isso, as mulheres trabalham melhor com líderes do sexo feminino, diz o estudo.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, content producer da Bloomberg Línea.

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