‘Demiti 12 andares de funcionários’: A estratégia hostil de Icahn seguida por Musk

Empresário está empregando uma tática que vem sendo usada por investidores de Carl Icahn a Elliott Investment Management

Por

Bloomberg — A oferta de compra do Twitter (TWTR) de Elon Musk segue uma cartilha bem conhecida dos investidores mais agressivos. É uma tática que outros grandes investidores usaram para adquirir empresas com sucesso, ou atrair outros potenciais compradores.

Musk divulgou pela primeira vez uma participação de 9,2% na plataforma de mídia social este mês e depois rejeitou uma oferta de assento no conselho. Na quinta-feira (14), ele disse que pagaria US$ 54,20 por cada ação do Twitter que ainda não possui.

Ao entrar no Twitter antes de fazer uma oferta, Musk está empregando uma tática que vem sendo usada por investidores de Carl Icahn a Elliott Investment Management.

Os investidores, que tradicionalmente adquiriam pequenas participações em empresas e lideravam lutas por mudanças, estão cada vez imitando as empresas de private equity, buscando suas próprias ofertas públicas de aquisição.

Parte do motivo é que empresas como a Elliott, liderada pelo bilionário Paul Singer, levantaram muito capital nos últimos anos. Agora, elas precisam encontrar formas de investir grandes somas de uma vez só, disse Kai Liekefett, sócio do escritório de advocacia Sidley Austin.

“Isso faz parte de uma tendência mais ampla, com certeza”, disse Liekefett. “Eles têm muito poder de fogo.”

A estratégia de Carl Icahn

Em meio a todas as “peças” das últimas horas, um comentário no Twitter de Musk agitou ainda mais as discussões. Tudo começou quando Nick Huber, criador de conteúdo do Twitter e YouTube dedicado a startups e imóveis, postou uma entrevista da série Investor Talk de 2015 do investidor bilionário Carl Icahn.

Lá, Icahn conta a Andrew Ross Sorkin, do The New York Times, a história sobre a aquisição em 1984 da ACF Industries, uma empresa que fabricava vagões ferroviários. Na entrevista, ele conta como se livrou de 12 andares inteiros de funcionários da referida empresa.

A resposta de Musk foi quase imediata: “Exatamente”, ele postou.

Isso provocou ainda mais medo entre os 7.500 funcionários do Twitter, que já estavam inquietos quando as notícias da oferta hostil de aquisição de Elon Musk foram divulgadas.

Modelo a seguir

Icahn está travado em uma batalha para assumir a Southwest Gas Holdings, com sede em Las Vegas. O bilionário, que usa seu próprio dinheiro para suas apostas e possui 4,3% da Southwest, vem agitando há meses por mudanças na empresa, e sua oferta de aquisição vem acompanhada de uma luta pelo poder para substituir seu conselho.

Elliott, de Paul Singer, por sua vez, muitas vezes seguiu uma estratégia semelhante, incluindo mais recentemente uma parceria com a Brookfield Asset Management para adquirir a empresa de classificação de TV Nielsen Holdings por cerca de US$ 10 bilhões. A Elliott originalmente assumiu uma participação na Nielsen em 2018 e pressionou pela venda da empresa, antes de lançar uma oferta este ano. Ele fez a mesma coisa em empresas como Citrix Systems, AthenaHealth e Mercury Systems.

Como a pessoa mais rica do mundo, Musk não depende do dinheiro de outras pessoas para lançar uma aquisiçãoembora ainda não seja revelado como ele encontrará US$ 43 bilhões em dinheiro. Em uma carta ao conselho de administração do Twitter incluída na oferta, Musk escreveu: “O Twitter tem um potencial extraordinário. Eu vou desbloqueá-lo.”

Suas táticas não apenas ecoam as dos investidores agressivos. Descrever uma oferta como “final e melhor”, como Musk fez na quinta-feira, não é uma linguagem que normalmente aparece em uma oferta inicial de aquisição. Mas a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, a usou no passado - inclusive na Heinz e na NV Energy - como uma forma de evitar se envolver em longas guerras de lances.

O Twitter disse na quinta-feira que seu conselho revisaria a proposta e que qualquer resposta seria do melhor interesse de “todos os acionistas do Twitter”.

--Com informações da Bloomberg News

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Brasília em Off: Guedes será o próximo alvo de Lula em campanha contra Bolsonaro