Bloomberg News — A Rússia ameaçou implantar armas nucleares dentro e ao redor da região do Mar Báltico se a Finlândia e a Suécia se juntarem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), à medida que as tensões alimentadas pela invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir Putin se espalham.
“Neste caso, não se pode falar de status não nuclear para o Báltico”, disse Dmitry Medvedev, vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente, em um post do Telegram nesta quinta-feira (14), sugerindo que a Rússia pode implantar mísseis Iskander, armas hipersônicas e navios com armas nucleares na região.
Os comentários de Medvedev estão entre as ameaças mais detalhadas que a Rússia emitiu sobre a perspectiva de que seus vizinhos do noroeste possam se juntar à aliança depois de décadas de fora. Mas tanto a Finlândia quanto a Suécia disseram nesta semana que estão considerando a questão após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Mas o presidente lituano Gitanas Nauseda descartou as ameaças como “vazias”, acusando a Rússia de já colocar armas nucleares táticas no enclave de Kalinigrado, no Báltico. “Não sei se é possível implantar algo novo que já foi implantado”, disse Nauseda em entrevista coletiva em Vilnius.
A Rússia colocou mísseis Iskander, que podem transportar ogivas nucleares e convencionais, em Kaliningrado a partir de 2018, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um “think tank” de Washington. Moscou nunca confirmou isso publicamente.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se recusou a comentar sobre a possibilidade de armas nucleares serem implantadas na região do Báltico, mas disse que Putin já ordenou que os militares preparem planos para aumentar as defesas ao longo das fronteiras ocidentais da Rússia.
Medvedev disse esperar que a “razão” prevaleça e os países decidam não aderir à aliança.
A fronteira da Rússia com a Finlândia se estende por mais de 1.300 quilômetros (800 milhas), o que é mais do que o comprimento total de sua fronteira com os atuais membros da OTAN. Se os países aderirem à aliança, “precisaremos fortalecer seriamente nossas forças terrestres e antiaéreas e implantar forças navais substanciais na bacia do Golfo da Finlândia”, disse Medvedev.
Embora as iniciativas para considerar a adesão à OTAN tenham sido retomadas em ambos os países apenas após a invasão, Medvedev disse que o movimento da Rússia não foi o culpado. Ao mesmo tempo, ele sugeriu que, embora manter a Ucrânia fora da aliança ocidental fosse um objetivo fundamental da operação da Rússia lá, o Kremlin vê a situação com a Finlândia e a Suécia de forma diferente.
“Não temos disputas territoriais com esses países como temos com a Ucrânia”, disse ele. “Por essa razão, o preço de sua adesão para nós é diferente.”
-- Com a colaboração de Milda Seputyte.
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