Resultado da guerra: Banco Central Europeu tira estímulos por causa da inflação

Autoridade monetária renovou promessa de acabar com compra de títulos nos próximos meses

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Bloomberg — O Banco Central Europeu renovou a promessa de acabar com a compra de títulos nos próximos meses, já que a inflação recorde aumenta as chances de que a autarquia também suba as taxas de juros pela primeira vez em mais de uma década antes do final do ano.

O Conselho do BCE reiterou nesta quinta-feira (14) que interromperá as compras líquidas de ativos no terceiro trimestre - um cronograma acelerado acordado no mês passado, com os preços ao consumidor agora subindo quase quatro vezes a meta de 2%. A autoridade reafirmou que os aumentos “graduais” das taxas seguirão “algum tempo depois”.

“A inflação aumentou significativamente e continuará alta nos próximos meses, principalmente por causa do forte aumento dos custos de energia”, disse o BCE em comunicado. “O Conselho do BCE tomará todas as medidas necessárias para cumprir o mandato do BCE de buscar a estabilidade de preços e contribuir para salvaguardar a estabilidade financeira.”

Os mercados monetários reduziram as apostas de aperto do BCE, precificando aumentos de taxa de um quarto de ponto em setembro e dezembro. Os títulos alemães subiram, fazendo com que o rendimento de 10 anos caísse um ponto-base, para 0,75%, depois de subir anteriormente para 0,83%.

Embora ainda esteja bem atrás do Federal Reserve e do Banco da Inglaterra no aumento dos custos dos empréstimos, o cronograma mais rápido para retirar os estímulos destaca o foco do BCE em domar as pressões de preços – alimentadas pela guerra na Ucrânia.

Mas com a invasão da Rússia complicando a tarefa de previsão, os formuladores de políticas agora aguardarão novas projeções em junho antes de cimentar uma data final para a compra de ativos. Economistas preveem que o BCE eventualmente selecionará julho como o ponto de corte e espera a elevação das taxas em dezembro.

Algumas autoridades do BCE apoiam uma abordagem igualmente dura, embora outras se preocupem com a necessidade de um ritmo mais estável, já que o conflito mina a confiança e a perspectiva de uma proibição da energia russa traga ameaças de recessão para economias como a alemã, a maior da Europa.

O que diz a Bloomberg Economics

“O BCE ainda não mostra sinais de desvio de seu caminho de normalização monetária, apesar da guerra na Ucrânia e do aumento dos preços das commodities.”

--David Powell, economista sênior

A presidente Christine Lagarde pode oferecer algumas dicas sobre como esse debate está se formando quando ela realizar uma entrevista coletiva às 9h30, horário de Brasília.

Ela também provavelmente será questionada sobre os preparativos dos bastidores para um instrumento a ser implantado se os rendimentos dos títulos dos países mais fracos da área do euro saltarem excessivamente à medida que a flexibilização quantitativa for eliminada.

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