Renner desbanca Dafiti e Shein estreia em ranking de e-commerce

Relatório da Conversion diz que comércio eletrônico brasileiro cresceu 11,3% em março depois de queda no mês anterior

Renner tem investido em sua estrutura de comércio eletrônico com aquisição de empresa de logística, concluída no início de abril
13 de Abril, 2022 | 11:47 AM

São Paulo — O e-commerce brasileiro cresceu 11,3% em março, após uma queda de 14% em fevereiro. Só no mês passado, o comércio eletrônico nacional registrou 1,68 bilhão de visitas, somando 20,60 bilhões no último ano. Os dados são do relatório “Setores do E-commerce”, da Conversion, agência de Search Engine Optimization (SEO), divulgado nesta quarta-feira (13).

No ranking dos 30 maiores sites do Brasil houve dança das cadeiras: enquanto Shoptime e Submarino caíram, respectivamente, 10 e 7 posições, indo para as posições 26ª e 27ª da lista, outros players roubaram a cena.

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A Renner (LREN3), do setor de moda & acessórios, subiu 9 posições no ranking geral e chegou ao primeiro lugar na sua categoria, desbancando a Dafiti. No setor de turismo, a 123milhas subiu 8 posições, chegando ao top 10 nacional e liderando sua categoria, tirando Hurb do topo.

A Shein, que vem mostrando um crescimento vertiginoso para o setor de importados nos últimos meses, finalmente chegou ao ranking geral e ocupa, hoje, a 29ª posição, segundo a Convertion.

A lista dos 10 maiores sites, em março:

  1. Mercado Livre
  2. Americanas
  3. Amazon Brasil
  4. Magalu
  5. Shopee
  6. Casas Bahia
  7. AliExpress
  8. Netshoes
  9. Samsung
  10. 123milhas

Todos os setores analisados cresceram no comparativo mensal, exceto o setor de calçados, que sofreu uma retração de 1,26%. Entre os destaques de maior crescimento estão presentes & flores (+22,46%), infantil (+21,24%), turismo (+20,33%), cosméticos (+18,7%) e importados (+14,25%) no top 5.

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Mantendo a tendência de recuperação, o setor de turismo se destacou como o setor que mais cresceu nos últimos 12 meses, protagonizando um cenário otimista pós-pandemia, apontou o relatório da Conversion.

De acordo com o relatório, ainda, os canais preferidos pelos usuários para chegar às lojas são “direto” (quando ele digita o endereço da loja e representa 44,6% dos acessos), busca orgânica do Google (26,7%) e busca paga (18,8%). Tráfego de redes sociais representa 3,2%.

Renner

O crescimento da Renner no ranking da Conversion reflete os investimentos da varejista no comércio eletrônico. No último dia 4 de abril, a companhia concluiu a aquisição de 100% das ações de emissão da Uello Tecnologia S.A., uma logtech nativa digital focada em serviços de entrega expressa ao consumidor final e gestão de processos logísticos para médias e grandes empresas. Por meio de seus serviços de operações e sua plataforma SaaS (software como serviço, na sigla em inglês), a Uello faz a gestão de pedidos, rotas e armazéns.

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Segundo comunicado da Renner, o movimento faz parte do desenvolvimento da sua plataforma logística, com base em três pilares que irão transformar a entrega omnicanal em uma jornada mais rápida e sem atrito: 1) estoques próximos aos consumidores; 2) operação fulfillment eficiente; e 3) referência em transporte last mile. A plataforma também vai contemplar a prestação de serviços para os sellers parceiros da Lojas Renner e todo o seu ecossistema.

A logística é um fator importante para a tomada de decisão dos consumidores e desempenha um papel fundamental na consolidação e alavancagem do nosso ecossistema de moda e lifestyle”, disse o diretor presidente da Lojas Renner, Fabio Faccio, em nota.

A aquisição da Uello vai contribuir para a evolução da nossa plataforma logística, com especial impacto no last mile. Vamos oferecer maior velocidade, mais eficiência e produtividade, custos menores e maior geração de valor aos nossos clientes, parceiros e acionistas”, acrescentou o executivo.

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Em 2021, a varejista lucrou R$ 633,1 milhões, queda de 42,2% em relação ao ano anterior (R$ 1 bilhão), com destaque para a operação digital do grupo, que teve um crescimento de 50%.

Shein

a Shein inaugurou, no mês passado, sua primeira pop-up store da Shein no Brasil, no shopping Village Mall, no Rio de Janeiro. A gigante chinesa de fast fashion é hoje uma das maiores empresas de varejo e e-commerce de moda do mundo, enviando mercadorias para mais de 150 países.

“Assim como outras empresas asiáticas (Shopee e Aliexpress), a Shein focou na operação cross-border (focada apenas em importação de produtos) como a estratégia de entrada no país. Frente ao forte sucesso que ela tem tido no país, sendo o aplicativo de moda mais baixado no Brasil em 2021, a companhia está montando uma estrutura local, com escritório, time e um Centro de Distribuição, a fim de melhor atender o público brasileiro. Esse movimento está em linha com o que temos visto de outros players asiáticos”, comentou um recente relatório divulgado pela XP, em fevereiro.

Assinado por Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, o relatório traça um panorama que a companhia chinesa deve enfrentar no Brasil. “O principal desafio dessas plataformas asiáticas é o prazo de entrega, que pode levar até 30 dias, enquanto vemos a dificuldade de logística reversa e falta da experiência multicanal como pontos relevantes para uma plataforma de moda ser bem sucedida. Além disso, existem discussões sobre aumentar a fiscalização e tributação dos produtos importados por essas plataformas a fim de melhorar a competitividade de produtos brasileiros”, escreveram.

Na avaliação dos analistas, a chegada da Shein ao Brasil é um movimento negativo para as varejistas brasileiras focadas em média/baixa renda uma vez que deve aumentar o ambiente competitivo do setor. “Vemos como os principais atrativos da Shein: i) a velocidade e atualidade dos itens de moda; ii) seu vasto sortimento e iii) posicionamento de preço bastante competitivo. Ainda vemos o prazo de entrega, falta de multicanalidade e o processo de logística reversa como obstáculos para a escala do marketplace, mas é importante monitorar os próximos passos da companhia uma vez que a estrutura local (seja com mais CDs, possíveis lojas/pop-ups e/ou fornecimento local) pode endereçar esses pontos”, citou o relatório.

123milhas

A companhia mineira 123milhas tem se beneficiado do movimento de retomada das atividades turísticas desde o fim das restrições à mobilidade e a reabertura das fronteiras no segundo semestre do ano passado. A empresa é hoje a maior agência online de venda de passagem aérea do país. Mesmo com o momento positivo, a empresa evita revelar dados ao mercado sobre sua estratégia, dizendo que vive uma “reestruturação interna e gerencial”.

Uma fonte próxima à 123milhas, que pediu para falar sob condição de anonimato, pois as informações não são públicas, disse à Bloomberg Línea que a venda de passagens aéreas emitidas por milhas de terceiros contraria os regulamentos dos programas de milhagem das companhias aéreas e que a empresa de Belo Horizonte já chegou a se articular para aprovar no Congresso um projeto que regulamenta a sua principal atividade.

São dois projetos de lei que tratam da regulamentação do uso das milhas: o PL 4015/2012, sobre a prescrição dos pontos acumulados pelos consumidores nos programas de fidelidade, que está sendo apreciado no Senado Federal sob o número 124/2015, e o PLS 4269/2019, que aborda a proteção do consumidor nos programas de fidelidade.

Um dos concorrentes da 123milhas é a Maxmilhas, também sediada na capital mineira, que começou a investir também na oferta de pacotes personalizados de viagem em sua plataforma, a fim de aproveitar a retomada dos planos de viagens dos brasileiros.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.