São Paulo — O e-commerce brasileiro cresceu 11,3% em março, após uma queda de 14% em fevereiro. Só no mês passado, o comércio eletrônico nacional registrou 1,68 bilhão de visitas, somando 20,60 bilhões no último ano. Os dados são do relatório “Setores do E-commerce”, da Conversion, agência de Search Engine Optimization (SEO), divulgado nesta quarta-feira (13).
No ranking dos 30 maiores sites do Brasil houve dança das cadeiras: enquanto Shoptime e Submarino caíram, respectivamente, 10 e 7 posições, indo para as posições 26ª e 27ª da lista, outros players roubaram a cena.
A Renner (LREN3), do setor de moda & acessórios, subiu 9 posições no ranking geral e chegou ao primeiro lugar na sua categoria, desbancando a Dafiti. No setor de turismo, a 123milhas subiu 8 posições, chegando ao top 10 nacional e liderando sua categoria, tirando Hurb do topo.
A Shein, que vem mostrando um crescimento vertiginoso para o setor de importados nos últimos meses, finalmente chegou ao ranking geral e ocupa, hoje, a 29ª posição, segundo a Convertion.
A lista dos 10 maiores sites, em março:
- Mercado Livre
- Americanas
- Amazon Brasil
- Magalu
- Shopee
- Casas Bahia
- AliExpress
- Netshoes
- Samsung
- 123milhas
Todos os setores analisados cresceram no comparativo mensal, exceto o setor de calçados, que sofreu uma retração de 1,26%. Entre os destaques de maior crescimento estão presentes & flores (+22,46%), infantil (+21,24%), turismo (+20,33%), cosméticos (+18,7%) e importados (+14,25%) no top 5.
Mantendo a tendência de recuperação, o setor de turismo se destacou como o setor que mais cresceu nos últimos 12 meses, protagonizando um cenário otimista pós-pandemia, apontou o relatório da Conversion.
De acordo com o relatório, ainda, os canais preferidos pelos usuários para chegar às lojas são “direto” (quando ele digita o endereço da loja e representa 44,6% dos acessos), busca orgânica do Google (26,7%) e busca paga (18,8%). Tráfego de redes sociais representa 3,2%.
Renner
O crescimento da Renner no ranking da Conversion reflete os investimentos da varejista no comércio eletrônico. No último dia 4 de abril, a companhia concluiu a aquisição de 100% das ações de emissão da Uello Tecnologia S.A., uma logtech nativa digital focada em serviços de entrega expressa ao consumidor final e gestão de processos logísticos para médias e grandes empresas. Por meio de seus serviços de operações e sua plataforma SaaS (software como serviço, na sigla em inglês), a Uello faz a gestão de pedidos, rotas e armazéns.
Segundo comunicado da Renner, o movimento faz parte do desenvolvimento da sua plataforma logística, com base em três pilares que irão transformar a entrega omnicanal em uma jornada mais rápida e sem atrito: 1) estoques próximos aos consumidores; 2) operação fulfillment eficiente; e 3) referência em transporte last mile. A plataforma também vai contemplar a prestação de serviços para os sellers parceiros da Lojas Renner e todo o seu ecossistema.
“A logística é um fator importante para a tomada de decisão dos consumidores e desempenha um papel fundamental na consolidação e alavancagem do nosso ecossistema de moda e lifestyle”, disse o diretor presidente da Lojas Renner, Fabio Faccio, em nota.
“A aquisição da Uello vai contribuir para a evolução da nossa plataforma logística, com especial impacto no last mile. Vamos oferecer maior velocidade, mais eficiência e produtividade, custos menores e maior geração de valor aos nossos clientes, parceiros e acionistas”, acrescentou o executivo.
Em 2021, a varejista lucrou R$ 633,1 milhões, queda de 42,2% em relação ao ano anterior (R$ 1 bilhão), com destaque para a operação digital do grupo, que teve um crescimento de 50%.
Shein
Já a Shein inaugurou, no mês passado, sua primeira pop-up store da Shein no Brasil, no shopping Village Mall, no Rio de Janeiro. A gigante chinesa de fast fashion é hoje uma das maiores empresas de varejo e e-commerce de moda do mundo, enviando mercadorias para mais de 150 países.
“Assim como outras empresas asiáticas (Shopee e Aliexpress), a Shein focou na operação cross-border (focada apenas em importação de produtos) como a estratégia de entrada no país. Frente ao forte sucesso que ela tem tido no país, sendo o aplicativo de moda mais baixado no Brasil em 2021, a companhia está montando uma estrutura local, com escritório, time e um Centro de Distribuição, a fim de melhor atender o público brasileiro. Esse movimento está em linha com o que temos visto de outros players asiáticos”, comentou um recente relatório divulgado pela XP, em fevereiro.
Assinado por Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, o relatório traça um panorama que a companhia chinesa deve enfrentar no Brasil. “O principal desafio dessas plataformas asiáticas é o prazo de entrega, que pode levar até 30 dias, enquanto vemos a dificuldade de logística reversa e falta da experiência multicanal como pontos relevantes para uma plataforma de moda ser bem sucedida. Além disso, existem discussões sobre aumentar a fiscalização e tributação dos produtos importados por essas plataformas a fim de melhorar a competitividade de produtos brasileiros”, escreveram.
Na avaliação dos analistas, a chegada da Shein ao Brasil é um movimento negativo para as varejistas brasileiras focadas em média/baixa renda uma vez que deve aumentar o ambiente competitivo do setor. “Vemos como os principais atrativos da Shein: i) a velocidade e atualidade dos itens de moda; ii) seu vasto sortimento e iii) posicionamento de preço bastante competitivo. Ainda vemos o prazo de entrega, falta de multicanalidade e o processo de logística reversa como obstáculos para a escala do marketplace, mas é importante monitorar os próximos passos da companhia uma vez que a estrutura local (seja com mais CDs, possíveis lojas/pop-ups e/ou fornecimento local) pode endereçar esses pontos”, citou o relatório.
123milhas
A companhia mineira 123milhas tem se beneficiado do movimento de retomada das atividades turísticas desde o fim das restrições à mobilidade e a reabertura das fronteiras no segundo semestre do ano passado. A empresa é hoje a maior agência online de venda de passagem aérea do país. Mesmo com o momento positivo, a empresa evita revelar dados ao mercado sobre sua estratégia, dizendo que vive uma “reestruturação interna e gerencial”.
Uma fonte próxima à 123milhas, que pediu para falar sob condição de anonimato, pois as informações não são públicas, disse à Bloomberg Línea que a venda de passagens aéreas emitidas por milhas de terceiros contraria os regulamentos dos programas de milhagem das companhias aéreas e que a empresa de Belo Horizonte já chegou a se articular para aprovar no Congresso um projeto que regulamenta a sua principal atividade.
São dois projetos de lei que tratam da regulamentação do uso das milhas: o PL 4015/2012, sobre a prescrição dos pontos acumulados pelos consumidores nos programas de fidelidade, que está sendo apreciado no Senado Federal sob o número 124/2015, e o PLS 4269/2019, que aborda a proteção do consumidor nos programas de fidelidade.
Um dos concorrentes da 123milhas é a Maxmilhas, também sediada na capital mineira, que começou a investir também na oferta de pacotes personalizados de viagem em sua plataforma, a fim de aproveitar a retomada dos planos de viagens dos brasileiros.
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