Bloomberg Línea — Nome com recall tradicional na área de seguros e consórcios entre os consumidores brasileiros, a Porto Seguro (PSSA3) lançou uma fintech que vai oferecer contas digitais e serviços financeiros para concorrer num mercado onde já existem mais contas digitais do que gente (estima-se que existam 250 milhões de contas deste tipo para uma população de 213 milhões de pessoas, segundo o IBGE).
O Porto Seguro Bank, nome do braço de serviços financeiros da holding, chega ao mercado acreditando que vai convencer uma parte da população economicamente ativa – que muitas vezes têm uma conta corrente em um banco tradicional, mais uma ou duas contas digitais em fintechs – por causa da sua posição em alguns segmentos do mercado.
Além de seguros, a holding é líder em garantia de fiança para locação de imóveis (300 mil clientes), a segunda maior vendedora de consórcios de imóveis e o 8º maior emissor de cartão de créditos do país (2,7 milhões de clientes).
“A recorrência de certos pagamentos é o que vai tornar a nossa conta digital atraente e a saída para a rentabilização destas contas estará na combinação desta conta com outros serviços. E nós temos a reputação de uma empresa tradicional”, disse Marcos Loução, presidente da Porto Seguro Bank, em uma conversa com a Bloomberg Línea nesta quarta (13).
POR QUE ISSO É IMPORTANTE: Na terça, a holding Porto Seguro anunciou que passou a se chamar apenas Porto. Já a fintech ficou com o nome completo, Porto Seguro Bank, por causa do reconhecimento da marca.
O lançamento da vertical financeira já põe a instituição entre as 15 maiores do país, com 3,5 milhões de clientes e uma carteira de crédito de R$ 13 bilhões (lucro de R$ 435 milhões em 2021). O negócio nasceu por causa do potencial de cross selling a ser aproveitado na base de segurados, segundo Loução.
A fintech oferecerá em seu app venda das demais verticais da Porto, como seguros e serviços para casa e automóveis, potencializando o cross selling da companhia, ainda é baixo entre as verticais já existentes, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg Línea.
CONTEXTO: Pela estratégia da companhia, conta digital e cartão de crédito são apenas produtos de entrada e a rentabilidade mesmo viria de outros produtos do grupo, distribuídos pela fintech.
Tecnicamente, o Porto Seguro Bank não é um banco, segundo a regulação do Banco Central, mas uma instituição de pagamento (IP), uma pessoa jurídica que viabiliza serviços de compra e venda e de movimentação de recursos. Loução olha para a expansão.
“No ecossistema de moradia, por exemplo, onde somos os primeiros em garantia de fiança para locação de imóveis, pode haver no futuro, por exemplo, um produto financeiro como a antecipação dos 12 meses de aluguel para o proprietário do imóvel. Isso é um produto que pode ser criado”, exemplificou o executivo.
Ele comparou a estratégia da fintech com sinergia aos produtos da holding com a aquisição de 50% da ConnectCar, em junho do ano passado.
“Quando a gente adquiriu metade a ConnectCar foi um um negócio que aproxima clientes com carro do nosso ecossistema. Por mais que sejamos líderes em seguros de automóveis, tem muitas pessoas que não fazem seguro do carro e tem muitas que não fazem seguro com a Porto. A gente entende que ali tem uma robustez e fez sentido dentro da estratégia”, comparou.
Segundo ele, a sinergias podem estar em áreas da Porto sem associação a produtos financeiros, como o Reppara (assinatura mensal para consertos domésticos) e a rede de 300 lojas e centros automotivos que o grupo tem espalhadas pelo país.
“Hoje a gente não faz nenhuma associação a produtos financeiros [com o Reppara e o Reppara Auto] e, se a gente for olhar o quanto transaciona, é muito importante”.