Barcelona, Espanha — Os mercados de renda variável entram com sinais de queda em uma semana que será mais curta, ainda que agitada. O tom de baixa principiou nas bolsas asiáticas e avançou sobre os futuros de índices nos Estados Unidos e as bolsas na Europa, com os riscos políticos e econômicos pesando sobre o humor dos investidores.
O sentimento do mercado continua a ser moldado por um Fed mais agressivo no tocante ao custo do dinheiro, perturbações no mercado de commodities causadas pela invasão russa da Ucrânia e a perspectiva de uma desaceleração econômica.
Os futuros dos EUA declinavam, apontando os desafios para as ações globais depois que o Federal Reserve sinalizou na semana passada aumentos acentuados das taxas de juros e redução de seu balanço para conter as pressões sobre os preços. O Stoxx 600 da Europa caía, com as ações de tecnologia liderando quedas.
O petróleo recuava, uma reação aos riscos da demanda provocados pelos lockdowns da China. Ao mesmo tempo, refletiam as afirmações de lideranças do Irã de que o acordo nuclear de 2015 se encontra na “sala de emergência”.
Os investidores pedem prêmios mais altos para carregar os títulos soberanos, o que pressiona o valor nominal dos bônus. O rendimento real de 10 anos, em sua maioria negativo desde 2019, está próximo de ser positivo.
🐦 Musk declina
As ações do Twitter caíam depois que Elon Musk surpreendentemente recusou uma oferta para se juntar à sua diretoria. A reversão abrupta acende novas especulações sobre as intenções de Musk para o Twitter desde que ele revelou ter adquirido uma participação de pouco mais de 9%.
📉 Sentimento do consumidor
Na agenda macroeconômica, há indicadores chave para compreender como vêm se comportando as economias diante do cenário de guerra e disrupção dos preços das commodities. Amanhã saem os indicadores ZEW da Alemanha e da Zona do Euro, um termômetro do que vem pela frente em matéria de consumo.
💸 Inflação, juros
A inflação também estrela na semana. Indicadores de Preços ao Consumidor (IPC) de vários países serão divulgados, com destaque para o dos EUA e da Alemanha, amanhã. Na quinta-feira tem encontro do Banco Central Europeu (BCE), na qual deveria corroborar que seu programa de compra de títulos termina em junho e dar algum indicativo sobre o caminho das taxas de juros, hoje negativa em 0,5%. Economistas se perguntam se o BCE poderia adotar uma ação mais agressiva para conter a disparada inflacionária.
📊 Nova temporada
E nessa semana abreviada pelo feriado da Páscoa, na sexta, também tem nova safra de balanços. O impacto da guerra sobre os preços das commodities, as cadeias de abastecimento e o sentimento dos consumidores já devem se fazer sentir em alguns balanços. Entre as demonstrações financeiras estão as do Citigroup, JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Taiwan Semiconductor Manufacturing e Wells Fargo.
🇫🇷 Margem apertada
No fim de semana, uma notícia importante que se produziu no continente europeu foram as eleições presidenciais na França. Emmanuel Macron e Marine Le Pen se enfrentarão no segundo turno em 24 de abril. Com visões antagônicas, o atual presidente francês, de centro, e a candidata de extrema-direita ficaram com uma diferença bastante justa, de apenas quatro pontos. O CAC 40, indicador acionário da bolsa parisiense, subia 0,57% esta manhã (9h13 de Brasília), em contraste com as demais bolsas europeias.
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🟢 As bolsas na sexta: Dow (+0,40%), S&P 500 (-0,27%), Nasdaq (-1,34%), Stoxx 600 (+1,31%), Ibovespa (-0,45%)
A política monetária do Fed e o comportamento do mercado de títulos nos EUA foram os grandes motes da semana passada. No período, o S&P 500 caiu 1,27%, enquanto o Nasdaq Composite baixou 3,86% e o Dow Jones perdeu só 0,28% na semana. O petróleo recuou pela segunda semana consecutiva, perdendo a maior parte da valorização impulsionada pela guerra na Ucrânia, depois que os EUA e seus aliados anunciaram planos para liberar uma onda barris de petróleo de suas reservas estratégica, numa tentativa de aliviar o aumento dos custos de combustível.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Europa: França (Domingo: Eleições Presidenciais - 1º turno); Reino Unido (PIB; Produção do Setor de Construção/Fev; Produção Industrial/Fev; Balança Comercial/Fev; Vendas no Varejo do BRC/Mar)
• Ásia: China (Domingo: IPC/Mar); Japão (Empréstimo Bancário/Mar; Índice de Preços de Bens Corporativos CGPI/Mar)
• América Latina: Brasil (Boletim Focus do BC); México (Produção Industrial/Fev)
• Bancos centrais: Discursos de Raphael Bostic e Charles Evans (Fed); Elizabeth McCaul (BCE)
📌 E para amanhã:
• EUA: IPC/Mar; Otimismo entre Pequenas Empresas NFIB/Mar; Rendimento Real/Mar; Índice Redbook; Índice IBD/TIPP de Otimismo Econômico; Perspectiva Energética de Curto Prazo da EIA; Balanço Orçamentário Federal/Mar
• Europa: Zona do Euro (Percepção Econômica ZEW/Abr; Dados de empréstimos bancários do BCE); Alemanha (Percepção Econômica ZEW/Abr; IPC/Mar; Índice de Preços por Atacado/Mar; Saldo das Transações Correntes/Fev); Reino Unido (Taxa de Desemprego/Fev; Vendas no Varejo do BRC/Mar); França Transações Correntes/Fev; Balança Comercial/Fev); Portugal (IPC/Mar)
• Ásia: Japão (Massa Monetária - Agregado M3/Mar)
• América Latina: Brasil (Crescimento do Setor de Serviços/Fev)
• Bancos centrais: Discurso de Lael Brainard (FOMC/Fed). Decisão sobre juros da Nova Zelândia
-- Com informações de Bloomberg News