BRF: Sob Molina, novo conselho fará ajustes lentos e graduais na empresa

Novo conselho não quer assustar mercado com mudanças bruscas na diretoria, como fez Abilio Diniz à sua época

Novo presidente do conselho da BRF quer fazer ajustes lentos e pontuais na estrutura administrativa da empresa
11 de Abril, 2022 | 06:46 PM

Bloomberg Línea — Quase uma semana após a renúncia de Carlos Alberto de Moura e Sidney Manzaro dos cargos de vice-presidente financeiro e de relações com investidores e de vice-presidente Brasil, respectivamente, pouco se ouviu falar em novas mudanças na estrutura corporativa da BRF (BRFS3). E a tendência é que continue assim. Uma fonte próxima da nova gestão da empresa disse que a pretensão de Marcos Molina, novo presidente do conselho de administração da BRF, é fazer uma transição lenta e gradual para não assustar o mercado.

A Ideia é que outras peças da diretoria executiva da BRF sejam trocadas, ao longo do tempo, mas que as mudanças passem quase que despercebidas pelo mercado. A primeira reunião entre a diretoria e os novos membros do conselho ocorreu de forma tranquila, segundo a fonte, e novas trocas não estão previstas em um primeiro momento.

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A própria saída de Moura da liderança financeira e de relações com investidores não estava nos planos do novo conselho. A expectativa era que o executivo ficasse um pouco mais de tempo e pudesse passar o bastão para algum nome mais próximo de Molina e Sérgio Rial, novo vice-presidente do conselho. Quem fica em seu lugar é Fabio Mariano, que atuava como diretor financeiro da América Latina da BRF. Carlos Alberto de Moura está a caminho da Raízen (RAIZ4) para ocupar, a partir de 1º de junho, o posto deixado Guilherme José de Vasconcelos Cerqueira como CFO e diretor de relações com investidores.

Como era esperado, o primeiro trimestre do ano não deve trazer resultados muito positivos para a BRF. O setor de aves e suínos ainda vive um momento delicado com a demanda da China com tendência de queda e os custos de produção ainda elevados. Adiciona-se a esse contexto a queda do dólar, que para empresas exportadoras como a BRF significa menos reais no caixa da companhia.

A substituição de Manzaro era até certo ponto esperada. O próprio executivo já ter manifestado interesse anterior em buscar projetos pessoais e fica na empresa até 1° de julho. Egresso da Sadia, viveu a compra de sua empresa pela concorrente Perdigão e o nascimento da BRF, onde ficou até 2015. Estava na Grano Alimentos, quando foi convidado por Pedro Parente e Lorival Luz para retornar à empresa em 2019, onde ficou até a semana passada. No lugar de Manzaro entra Manoel Martins, que trabalhou na BRF de 2007 a 2015, quando deixou a empresa sob a gestão de Abílio Diniz e Tarpon, mudando para a concorrente JBS (JBSS3), para a unidade de massas da Seara. Ele voltou para a BRF em 2018 como diretor comercial das operações do Brasil e agora assume a operação brasileira.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.