Semana começa com sell-off na renda fixa; ações e futuros de NY recuam

Rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA subiu para 2,72%, o maior desde 2019, e os da Austrália passaram 3%, pela primeira vez desde vez desde 2015

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Bloomberg — O mercado de títulos estendeu o sell-off nesta segunda na Ásia, enquanto as ações oscilaram em meio a preocupações com a inflação e o aperto monetário. A liderança de Emmanuel Macron no primeiro turno da eleição presidencial francesa impulsionou o euro.

As ações caíram no Japão e subiram na Coreia do Sul e na Austrália. Já os futuros de ações dos EUA caíram apontando para mais desafios para as ações globais depois que o Federal Reserve sinalizou aumentos acentuados das taxas de juros e redução do balanço patrimonial para combater as pressões de preços.

Os rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos (GT10) subiu para 2,72%, o maior desde 2019. Os rendimentos reais estão se aproximando de se tornarem positivos, um desenvolvimento que pode ser um impedimento para o avanço dos ativos de risco. Um indicador do dólar está pairando em níveis vistos pela última vez em 2020. O rendimento dos títulos de 10 anos da Austrália atingiu 3% pela primeira vez desde 2015.

O euro subiu até 0,7% em relação ao dólar antes de reduzir o ganho. Isso sugere algum alívio com a eleição francesa, mas cautela contínua e pode se infiltrar nos mercados europeus mais tarde. Os investidores têm se preocupado com as implicações de uma vitória da rival nacionalista de Macron, Marine Le Pen, no meio da guerra na Ucrânia, devido à sua simpatia de longa data pela Rússia. A questão agora é se Macron pode consolidar sua vantagem sobre Le Pen na rodada final.

A diferença nos rendimentos de referência da França e da Alemanha - uma medida de risco do mercado de títulos - aumentou ao máximo desde março de 2020 devido a preocupações de que Le Pen, com simpatias de longa data pela Rússia, possa assumir o poder no meio da guerra na Ucrânia.

A postura mais agressiva do Fed e as pressões inflacionárias no mercado de commodities causadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia estão moldando o sentimento dos investidores. Um surto de covid e novos lockdowns na China ameaçam exacerbar os problemas da cadeia de suprimentos, aumentando ainda mais os custos.

“Hoje, o mantra para muitos investidores é ‘Não lute contra o Fed quando ele está combatendo a inflação’”, escreveu Ed Yardeni, presidente da Yardeni Research, em nota. “Concordamos com isso, mas não é tão pessimista quanto parece”, em parte porque o excesso de liquidez acumulado e um aumento da inflação nos lucros são suportes para as ações, acrescentou.

A presidente do Federal Reserve Bank de Cleveland, Loretta Mester, disse estar confiante de que os EUA evitarão uma recessão à medida que o Fed apertar a política monetária, embora a taxa de inflação provavelmente permaneça em mais de 2% no próximo ano.

No mais recente desenvolvimento da guerra, a Rússia nomeou um novo comandante para suas operações na Ucrânia. Moscou está reorientando seu esforço de guerra no leste, tendo falhado em garantir território ao redor da capital, Kiev.

A Rússia disse que interromperá os leilões de títulos pelo restante de 2022 devido a custos proibitivos de empréstimos. O primeiro default externo do país em um século agora parece quase inevitável depois que a Rússia foi sancionada e isolada por causa do conflito.

Eventos para acompanhar esta semana:

  • Resultados corporativos: A temporada começa incluindo relatórios do Citigroup (C), JPMorgan Chase (JPM), Goldman Sachs (GS), Morgan Stanley (MS), Taiwan Semiconductor Manufacturing, Wells Fargo (WFC);
  • China: CPI, PPI, na segunda-feira;
  • O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, deve falar na segunda-feira;
  • Ministros das Relações Exteriores da UE se reúnem, mais medidas contra Rússia na agenda, segunda-feira;
  • Relatório mensal do mercado de petróleo da OPEP, terça-feira;
  • A governadora do Fed, Lael Brainard, e o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, devem falar na terça-feira;
  • Decisão da taxa do Banco do Canadá, terça-feira;
  • Relatório de estoque de petróleo bruto da EIA, quarta-feira;
  • Decisão da taxa do Reserve Bank of New Zealand, quarta-feira;
  • China: Comércio, linhas de crédito de médio prazo, quarta-feira;
  • Decisão da taxa do BCE, quinta-feira;
  • Decisão política monetária do Banco da Coreia, quinta-feira;
  • EUA: vendas no varejo, pedidos iniciais de seguro-desemprego, estoques de negócios, sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, quinta-feira;
  • A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, e o presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, devem falar na quinta-feira;
  • EUA: mercados de ações e títulos fechados para a Sexta-feira Santa.

Alguns dos principais movimentos nos mercados:

Ações

  • Os futuros de S&P 500 (ESA) recuavam 0,2% às 9h40 em Tóquio (21h40 em Brasília). Na sexta, o S&P 500 (SPX) caiu 0,3%;
  • Os futuros do Nasdaq 100 (NQA) tinham baixa de 0,3%. O Nasdaq 100 (NDX) caiu 1,4%;
  • O índice Topix (TOPIX), de Tóquio, caía 0,4%;
  • O índice Kospi (KOSPI), de Seul, subia 0,1%;
  • O índice S&P/ASX 200 da Austrália (AS51) subia 0,5%;
  • Os futuros do Hang Seng (HSI) caíam 0,2%;

Moedas

  • O iene japonês (JPY) operava a 124,33 por dólar;
  • O yuan offshore (CNH) operava a 6,3707 por dólar;
  • O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) operava estável;
  • O euro (EUR) subia 0,3% para US$ 1,0885;

Renda fixa

  • O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos subia dois pontos base para 2,72% na sexta;
  • O rendimento de 10 anos da Austrália subia quatro pontos base para 3,0%;

Commodities

  • O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) era negociado a U$ 96,92 o barril, com baixa de 1,4%;
  • O ouro era negociado a US$ 1.945,21 a onça.

(atualizado às 21h45 com cotações mais recentes)

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