Tributação global: Secretária do Tesouro dos EUA busca apoio entre CEOs

Executivos disseram à Bloomberg que ainda há muitos aspectos desconhecidos sobre o acordo, cujos detalhes ainda estão sendo negociados

Líderes corporativos concordam que as regras tributárias internacionais precisam de reforma
Por Christopher Condon
08 de Abril, 2022 | 12:15 PM

Bloomberg — A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, está contando com apoio das empresas do país para conseguir aprovação no Congresso de um acordo tributário global - um passo crucial para seu sucesso mundial.

O problema é que as grandes empresas não estão nem perto de apoiar o plano.

PUBLICIDADE

Executivos de oito grandes corporações multinacionais com sede nos EUA entrevistados pela Bloomberg disseram que ainda há muitos aspectos desconhecidos sobre o acordo, cujas letras miúdas ainda estão sendo negociadas.

Os líderes corporativos concordam que as regras tributárias internacionais precisam de reforma e que o acordo global inovador que Yellen conseguiu negociar no ano passado pode trazer benefícios importantes para eles, ajudando a reduzir disputas e prevenir guerras comerciais.

Mas eles também chamaram o plano de excessivamente complexo e expressaram pouca confiança de que seria implementado de forma justa e uniforme em todo o mundo.

PUBLICIDADE

Os executivos representam empresas que atuam em mais de oito setores com uma receita anual total de US$ 600 bilhões - cada uma provavelmente excedendo os limites das novas regras tributárias globais propostas. Eles falaram sob condição de anonimato para oferecer comentários francos sobre o acordo.

A maioria dos executivos disse que alguma versão do acordo pode eventualmente ser finalizada, mas não em seu ambicioso cronograma atual, que visa a implementação até o final de 2023. Alguns dizem que pode ser que nunca chegue a decolar.

Muitos republicanos se opõem ao acordo, e as eleições de novembro podem dar a eles o controle de uma ou ambas as câmaras do Congresso, aumentando a urgência de Yellen.

PUBLICIDADE

Em uma entrevista em fevereiro, ela manteve sua opinião de que um número suficiente de republicanos acabará apoiando o acordo porque as empresas americanas vão pedir.

Mas as entrevistas com executivos de empresas americanas indicam que esse apoio está longe de ser garantido.

“Acho que há uma vontade de alcançar à linha de chegada”, disse Alexandra Minkovich, sócia no escritório de advocacia Baker McKenzie, cujos comentários ecoaram os de muitos executivos. “Mas o simples fato de ser um processo político significa que o resultado final não pode ser garantido.”

PUBLICIDADE

Dois altos funcionários do Tesouro, também falando sob condição de anonimato, disseram que estão cientes de que as empresas ainda não têm as informações necessárias para fazer um julgamento final sobre o apoio ao acordo.

Ainda assim, eles continuam confiantes de que, uma vez que os detalhes do acordo sejam resolvidos e tornados públicos, as corporações preferirão esse resultado a um mundo sem acordo e uma deterioração contínua do cenário tributário global.

Enquanto isso, o Tesouro continua solicitando feedback de empresas à medida que trabalha para resolver todos os problemas em aberto do acordo, disseram as autoridades.

Taxa global: taxa mínima de 15% é um dos pontos nas conversas com a OCDE

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Rodadas da semana: as 4 startups da América Latina que captaram investimentos