Rússia dribla sanções para vender energia e sustentar economia

Com mais sanções impostas e a caminho, país ainda encontra alternativas para sustentar economia

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Bloomberg — Enquanto a Europa se prepara para se unir aos Estados Unidos para atacar o Kremlin com sanções mais rígidas por sua guerra contra a Ucrânia, há muitos sinais de que a Rússia está encontrando maneiras de sustentar sua economia.

As remessas de Sokol – o tipo de petróleo produzido no extremo leste russo – estão todas vendidas para o próximo mês, e várias empresas chinesas usaram moeda local para comprar carvão russo em março. O fluxo de gás russo para a Europa aumentou desde a invasão em 24 de fevereiro. Nenhuma destas vendas está sujeita a restrições.

A Bloomberg Economics espera que a Rússia ganhe cerca de US$ 320 bilhões com exportações de energia este ano, um aumento de mais de um terço em relação a 2021. O rublo já se recuperou para seu preço pré-guerra em relação ao dólar.

Embora a produção de petróleo da Rússia esteja em queda, a capacidade do país de manter a receita proveniente de energia fluindo e a recuperação da moeda estão frustrando os líderes ocidentais.

Essa resistência também é uma vitória para o presidente Vladimir Putin, mesmo com o país cada vez mais isolado e os militares russos se retirando de partes da Ucrânia.

As advertências dos EUA à Índia nesta semana contra o alinhamento muito próximo com Moscou mostram que Washington tem consciência das limitações das sanções em um mundo que depende tanto do petróleo, gás e outras commodities russas.

“Não há dúvida de que as sanções financeiras e em outros setores enfraqueceram a economia russa”, Patrick Honohan, membro sênior do Peterson Institute em Washington e ex-membro do Banco Central Europeu, escreveu em blog na quarta-feira (6). “Mas as sanções não chegam a paralisar a economia, contanto que não se interrompa o fluxo de receitas de exportações.”

Embaixadores da União Europeia se reunirão em Bruxelas para discutir uma quinta rodada de sanções, com propostas para eliminar gradualmente o carvão russo como o primeiro passo para lidar com as importações de energia.

A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, também pretende proibir a entrada da maioria dos caminhões e navios russos no bloco, com exceção de produtos agrícolas, ajuda humanitária e energia.

As medidas estão sendo coordenadas com os EUA e o G7, com um novo impulso para aumentar as penas contra Putin após a descoberta de atrocidades cometidas contra civis em cidades ucranianas que foram libertadas do controle russo.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse que a nova rodada de sanções parecia “espetacular”, mas que não era suficiente. “Dificilmente pode ser considerado proporcional ao mal que o mundo viu em Bucha”, disse ele.

Com a Rússia se preparando para uma nova ofensiva no leste da Ucrânia, a China está prestes a receber os primeiros carregamentos de commodities de Moscou pagos em yuan desde que vários bancos russos foram cortados do sistema financeiro internacional.

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