Bloomberg Línea Ideias — Você já deve ter percebido que estamos vivendo um momento único na história. Mais do que só vender um produto, estamos muito mais preocupados com as formas de agregar valor, criar comunidades engajadas e fortalecer conexões valiosas entre consumidores e marcas. Percebe que elevamos o patamar das discussões e isso tende a evoluir cada vez mais quando voltamos o nosso olhar para o comportamento que está movendo a cultura de uma forma cada vez mais veloz? É interessante observar como essa junção de fatores está abrindo portas para movimentos inovadores e que abrem leques e mais leques de oportunidades.
Isso fica ainda mais evidente quando paramos para observar celebridades, atletas e influenciadores que estão fazendo história ao criar suas próprias marcas de consumo. Só em 2021, nomes como Ryan Reynolds, Drew Barrymore, Sofia Vergara, Kristen Bell, Jennifer Garner e muitos outros se destacaram nesse cenário de empreendedorismo. E entre os fatores primordiais para esse sucesso está uma palavra que eu considero essencial: comunidade.
O que antes parecia estar no futuro, agora representa um presente cada vez mais conectado e focado na experiência de clientes sedentos por qualidade de atendimento, fazer parte de uma comunidade e ter suas necessidades entendidas e atendidas pelas marcas que admiram e consomem
Antes de explorar mais esse conceito, vou abrir um paralelo para trazer um contexto que moldou boa parte do poder que as comunidades ganharam sobre as marcas: a mudança de hábito das pessoas. O mundo mudou e segue em transformação cada vez mais acelerada. Com rotinas completamente transformadas, os consumidores também mudaram e buscam por marcas que atendam às suas necessidades de fato, principalmente depois da pandemia estreitar o laço das pessoas com o e-commerce. O que antes parecia estar no futuro, agora representa um presente cada vez mais conectado e focado na experiência de clientes sedentos por qualidade de atendimento, fazer parte de uma comunidade e ter suas necessidades entendidas e atendidas pelas marcas que admiram e consomem.
Voltando ao conceito de comunidade e seu papel no sucesso das DNVBs criadas por celebridades, atletas e tantos outros talentos que conhecemos, podemos dizer que essas pessoas souberam aproveitar a ligação genuína com seus públicos para criar produtos e/ou serviços capazes de atender o que eles desejam e com a “chancela” de que acreditam nisso. Hoje são vários cases emblemáticos ligados a grandes nomes do mercado que mostraram o potencial da junção entre marcas, creators e celebridades. Você já deve ter me ouvido citar a cantora Rihanna e a Fenty Beauty; Kylie Jenner com a Kylie Cosmetics; Conor McGregor com o ‘Whisky Proper Nº Twelve’, entre outros.
São marcas como essas, que se importam e entendem o valor da atenção do consumidor, que estão à frente do tempo e compreendem o ponto chave na construção do agora. Além disso, como construir sua marca, sem saber dialogar com o consumidor e entender as suas preferências, para entregar uma boa experiência? Segundo uma pesquisa da Octadesk, cerca de 76% das organizações que eles entrevistaram, acreditam entregar uma boa experiência para os seus clientes, mas apenas 49% desses consumidores disseram receber isso. É isso que eu chamo de entender o poder das comunidades e, isso meus caros, esses creators/celebridades sabem muito bem como fazer.
O fato é que o segredo dos negócios do futuro está mais do que escancarado e bem na nossa frente é: para que uma empresa tenha sucesso ela deve, necessariamente, buscar cada vez mais formas de se conectar verdadeiramente com o seu consumidor. E unir o esforço de entender o seu público seja por meio das redes sociais ou comunidades, e somar isso às celebridades, de forma autêntica e criativa, pode agregar ainda mais valor à marca. E, claro que, assim como qualquer outra estratégia, esse propósito de autenticidade não pode ser seguido ou feito apenas “por fazer”.
Em países como México e Brasil, a atenção das pessoas está quase que 80% dentro da internet e dos smartphones, mas as marcas investem pouco mais de 40% no online
Esse futuro está sendo construído nas costas dessa relação, mas também sobre outro fator fundamental e que citei brevemente no início deste artigo: a relação dos consumidores com o digital. Não é de hoje que o e-commerce tem se mostrado um mercado promissor, mas é com o avanço das DNVBs que temos e devemos olhar cada vez mais para o potencial que as marcas digitais podem oferecer nesse ambiente, principalmente na América Latina.
Aproximando esse contexto da nossa realidade/mercado, podemos ver que, em países como México e Brasil, a atenção das pessoas está quase que 80% dentro da internet e dos smartphones e as marcas investem pouco mais de 40% no online. Ou seja, fica claro que as empresas tiram pouco proveito disso. Mas, por que as marcas apostam tão pouco no digital? Provavelmente esse é um problema ligado à dificuldade de criar estratégias claras de marketing digital capazes de atender o que o consumidor espera. Além disso, há ainda o fator cultural de muitas companhias que ainda penam ao não entender a importância de compilar e analisar dados com foco em extrair as respostas necessárias para essas estratégias assertivas.
O fato é que estamos diante de uma oportunidade única! Qualquer empreendedor brasileiro hoje, seja ele de uma empresa recém-lançada ou das mais antigas que hoje atuam no mercado, precisa necessariamente ter em sua estratégia uma forte atuação no e-commerce para continuar crescendo daqui pra frente.
Um dos caminhos que tem se mostrado vencedor é o modelo de negócios altamente complementar, que engloba um ecossistema completo de conteúdo e comércio eletrônico capaz de acelerar marcas nativas digitais próprias e de terceiros. A junção entre creators, comunidades, conteúdo e e-commerce veio para ficar. O grande foco está na evolução do stack de tecnologias proprietárias da empresa e no lançamento de novas DNVBs com celebridades nas categorias de beleza e saúde e bem-estar. Você ainda vai ouvir falar muito sobre isso.
O que quero dizer aqui e para fechar esse artigo é que tudo está interligado. Não podemos falar em futuro das marcas, sem pensar em como estratégias de valor focadas em comunidades podem ser assertivas e genuínas. Ao mesmo tempo que não podemos deixar de enxergar o potencial de grandes nomes, como Gustavo Lima, Anitta, entre outros que já citei aqui, como marcas. Essas celebridades, creators, atletas etc, são canais diretos com o público consumidor. Quem serão as Rihannas, Jessicas Albas e Ryans Reynolds que veremos ganhar mercado aqui no Brasil? Será que veremos marcas preocupadas em encantar esses nomes ou veremos celebridades entendendo seu valor dentro do contexto de negócios sem intermediadores?