SoftBank: Crise pode impactar valuation de startups, mas é ‘questão de ciclo’

Para o executivo, independentemente da crise econômica ou de governo vigente, a estratégia de investimentos do SoftBank no Brasil não mudou

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Bloomberg Línea — Com a crise macroeconômica global de aumento de juros e inflação em alta, o líder do SoftBank no Brasil, Alex Szapiro, disse que isso pode impactar o valuation das startups investidas pelo conglomerado japonês, mas que é “questão de ciclo”.

“Ano passado, tivemos uma situação de liquidez mais favorável do que este ano, mas tudo é ciclo”, disse, em evento do Tech Founders Summit, realizado pelo Itaú BBA nesta quinta-feira (7).

Mesmo assim, para ele, a crise e a guerra na Ucrânia não prejudicarão o ecossistema de capital de risco da América Latina. Pelo contrário, essas questões geopolíticas podem até favorecer o Brasil. “Quando você olha como as regulamentações mudaram na China, o fluxo de capital mundial terá alocação. Mesmo que os fundos que captaram nos últimos anos para capital de risco não levantem mais dinheiro, há cerca de US$ 900 bilhões em estoque, e isso será alocado em todos países do mundo”, disse.

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“Lógico que a questão macroeconômica muda [as coisas], mas a indústria de mercado privado é mais descolada do que mercados públicos. Lógicos que às vezes há um acompanhamento, então você pode ver uma barrigada, mas a gente está com tranquilidade. A coisa é cíclica, pode ter momentos mais rápidos ou mais lentos, mas quando você estica o prazo, ao invés de ser uma montanha russa, geralmente é uma reta ascendente”.

Independentemente do governo vigente, o investidor disse que a visão do SoftBank para investir na América Latina continua igual, com estabilidade. “Há até tendência de vir mais [capital] para a região, é o que vemos nessa questão de apreciação das commodities, parte da razão porque estamos tendo uma situação cambial positiva, com o real apreciando, o que começa a trazer investimentos para o Brasil”.

Com eleições se aproximando no Brasil, para o SoftBank, a presidência do País não altera a estratégia de investimentos. “Estamos pensando em cinco, 10 anos para frente. Entra governo, sai governo e do ponto de vista o apetite que construímos aqui, não há mudança na estratégia”. O SoftBank deve anunciar novos investimentos em startups tanto de early quanto de late-stage em breve.

Szapiro disse que quando o SoftBank chegou à América Latina em 2019 houve muita crítica de que o fundo viria inflacionar os valuations, mas ele argumenta que o SoftBank abriu as portas como um grande fundo de growth no Brasil e México para que outros fundos internacionais - como a Sequoia e o Tiger, por exemplo - investissem em startups de alto crescimento no Brasil.

“Quando voltamos dois anos atrás, a Gympass [investida do SoftBank] viu as academias fechando na pandemia. Então vimos a capacidade do empreendedor de se reinventar com outros segmentos de bem-estar. Temos que olhar com muito cuidado o que é não entregar o planejado. Nesses momentos [de crise] que a gente conhece o empreendedor. Tem aquele que varre a sujeira para debaixo do carpete e aquele que quer trabalhar junto, vemos a diferença entre o missionário e o mercenário. Tem muito mercenário, não é incomum”, afirmou.

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